Ainda durante a madrugada desta terça-feira (14), Crioula, uma das vacas do Sítio Busatto, na localidade de Córrego Massada, em Nova Venécia, no Noroeste do Espírito Santo, entrou em trabalho de parto daquela que seria a terceira cria dela. Só que, assim que o dia amanheceu e o produtor rural Delci Busatto, de 22 anos, foi até o pasto, veio a surpresa: a vaca havia dado cria a uma bezerra com duas cabeças. Apesar da notícia inesperada, o animal acabou morrendo no início da noite da mesma data, por volta das 18h.
Assim que chegou próximo do local, o jovem se assusto porque pensou se tratar de gêmeos, mas ao ver as duas cabeças se mexendo em um só corpo, ele percebeu que se tratava de algo muito incomum.
"Aqui na nossa propriedade nós já tivemos vaca que deu cria a dois bezerros, mas isso aí eu nunca vi, nem escutado falar. Meu avô tem 83 anos e também nunca viu nada parecido. Eu achei que fossem gêmeos, só que vi as duas cabecinhas e depois que percebi o que era. Mas foi impressionante, pois é um corpinho só, e quando chega na região da giba do animal, tem outro pescoço e outra cabeça. Parece que não houve a separação na gestação", contou o pecuarista.
Nascimentos de animais com má formação não chegam a ser incomuns, mas o que foi presenciado na propriedade no interior do município de fato é. Quem atesta é o médico veterinário, mestre em ciência animal e coordenador do curso no Centro Universitário do Espírito Santo (Unesc) de Colatina, Luiz Alexandre Moscon.
"Um caso como este podemos classificar como extremamente raro. São poucas situações do tipo relatadas e registradas, é muito raro nascer com esta formação. Na Veterinária é o que chamamos de diprosopia, que apresenta-se como uma anomalia congênita em que a região encefálica (crânio) e as estruturas faciais se apresentam em duplicidade (duas cabeças)", detalha o mestre na área.
O caso de Nova Venécia é ainda mais difícil de ocorrer porque a gestação foi oriunda por métodos naturais e não por inseminação, onde as possibilidades de anormalidade são relativamente maiores. Segundo Delci, o touro reprodutor não tem ligação genética com a vaca.
"Nós temos aqui mais ou menos umas 70 cabeças e trabalhamos com gado de leite. Nós não fazemos inseminação artificial aqui, é tudo como sempre foi, só que, desta vez, nasceu essa bezerrinha com duas cabeças, mas o corpinho dela é de um animal só. Ela tem quatro patas, um rabo como em uma vaca normal. Só que ela ainda não consegue levantar por conta do peso na parte da frente. Tivemos de alimentar com duas mamadeiras", explicou Delci.
Devido à anomalia, a bezerrinha terá poucas chances de sobreviver, principalmente pela dificuldade de adaptação, explica o professor e médico veterinário.
"Muito provavelmente, neste caso, os órgãos vitais são de um bezerro normal, porém o nascimento mostrou a duplicidade de crânio. De imediato, este animal terá problemas para se alimentar como um filhote faz, e até mesmo para se manter de pé. Isso por si só já vai acarretando problemas no desenvolvimento. Ela pode ter mais chances se for criada como um animal de estimação e receber muita atenção, ainda assim não é garantido que consiga sobreviver por muito tempo", detalha o professor.
Após o nascimento, Delci recolheu o animal do pasto para o curral da propriedade e a bezerrinha com duas cabeças estava sendo cuidada por ele, além da atenção da mãe, Crioula, que pariu normalmente.
Após a publicação desta matéria, a reportagem recebeu a informação de que o animal havia falecido por volta das 18h desta terça-feira (14). O texto foi atualizado.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta