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Violência contra a criança no ES: um terço das vítimas tem até 6 anos

Violência contra a criança no ES: um terço das vítimas tem até 6 anos

Dados foram divulgados nesta terça-feira (18),  Dia Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes

Publicado em 18 de maio de 2021 às 18:38

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 Na manhã desta terça-feira, a Ministra da  Mulher, Família e Direitos Humanos Damares Alves, esteve no Memorial Araceli, no final da Praia de Camburi, em Vitória
Marlucia Butkovsky, homenageia o neto  Kauã, 6 anos,  morto  com o irmão, Joaquim, 3, em um incêndio em Linhares. (Fernando Madeira)

De janeiro a maio deste ano, até a última sexta-feira (14), foram registradas  574 denúncias de violência contra a criança ou adolescente no Espírito Santo, que ocasionaram 2.166 violações. Deste total, pouco mais de um terço envolveram crianças ainda na primeira infância, com até 6 anos. 

E do total de denúncias, 91% delas envolveram situações que comprometeram a integridade dos pequenos, ou seja, situações como a violação sexual, presente em 1.735 ocasiões.

 Os dados são do Painel de Dados da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos. Em todo o país, foram 34.880 denúncias, de janeiro a maio deste ano, de violência contra crianças e adolescentes. 

No Espírito Santo, 13 cidades aparecem nos registros de denúncias que foram feitas ao disque 100, em aplicativos de mensagem ou pelo e-mail do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos. Confira:

Dentre as denúncias, não consta o caso ocorrido em Ecoporanga, Noroeste do Estado, onde uma menina de 6 anos foi agredida e estuprada, e teve a morte cerebral confirmada. Ela deu entrada em um hospital do município na última sexta-feira (14), foi encaminhada para Barra de São Francisco e depois para o Hospital Infantil em Vitória, devido ao grave estado de saúde. O padrasto, suspeito de ter cometido o crime, e a mãe dela foram presos.

PERFIL DAS VÍTIMAS NO ES

Segundo os dados do Painel de Dados da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos, 48,96% das vítimas são do sexo feminino, 35,29% são do sexo masculino e 15,74% não tiveram o gênero identificado na pesquisa. A maioria se declarou como parda (36,2%).

As violações, em sua grande maioria, ocorreram na casa onde a vítima e o suspeito vivem (58%). E a maior parte das violações já vem sendo praticadas há mais de um ano (28%), e são praticadas diariamente (64%).

Um total de cinco tipo de violações foram identificadas pelo levantamento: integridade, liberdade, direitos sociais, segurança, vida, e direitos civis e políticos. Mas a maioria das denúncias trata das violações de integridade, como casos de estupros e agressões.

 Na manhã desta terça-feira, a Ministra da  Mulher, Família e Direitos Humanos Damares Alves, esteve no Memorial Araceli, no final da Praia de Camburi, em Vitória
Damares Alves, ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos Damares Alves,  no Memorial Araceli. (Fernando Madeira)

VISITA DA MINISTRA

No Dia Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, a ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, participou de um evento em Vitória, no Viaduto Araceli, no final da Praia de Camburi, para a divulgação da Campanha Maio Laranja - que tem como objetivo conscientizar a população sobre esses crimes. 

Ao lado do prefeito da Capital, Lorenzo Pazolini, a ministra destacou que o ato tinha o objetivo de convocar a população, a sociedade a lutar pela proteção das crianças e adolescentes. "O Brasil tem números que assustam, mas só vamos vencer esta realidade com a união de forças dos poderes e da sociedade", destacou.

Damares destacou que o local do evento - o viaduto -  e o dia 18 de maio fazem uma homenagem à Araceli Cabrera Sánchez Crespo, de 8 anos, que foi sequestrada em 1973, em Vitória. Ela foi drogada, espancada, estuprada, morta e seus restos mortais foram abandonados em um terreno baldio.

"Esse viaduto para nós é muito significativo. O Brasil inteiro hoje está falando de Araceli. Mas nós estamos aqui chamando a atenção não só por Araceli, mas por todas as crianças que foram vitimadas, assassinadas e violentadas", disse a ministra.

 Na manhã desta terça-feira, a Ministra da  Mulher, Família e Direitos Humanos Damares Alves, esteve no Memorial Araceli, no final da Praia de Camburi, em Vitória
homenagem as crianças vítimas de violência. (Fernando Madeira)

FAMILIARES DE OUTRAS VÍTIMAS

Também participaram do evento familiares de outras crianças que foram vítimas de violência. Dentre eles estava Marlucia Butkovsky, cujo neto de 6 anos, Kauã, foi morto ao lado do irmão, Joaquim de 3 anos, em um incêndio criminoso em Linhares. “A minha família, como de tantas outras crianças, aguarda por Justiça”, desabafou a avó.

Ao lado dela estava Thaís Camila, tia da menina Fabiane Isadora Claudino, que morreu após ser agredida e estuprada pelo padrasto em 2017. “É difícil relembrar esta situação e ter certeza de que muitas crianças ainda estão vivenciando a mesma situação”, desabafou. O grafite no viaduto também faz uma homenagem à sua sobrinha.

Havia ainda homenagens à menina Thainá, que foi estuprada e morta em 2017, no bairro Universal, em Viana.

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