Em meio a muita comoção, foram enterradas, na tarde deste sábado (23), as três vítimas do desabamento de um prédio no bairro Cristóvão Colombo, em Vila Velha. O sepultamento de Eduardo Cardoso, 68 anos, a filha dele, Camila Morassuti, 36 anos, e a neta Sabrina Morassuti, 15 anos (filha de Camila), aconteceu no cemitério Parque da Paz, em Ponta da Fruta, e reuniu dezenas de amigos e familiares. Sobrevivente da tragédia, Larissa Morassuti, de 37 anos, que é filha de Eduardo e irmã de Camila, acompanhou o sepultamento por videochamada, do hospital onde está internada.
O velório começou por volta das 10h. Apesar de ainda abalados com a tragédia, vizinhos da família fretaram um ônibus para prestar solidariedade no local.
"A gente perdeu uma família, né? Ainda mais morando no mesmo bairro. Quando as filhas delas nasceram, da Camila e Larissa, eu fiquei um tempo na casa delas ajudando. Para mim, é como se eu tivesse perdido filhos", afirmou Gessi Reis, vizinha das vítimas, em entrevista para a repórter Gabriela Ribeti, da TV Gazeta.
A única sobrevivente do desabamento, Larissa Morassuti, 37 anos, ainda está internada no Hospital Estadual de Urgência e Emergência, em Vitória. Ela foi a primeira vítima a ser resgatada dos escombros. Familiares contaram que Larrisa acompanhou o enterro do pai, da irmã e da sobrinha por uma videochamada.
A tragédia aconteceu na última quinta-feira (21), por volta das 7h. Antes da queda do prédio houve uma explosão, que foi flagrada por uma câmera de monitoramento da rua. Confira:
A causa do desabamento está sendo investigada. Uma das hipóteses é vazamento de gás. No local, a perícia encontrou materiais eletrônicos, vestígios de gases combustíveis usados em solda e livros sobre soldagem.
A família morava em um prédio de três andares no bairro Cristóvão Colombo. O primeiro andar era ocupado por Eduardo e pela filha e a neta dele, Camila e Sabrina, respectivamente. Já no segundo andar morava Larissa. No terceiro andar havia quitinetes que estavam vazias.
Veja o antes e o depois do prédio:
O resgate das vítimas foi complexo e durou cerca de 20 horas. Mais de 60 profissionais do Corpo de Bombeiros, SAMU e Defesa Civil estiveram envolvidos no trabalho para retirar dos escombros a família soterrada.
Trinta bombeiros militares atuaram de forma voluntária no resgate, feito de forma manual e com revezamento, já que não era possível utilizar maquinário para não machucar as vítimas.
Larissa foi a primeira vítima - e única com vida- a ser resgatada. O resgate dela aconteceu às 12h15. A doceira foi encaminhada, consciente, para um hospital da Grande Vitória, onde permanece internada.
Menos de duas horas depois foi resgatada Camila, já sem vida. Às 15h45, um dos cães do Corpo de Bombeiros conseguiu encontrar o local exato onde a adolescente Sabrina estava soterrada. Os militares se comunicaram com a menina, que relatava sentir dor. No entanto, no início da noite, a vítima parou de conversar.
Uma médica do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi colocada dentro dos escombros, por um buraco de 45 centímetros de diâmetro, para levar oxigênio e medicamentos para a adolescente. Apesar dos esforços, Sabrina foi retirada do local, já sem vida, por volta das 20h40.
Eduardo foi o último a ser resgatado pelos bombeiros. A retirada do corpo dele aconteceu durante a madrugada.
A Defesa Civil interditou um edifício vizinho ao prédio que desabou. O imóvel fica de frente para o que colapsou. Segundo informações da Defesa Civil, não havia pessoas morando no prédio interditado porque passava por reformas, e teve a estrutura abalada pelo desabamento.
A respeito do prédio que desabou, o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Espírito Santo (Crea-ES) afirmou, após especialistas terem realizado vistoria fiscal do local, que a construção era irregular. "Foi executado de maneira irregular, sem projetos, sem anotações de responsabilidade técnica, sem acompanhamento de um profissional de Engenharia e sem cumprir as Normas Brasileiras Regulamentadoras (NBRs).”, disse o Crea-ES, por meio de nota.
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