Dezembro já está quase chegando e a Prefeitura de Vitória ainda não se reuniu com os organizadores dos blocos de rua para definir como será a programação do carnaval de 2023. Os grupos reclamam de falta de diálogo e da demora para se chegar a uma definição a respeito da festa, que será a primeira desde o início da pandemia de coronavírus, há mais de dois anos.
Diante da incerteza e do tempo curto, há blocos que já desistiram de desfilar, e os que permanecem temem não conseguir patrocínio para bancar a folia, o que também pode inviabilizar a participação.
O carnaval de 2023 acontece entre 18 e 22 de fevereiro. Normalmente, o protocolo da prefeitura em anos anteriores incluía a publicação, no Diário Oficial, de uma definição acerca dos integrantes da comissão de carnaval, composta por membros de diversas secretarias e também dos blocos, da Polícia Militar e do Ministério Público.
A comissão define quais blocos desfilam em que horário e por qual percurso. Quem se interessa em desfilar tem que protocolar um pedido. Mas esse edital também não saiu.
Segundo Samantha Broks, membra da associação que reúne os blocos de carnaval de rua do Centro de Vitória (Blocão) e do Conselho Municipal de Cultura, já foram protocolados pedidos de reunião e de informação perante a prefeitura. Um dos pedidos foi respondido, mas, após ser marcado e desmarcado três vezes, o encontro acabou não acontecendo.
"Além de ser um carnaval emblemático, após a pandemia, tem chance de lotar muito. As pessoas não estão com condições de viajar, as viagens estão muito caras, são dois anos sem carnaval. A gente pensa nesse diálogo muito até por uma questão de organizar a cidade. Se não houver preparativo, a cidade 'explode'. No último carnaval, só meu bloco colocou 100 mil pessoas na Beira Mar", conta Samantha, que organiza o Puta Bloco, que sai normalmente no domingo de carnaval.
Ela lembra que, em 2021 e 2022, os organizadores dos blocos assinaram um documento junto à prefeitura se comprometendo em não desfilar. Ainda assim, centenas de pessoas foram ás ruas em diversos pontos da Capital.
O receio dos organizadores dos blocos é de que, sem apoio logístico e de estrutura da prefeitura, o carnaval de rua do ano que vem acabe prejudicando a cidade e os moradores.
"O nosso medo é de acabar virando um carnaval feito de uma forma que vai agredir a cidade, que não vai ter controle, banheiro químico, ambulância, lixeiras extras, guarda municipal preparada. Esse é o pior dos nossos cenários. As pessoas vão para a rua de qualquer forma", afirma Samantha.
Além disso, há o receio de que a realização dos próprios blocos fique prejudicada. Eles são, atualmente, financiados por empresas patrocinadoras.
"Com tudo o que aconteceu, com a pandemia, a maioria dos blocos está sem fundos. A gente precisa pelo menos ter o alvará da prefeitura, porque o patrocinador grande, que pode nos dar essa verba, não vai nos dar sem saber se a gente vai sair ou não."
Procurada, a Prefeitura de Vitória informou que "entende a importância e valoriza o carnaval de rua e atua para garantir que os dias de folia sejam realizados com ordem e segurança". Diz ainda que pretende "ampliar o diálogo" com os organizadores.
O município afirmou, porém, que está fazendo um cadastro dos blocos que existem na cidade para só então marcar a reunião com os organizadores. "Não havia um cadastro oficial dos blocos que desfilam na Capital e, por isso, está sendo feito um levantamento de todos eles."
Na sexta-feira (25), o município enviou aos organizadores dos blocos um convite para uma reunião a respeito do carnaval de rua da Capital. O encontro será na tarde desta quarta-feira (30).
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