Uma arquiteta de 49 anos busca resposta para uma pergunta: foi ou não vacinada contra a Covid-19? No último sábado (12), ela foi até a unidade de saúde do bairro Ilha de Santa Maria, em Vitória, para receber a primeira dose do imunizante contra o coronavírus e saiu de lá certa de que havia sido vacinada. No entanto, ela afirma que um vídeo gravado pelo seu marido mostra que parte do líquido da seringa teria sido jogado fora. A Prefeitura de Vitória prometeu investigar o caso e solicitou à polícia a realização de perícia técnica no vídeo.
A arquiteta registrou um boletim de ocorrência na Polícia Civil. Ela conta que a conduta adotada pela enfermeira que a atendeu foi completamente diferente do comportamento de outra profissional de saúde que vacinou o filho dela de 18 anos no mesmo dia em outro ponto de vacinação.
"Saímos os três de casa, porque eu e meu filho – que tem comorbidade – tomaríamos a vacina e queríamos registar o momento em foto e vídeo. Meu filho tomou a vacina da Pfizer meia hora antes, em outro lugar. Com ele foi tudo tranquilo, a pessoa fez tudo na frente dele: abriu, aplicou, mostrou a seringa vazia ao final, informando que apenas 3 ml de imunizante era suficiente. Nós fizemos foto e vídeo. Na minha vez foi um pouco tumultuado. Entramos os três na sala, meu marido ia filmar e meu filho fotografar. Mas ela pediu para sair uma pessoa e concordamos. Como eu preferia a foto, meu marido saiu da sala. Meu vídeo não é completo porque ele filmou do lado de fora, eu nem sabia que ele ia filmar. Mas o vídeo mostra que em vez de tirar a seringa do meu braço e me mostrar, ela abaixou a mão e jogou o líquido no chão. Depois, me mostrou a seringa vazia", relata.
A arquiteta afirma que, no momento da vacinação, estranhou a quantidade de líquido na seringa e chegou a questionar a enfermeira. "Ela deve ter colocado uma quantidade maior de líquido na seringa. Lembro de ter perguntado e ela ter dito terem 5 ml ali", acredita.
"A partir do momento que ela fez um procedimento fora do padrão, eu mereço um parecer, uma explicação. Ela pode até ter me vacinado, mas pode ter desperdiçado vacina. Como pode a pessoa ser treinada para colocar 3 ml e colocar 5 ml na vacina?", questiona.
Com o filho asmático, a arquiteta conta que passou o ano de 2020 sem beijar ou abraçar o filho com medo de contaminá-lo com o coronavírus. Por conta disso, a ansiedade da família pela vacina era grande. Agora, resta a dúvida se de fato ela está protegida contra a doença.
"Estávamos contando os dias para tomar essa vacina. Não quero acusar ninguém sem provas concretas, mas também não quero que outras pessoas passem por isso. Ela tirou o meu direito de saber se eu tomei a vacina, de ter certeza que tomei a vacina. Não tenho o começo da aplicação no vídeo, mas tenho o fim, e o fim mostra o jato no chão. Minha segunda dose é para setembro. Vou ficar sem dose até lá? Minha segunda dose será, na verdade, a primeira dose? Vou tomar uma outra dose depois? Não sei o que vai acontecer. Tenho medo de tomar outra dose agora, penso que nem posso, porque não há como ter certeza se eu tomei a vacina ou não", lamenta.
Procurada pela reportagem de A Gazeta, a Prefeitura de Vitória informou, por nota, que "tão logo tomou conhecimento informal dos fatos, por iniciativa própria, registrou notícia crime na Delegacia de Crimes Contra a Administração Pública - DECOR, solicitando a realização de perícia técnica no vídeo e a investigação detalhada dos fatos".
"A prefeitura também abriu procedimento administrativo. Uma sindicância já está em andamento para apurar o ocorrido. Os atos serão apurados conforme Estatuto dos Servidores Municipais e Portaria Semus nº. 02/2021. A administração municipal reafirma o compromisso com a transparência e orienta rotineiramente aos servidores o cumprimento dos protocolos de aplicação de imunizante. A PMV acrescenta que este é um caso isolado que não representa seu desempenho na vacinação", diz a nota.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta