Um levantamento feito pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e divulgado nesta sexta-feira (16) indicou que Vitória é uma das quatro capitais do Brasil que apresentam tendência de crescimento dos casos de Síndromes Respiratórias Agudas Graves (SRAGS). De acordo com a Fiocruz, cerca de 98% dos casos de SRAGS são referentes à Covid-19.
Os dados são referentes à semana epidemiológica 27, entre os dias 4 e 10 deste mês, mas indicam a previsão do comportamento para um período entre três e seis semanas. Outras três capitais, de acordo com a Fiocruz, também apresentaram tendência de aumento no número de diagnósticos de SRAGS: Macapá, Manaus e Porto Alegre. Além disso, os Estados do Amazonas e Amapá como um todo possuem o mesmo comportamento, segundo a fundação.
A Fiocruz também divulgou que Vitória é uma das microrregiões de saúde com nível alto de transmissão comunitária das SRAGS. Também estão nessa classificação Belém, Boa Vista, Cuiabá e Palmas. Conforme divulgado pela fundação, outras 12 capitais estão assinaladas como nível muito alto de transmissão comunitária e 10 em nível extremamente alto.
Os dados apresentados pelo Infogripe, setor da Fiocruz responsável por monitorar o comportamento das SRAGS no país, indicou que o Espírito Santo atualmente está em estabilização ou oscilação dos números de casos gripais e deverá permanecer assim pelas próximas seis semanas. Vitória, porém, apresenta probabilidade de aumento de mais de 75% nas síndromes respiratórias no mesmo período.
O pesquisador e coordenador do Infogripe, Marcelo Gomes, alertou que esse comportamento observado nas SRAGS impacta diretamente no número de óbitos e hospitalizações, que deverá se manter alto durante o período analisado nos locais em tendência de crescimento. Ele aponta que deve haver uma mobilização das autoridades e da população dessas regiões para impedir uma nova crise no sistema de saúde.
"Temos a imensa maioria do território em situação gravíssima. Todos os Estados apresentam macrorregiões em nível alto ou superior, sendo que 12 Estados e o Distrito Federal apresentam macrorregiões em nível extremamente elevado. Isso evidencia a necessidade de manutenção de medidas de mitigação da transmissão”, alertou.
Para conter o avanço das SRAGS e, também, do coronavírus, uma vez que ambos estão diretamente relacionados, Marcelo Gomes ressaltou a recomendação de manter o distanciamento social e as medidas de higiene enquanto os indicadores ainda se mantiverem elevados. Marcelo Gomes ainda apontou a necessidade de serem revistas as flexibilizações já implementadas nos Estados com sinal de retomada do crescimento ou estabilização ainda em patamares elevados.
Procurada pela reportagem de A Gazeta, nesta sexta-feira (16), a Secretaria da Saúde de Estado (Sesa) afirmou não ter uma fonte disponível para tratar do assunto. A pasta, porém, divulgou dados comparativos em relação aos números de casos registrados de SRAGS no Espírito Santo entre os meses de janeiro a maio deste ano e do ano passado. Confira abaixo:
Casos de SRAGS em 2021:
O Espírito Santo segue apresentando melhora nos indicadores do avanço da doença no Estado. Com isso, há também um relaxamento dos protocolos de proteção à transmissão da Covid-19.
Um dos exemplos disso é o Mapa de Risco de transmissão da Covid-19 divulgado nesta sexta-feira (16), que conta com 72 municípios em risco baixo de transmissão da doença e apenas seis em risco moderado. Não há nenhuma cidade assinalada em risco alto ou extremo de contágio do coronavírus.
Apesar da melhora nos indicadores, o governador Renato Casagrande ressaltou, durante pronunciamento, que ainda há risco de transmissão da Covid-19. Por isso, as medidas de proteção como o distanciamento social, uso de máscaras e higienização constante das mãos devem continuar a ser respeitadas.
"Neste momento, estamos com os municípios em risco baixo e moderado. É bom que a gente compreenda que ainda estamos em risco. Por isso, continuamos com todos os cuidados e cautelas necessárias", disse.
Além da tendência de estabilização de casos das Síndromes Respiratórias Agudas Graves (SRAGS), o Espírito Santo atingiu uma importante marca em relação à transmissão da Covid-19: o Estado chegou a a quatro semanas seguidas com a taxa de transmissão da Covid-19 abaixo de 1, ou seja, completou um mês num patamar que demonstra que o ritmo da pandemia está desacelerando.
O dado, da semana epidemiológica de 25 de junho, mostra que o Estado estava com taxa de contágio de 0,79. Isso significa dizer que, a cada 10 pessoas infectadas pelo Sars-Cov-2 (coronavírus), outras oito poderiam ser contaminadas. Na Grande Vitória, o indicador era de 0, 73 - seis semanas abaixo de 1 - e no interior, 0,83.
Pablo Lira, diretor de Integração do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN) e membro do Núcleo Interinstitucional de Estudos Epidemiológicos (NIEE), ressalta que, mesmo com a já esperada oscilação positiva na Região Metropolitana, o importante é manter o indicador abaixo de 1.
"É o tempo necessário para consolidar o cálculo do modelo da taxa, e quando o indicador está abaixo de 1, como o registro mais recente, demonstra que a transmissão está perdendo força. Estamos conseguindo manter uma redução sustentada", afirmou.
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