A pandemia segue fazendo vítimas e até mesmo o último adeus às pessoas que perdem a vida para a Covid-19 tem sido afetado. Velórios e sepultamentos precisam ser realizados de maneira rápida por conta dos riscos envolvidos, e uma família de Vila Velha passou por um momento de revolta na manhã desta terça-feira (11) nos poucos momentos que teve para se despedir de um parente que morreu. Isso porque o corpo do aposentado Ivo de Assis Monteiro, de 83 anos, foi enterrado em uma cova alagada.
Após passar um mês internado com a doença, o idoso morreu nesta segunda-feira (10) e o sepultamento foi realizado no cemitério público de Ponta da Fruta. Devido à presença da água na cova, o caixão ficou praticamente submerso, como relatado pelo ferroviário Felipe Lopes, que é marido de uma das netas da vítima.
"Hoje infelizmente eu tenho que denunciar uma afronta à dignidade humana, à memória da pessoa e ao sentimento da família. Estamos numa fase em que nem podemos velar o corpo direito. Ver a pessoa morta devido à Covid-19 e, na hora de enterrá-la, através de um serviço do município – já que pagamos nossos impostos, temos que colocar essa pessoa na água. Aí não podemos reclamar nem intervir porque tem um protocolo, pois o caixão não pode ficar exposto por muito tempo para a segurança das pessoas. Chega no final da vida e temos que passar por uma situação dessas de descaso e vergonha. Não tenho palavras para demonstrar minha indignação sobe este fato", desabafou o jovem.
Além da situação constrangedora à família, o fato de o caixão ter sido colocado com a presença de água na sepultura pode representar riscos sanitários e de contaminação, como dito pela virologista e professora da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Liliane Spano.
"Existe, sim, esta possibilidade de contaminação da água por esta pessoa que estava com coronavírus e precisa ser analisado o risco para o ambiente (do cemitério)", ponderou a especialista.
Diante do sepultamento na cova alagada, Felipe entrou em contato com a Prefeitura de Vila Velha através da ouvidoria em buscas de explicações para o ocorrido. A administração canela-vede informou que a família do idoso havia sido avisada sobre a situação no cemitério de Ponta da Fruta e que o acúmulo de água foi decorrente das chuvas dos últimos dias. Além disso, a prefeitura informou à TV Gazeta que enviaria técnicos ao local para melhorar a situação do cemitério, já que há outras sepulturas em situação semelhante.
Os familiares, entretanto, contestam a versão dada pela Prefeitura e alegam não terem sido avisados sobre a situação em que se encontrava a cova de Ivo de Assis. Nas palavras de Felipe e outros parentes da vítima, o ocorrido foi um grande constrangimento e desrespeito a um familiar.
Em resposta à reportagem de A Gazeta, a Prefeitura disse, em nota, que por meio da Gerência de Necrópoles, lamenta o fato ocorrido, mas reitera que a família foi previamente comunicada que devido as fortes chuvas deste final de semana, as covas se encontram parcialmente encharcadas. Os coveiros retiraram o volume em excesso, mas a água insistia em permanecer por conta da absorção do solo. Técnicos da Secretaria de Serviços Urbanos estão analisando uma forma de melhorar o sistema de drenagem do cemitério.
Com informações de Diony Silva, da TV Gazeta
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