De janeiro a maio deste ano, até a última sexta-feira (14), foram registradas 574 denúncias de violência contra a criança ou adolescente no Espírito Santo, que ocasionaram 2.166 violações. Deste total, pouco mais de um terço envolveram crianças ainda na primeira infância, com até 6 anos.
E do total de denúncias, 91% delas envolveram situações que comprometeram a integridade dos pequenos, ou seja, situações como a violação sexual, presente em 1.735 ocasiões.
Os dados são do Painel de Dados da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos. Em todo o país, foram 34.880 denúncias, de janeiro a maio deste ano, de violência contra crianças e adolescentes.
No Espírito Santo, 13 cidades aparecem nos registros de denúncias que foram feitas ao disque 100, em aplicativos de mensagem ou pelo e-mail do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos. Confira:
Dentre as denúncias, não consta o caso ocorrido em Ecoporanga, Noroeste do Estado, onde uma menina de 6 anos foi agredida e estuprada, e teve a morte cerebral confirmada. Ela deu entrada em um hospital do município na última sexta-feira (14), foi encaminhada para Barra de São Francisco e depois para o Hospital Infantil em Vitória, devido ao grave estado de saúde. O padrasto, suspeito de ter cometido o crime, e a mãe dela foram presos.
Segundo os dados do Painel de Dados da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos, 48,96% das vítimas são do sexo feminino, 35,29% são do sexo masculino e 15,74% não tiveram o gênero identificado na pesquisa. A maioria se declarou como parda (36,2%).
As violações, em sua grande maioria, ocorreram na casa onde a vítima e o suspeito vivem (58%). E a maior parte das violações já vem sendo praticadas há mais de um ano (28%), e são praticadas diariamente (64%).
Um total de cinco tipo de violações foram identificadas pelo levantamento: integridade, liberdade, direitos sociais, segurança, vida, e direitos civis e políticos. Mas a maioria das denúncias trata das violações de integridade, como casos de estupros e agressões.
No Dia Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, a ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, participou de um evento em Vitória, no Viaduto Araceli, no final da Praia de Camburi, para a divulgação da Campanha Maio Laranja - que tem como objetivo conscientizar a população sobre esses crimes.
Ao lado do prefeito da Capital, Lorenzo Pazolini, a ministra destacou que o ato tinha o objetivo de convocar a população, a sociedade a lutar pela proteção das crianças e adolescentes. "O Brasil tem números que assustam, mas só vamos vencer esta realidade com a união de forças dos poderes e da sociedade", destacou.
Damares destacou que o local do evento - o viaduto - e o dia 18 de maio fazem uma homenagem à Araceli Cabrera Sánchez Crespo, de 8 anos, que foi sequestrada em 1973, em Vitória. Ela foi drogada, espancada, estuprada, morta e seus restos mortais foram abandonados em um terreno baldio.
"Esse viaduto para nós é muito significativo. O Brasil inteiro hoje está falando de Araceli. Mas nós estamos aqui chamando a atenção não só por Araceli, mas por todas as crianças que foram vitimadas, assassinadas e violentadas", disse a ministra.
Também participaram do evento familiares de outras crianças que foram vítimas de violência. Dentre eles estava Marlucia Butkovsky, cujo neto de 6 anos, Kauã, foi morto ao lado do irmão, Joaquim de 3 anos, em um incêndio criminoso em Linhares. “A minha família, como de tantas outras crianças, aguarda por Justiça”, desabafou a avó.
Ao lado dela estava Thaís Camila, tia da menina Fabiane Isadora Claudino, que morreu após ser agredida e estuprada pelo padrasto em 2017. “É difícil relembrar esta situação e ter certeza de que muitas crianças ainda estão vivenciando a mesma situação”, desabafou. O grafite no viaduto também faz uma homenagem à sua sobrinha.
Havia ainda homenagens à menina Thainá, que foi estuprada e morta em 2017, no bairro Universal, em Viana.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta