Desde que a Organização Mundial da Saúde (OMS) deu um parecer alertando sobre a importância do uso de máscaras de proteção contra a Covid-19, a criatividade tomou conta do item mais precioso durante a pandemia. Entre máscaras cirúrgicas, do tipo N95, feitas de tecidos, há também uma espécie de viseira, como existem em capacetes: a chamada face shield proteção facial, em português.
Por ser transparente e não ter contato direto com a boca, a face shield facilita a comunicação e a leitura labial, sem contar que é mais fácil de respirar com ela. Mas entre o conforto e a segurança, o que dizem os especialistas e a própria OMS sobre o uso da proteção facial?
Em um documento publicado no dia 21 de agosto, sobre o uso de máscaras para crianças no contexto da Covid-19, a Organização Mundial da Saúde definiu a face shield como "barreira física incompleta" e que, portanto, "não fornece as camadas de filtragem de uma máscara".
O guia é anexo a um outro, divulgado no início de junho, que alertava sobre a necessidade do uso de máscaras, independentemente da existência de comorbidades.
Nele, a OMS ainda reconheceu que "embora uma máscara facial possa conferir proteção parcial da área facial contra gotículas respiratórias com o benefício adicional de facilidade de uso", a eficácia do item ainda não havia sido adequadamente estudado.
Há ainda casos especiais. Como já se sabe, não é exigido o uso de máscaras por crianças com deficiências. Mas, sendo avaliado pelo médico, os protetores faciais são uma alternativa, segundo a OMS.
A reportagem de A Gazeta procurou especialistas, que corroboraram com a ideia de que o uso da face shield não é equivalente ao uso da máscara.
De acordo com a enfermeira, doutora em Epidemiologia e professora da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Ethel Maciel, o uso é uma proteção a mais, e exclusiva.
O professor da Emescam e doutor em Doenças Infecciosas pela Ufes Lauro Ferreira Pinto exemplificou como a proteção facial pode não ser o bastante para evitar o contágio da Covid-19.
"Ela oferece uma segurança pra alguém que está na sua frente. Mas se uma outra pessoa estiver na sua lateral, pela face shield não ser tão ajustada, há um risco", completou.
O médico ainda apontou uma maior vulnerabilidade de pessoas que usam o protetor facial em ambientes fechados.
Segundo ele, os aerossóis, que são menores que as gotículas, podem ir a uma distância maior e flutuam no ar por mais tempo. Dessa forma, em locais sem ventilação adequada, usar face shield pode ser ainda menos eficaz.
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