Um estudo realizado por pesquisadores da Escola de Saúde Pública de Harvard, nos Estado Unidos, e publicado pela revista científica Science diz ter identificado o vírus de Epstein-Barr (EBV) como possível causador da esclerose múltipla. A descoberta gera esperanças para o desenvolvimento de um possível tratamento para a cura da doença autoimune que afeta mais de 2,8 milhões de pessoas no mundo.
O vírus Epstein-Barr (herpes-vírus humano tipo 4) é muito comum, chegando a afetar, normalmente de forma assintomática, cerca de 50% das crianças antes dos 5 anos de idade. Uma vez contraído, o vírus fica no organismo da pessoa para sempre. Uma prova disso é que ele é encontrado em cerca de 95% dos adultos e pode provocar patologias como a mononucleose, conhecida como a “doença do beijo''.
O estudo, publicado na revista científica Science, mostra que o vírus tem um papel fundamental no desenvolvimento da esclerose múltipla, embora nem todas as pessoas infectadas desenvolvam a doença. Essa hipótese era estudada há vários anos, mas era difícil de demonstrar, pois o vírus é muito comum e os sintomas da doença começam até 10 anos depois da infecção.
Esta seria a primeira vez que os cientistas apontam a causa de uma doença autoimune que ataca o sistema nervoso central. Sendo que sua evolução depende de paciente para paciente, mas pode causar sequelas e até paralisia de membros.
Os cientistas acompanharam por mais de 20 anos dez milhões de jovens adultos do exército estadunidense, dos quais 955 foram diagnosticados com esclerose múltipla durante o serviço.
De acordo com o estudo, o risco de contrair a patologia aumenta 32 vezes após a infecção pelo vírus de Epstein-Barr, mas não varia após a infecção por outros vírus.
Pesquisadores da universidade de Stanford, que publicaram um comentário a respeito do estudo na revista Science, falaram que outros fatores, como genéticos, podem interferir no desenvolvimento ou não da doença.
A farmacêutica americana Moderna anunciou semana passada ter iniciado testes clínicos em humanos em busca de uma vacina contra o vírus de Epstein-Barr.
De acordo com o Ministério da Saúde, a esclerose múltipla é uma doença inflamatória crônica, autoimune. Por motivos genéticos ou ambientais o sistema imunológico começa a agredir a bainha de mielina (camada de gordura que envolve as fibras nervosas na substância branca do cérebro e na medula espinhal), comprometendo a função do sistema nervoso (cérebro e medula) ao atingir diversas funções ligadas ao trânsito de informações dos neurônios para o resto do corpo. Quando esse caminho é prejudicado pelas lesões provocadas pela enfermidade, essas informações se espalham gerando diversos sintomas.
Os ataques, chamados surtos, são crises inflamatórias que danificam a bainha de mielina causando cicatrizes, também chamadas de placas ou lesões. Há ainda, desde o início da doença, degeneração das próprias fibras nervosas ou axônios. Os surtos ocorrem aleatoriamente, variando em número e frequência, de pessoa para pessoa. Em geral, a doença acomete pessoas jovens, entre 20 e 30 anos
Não existe cura, mas há tratamentos com medicamentos que buscam reduzir a atividade inflamatória e a ocorrência dos surtos ao longo dos anos, contribuindo para a diminuição do acúmulo de incapacidades durante a vida do paciente.
Além do foco na doença, tratar os sintomas é muito importante para a qualidade de vida do paciente. Os medicamentos utilizados, bem como todo o tratamento, devem ser indicados e acompanhados pelo médico neurologista de forma individualizada.
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