Em um 2020 já marcado pelo enfrentamento ao novo coronavírus, o Espírito Santo também encara o aumento dos índices de violência. Comparado com 2019, a Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) registrou 100 assassinatos a mais nos primeiros oito meses deste ano.
De janeiro até 19 de agosto deste ano, 703 pessoas perderam a vida de forma violenta no Estado. O número representa um aumento de 16,6% dos homicídios.
A região Sul foi a que contabilizou a maior taxa. Enquanto em 2019 tiveram 40 mortes violentas, em 2020 foram 57, um diferença de 42,5%. No balanço da Sesp, somente a região Norte apresentou queda: - 7,6%. Foram 131 homicídios em 2019 contra 121 em 2020.
Já em comparação aos meses que as ocorrências foram registradas, os dados indicam que em janeiro teve redução de - 8,7% quando confrontado com o mesmo período de 2019. O primeiro aumento foi notado em fevereiro, quando os índices subiram 17%. De 94 mortes em 2019 saltou para 110.
O período mais violento no Espírito Santo foram os 31 dias de março. Enquanto em 2019 a polícia computou 86 assassinatos, em 2020 foram 142, que resultou em um aumento de 65,1% dos casos. No início de abril, o então secretário de Segurança Roberto de Sá foi demitido pelo governador Renato Casagrande (PSB).
À época, Sá revelou em entrevista concedida para o jornal A Gazeta que a demissão estava relacionada com o aumento do número de homicídios e a tentativa do governo em trabalhar a redução dos índices. Ele passou 15 meses comandando a pasta. O coronel da Polícia Militar Alexandre Ramalho assumiu o posto.
Em abril, a Secretaria de Segurança ainda anotou novo aumento de 20,5% nas mortes. Saiu de 78 assassinatos em 2019 para 94 neste ano. No mês seguinte houve redução de - 5%, sendo 80 no ano passado e 76 em 2020. Em junho o acréscimo foi de 38,5% com 57 homicídios em 2019 e 79 em 2020.
Em julho, o aumento foi de 11,2% porque em 2019 ocorreram 62 mortes violentas contra 69 no ano seguinte. Já no mês de agosto, até o dia 19, a redução era de -11,6%. Neste período, 38 pessoas foram assassinadas. Em 2019, foram 43.
O secretário de Estado da Segurança, Alexandre Ramalho, explicou que assim como é observado nos outros estados do Brasil, 80% dos assassinatos cometidos no Espírito Santo estão relacionados aos conflitos originados pela disputa e controle dos pontos de tráfico de drogas ou acerto de contas entre traficantes ou usuários.
Ramalho destaca que o aumento ocorreu, principalmente, no mês de março deste ano, quando foram contabilizados 142 assassinatos. Segundo ele, janeiro a julho deste ano representa a segunda melhor série histórica dos últimos 24 anos. O intervalo só não é melhor daquele que foi observado em 2019, quando foram registrados menos de mil mortes no ano.
Ainda estamos com a diferença hoje de 100 homicídios em relação ao ano passado. Nós tiramos uma diferença de 142 em março sendo que em abril caiu para 94, em maio caiu para 76, em junho caiu para 79 e julho fechamos com 69. Enquanto tiver um homicídio, não vai ser bom, mas a questão é com quanto de aumento nós vamos chegar no final do ano, ressaltou.
O trabalho de investigação da Polícia Civil, a linha ostensiva da Polícia Militar e a execução de operações conjuntas das forças de segurança. Essas são algumas medidas de enfrentamento à criminalidade apresentadas pelo secretário Alexandre Ramalho. De janeiro a julho deste ano, 1.007 suspeitos de assassinatos foram presos. No mesmo período, 2.277 armas de fogo foram apreendidas no Estado.
Nós ativamos muitas operações preventivas, com viaturas paradas com policiais desembarcados abordando veículos e ônibus, se mostrando presente para sociedade capixaba e obviamente para o criminoso. E também operações repressivas com cumprimentos de mandados de busca e apreensão e mandados de prisão, pontuou.
Questionado sobre a ampliação do efetivo das Polícias Civil e Militar, além da reforma e ampliação de delegacias, aquisição de viaturas e equipamentos, Ramalho disse que o governo do Estado prevê investimentos de R$ 330 milhões até 2022. Segundo ele, os recursos serão usados para novas obras e na reforma de estruturas físicas das Polícias e do Corpo de Bombeiros.
Há, também, a previsão de R$ 43 milhões para a compra de viaturas da Civil e Militar. O governador Renato Casagrande assumiu o governo com um déficit de efetivo das duas instituições. O concurso vem se arrastando desde 2017, agora que os gestores das Polícias Civil e da Militar estão conseguindo encerrar os concursos. Isso vai nos ajudar muito, comemorou.
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