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Vitória tem tendência de aumento na transmissão de síndromes respiratórias

Vitória tem tendência de aumento na transmissão de síndromes respiratórias

Levantamento da Fiocruz indicou que Vitória é uma das quatro capitais do Brasil que podem ter aumento nos casos das Síndromes Respiratórias Agudas Graves (SRAGS)

Publicado em 20 de julho de 2021 às 10:35

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Vista aérea do bairro Enseada do Suá e Praça do Papa em Vitória
Vitória é uma das quatro capitais com tendência de aumento de casos das SRAGS, como apontou a Fiocruz. (Luciney Araújo)

Um levantamento feito pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e divulgado nesta sexta-feira (16) indicou que Vitória é uma das quatro capitais do Brasil que apresentam tendência de crescimento dos casos de Síndromes Respiratórias Agudas Graves (SRAGS). De acordo com a Fiocruz, cerca de 98% dos casos de SRAGS são referentes à Covid-19.

Os dados são referentes à semana epidemiológica 27, entre os dias 4 e 10 deste mês, mas indicam a previsão do comportamento para um período entre três e seis semanas. Outras três capitais, de acordo com a Fiocruz, também apresentaram tendência de aumento no número de diagnósticos de SRAGS: Macapá, Manaus e Porto Alegre. Além disso, os Estados do Amazonas e Amapá como um todo possuem o mesmo comportamento, segundo a fundação. 

A Fiocruz também divulgou que Vitória é uma das microrregiões de saúde com nível alto de transmissão comunitária das SRAGS. Também estão nessa classificação Belém, Boa Vista, Cuiabá e Palmas. Conforme divulgado pela fundação, outras 12 capitais estão assinaladas como nível muito alto de transmissão comunitária e 10 em nível extremamente alto.

Vitória aparece em tendência de crescimento das SRAGS por um período de até seis semanas
Vitória aparece em tendência de crescimento das SRAGS por um período de até seis semanas. (Reprodução/Infogripe/Fiocruz)

Os dados apresentados pelo Infogripe, setor da Fiocruz responsável por monitorar o comportamento das SRAGS no país, indicou que o Espírito Santo atualmente está em estabilização ou oscilação dos números de casos gripais e deverá permanecer assim pelas próximas seis semanas. Vitória, porém, apresenta probabilidade de aumento de mais de 75% nas síndromes respiratórias no mesmo período. 

O pesquisador e coordenador do Infogripe, Marcelo Gomes, alertou que esse comportamento observado nas SRAGS impacta diretamente no número de óbitos e hospitalizações, que deverá se manter alto durante o período analisado nos locais em tendência de crescimento. Ele aponta que deve haver uma mobilização das autoridades e da população dessas regiões para impedir uma nova crise no sistema de saúde.

"Temos a imensa maioria do território em situação gravíssima. Todos os Estados apresentam macrorregiões em nível alto ou superior, sendo que 12 Estados e o Distrito Federal apresentam macrorregiões em nível extremamente elevado. Isso evidencia a necessidade de manutenção de medidas de mitigação da transmissão”, alertou.

Para conter o avanço das SRAGS e, também, do coronavírus, uma vez que ambos estão diretamente relacionados, Marcelo Gomes ressaltou a recomendação de manter o distanciamento social e as medidas de higiene enquanto os indicadores ainda se mantiverem elevados. Marcelo Gomes ainda apontou a necessidade de serem revistas as flexibilizações já implementadas nos Estados com sinal de retomada do crescimento ou estabilização ainda em patamares elevados.

O QUE DIZ A SESA

Procurada pela reportagem de A Gazeta, nesta sexta-feira (16), a Secretaria da Saúde de Estado (Sesa) afirmou não ter uma fonte disponível para tratar do assunto. A pasta, porém, divulgou dados comparativos em relação aos números de casos registrados de SRAGS no Espírito Santo entre os meses de janeiro a maio deste ano e do ano passado. Confira abaixo:

Casos de SRAGS em 2020:

  • Janeiro: 38 casos 
  • Fevereiro: 39 casos  
  • Março: 269 casos
  • Abril:  1.271 casos
  • Maio: 1.921 casos

Casos de SRAGS em 2021:

  • Janeiro: 865 casos
  • Fevereiro: 918 casos
  • Março: 1891 casos
  • Abril: 1.887 casos
  • Maio: 1.028 casos

MAPA DE RISCO: 72 MUNICÍPIOS EM RISCO BAIXO NO ES

O Espírito Santo segue apresentando melhora nos indicadores do avanço da doença no Estado. Com isso, há também um relaxamento dos protocolos de proteção à transmissão da Covid-19.

Um dos exemplos disso é o Mapa de Risco de transmissão da Covid-19 divulgado nesta sexta-feira (16), que conta com 72 municípios em risco baixo de transmissão da doença e apenas seis em risco moderado. Não há nenhuma cidade assinalada em risco alto ou extremo de contágio do coronavírus.

64º Mapa de Risco de transmissão da Covid-19 no Espírito Santo
64º Mapa de Risco de transmissão da Covid-19 no Espírito Santo tem 72 municípios em risco baixo. (Divulgação/Governo do ES)

Apesar da melhora nos indicadores, o governador Renato Casagrande ressaltou, durante pronunciamento, que ainda há risco de transmissão da Covid-19. Por isso, as medidas de proteção como o distanciamento social, uso de máscaras e higienização constante das mãos devem continuar a ser respeitadas.

"Neste momento, estamos com os municípios em risco baixo e moderado. É bom que a gente compreenda que ainda estamos em risco. Por isso, continuamos com todos os cuidados e cautelas necessárias", disse.

ES SEGUE COM TAXA DE TRANSMISSÃO BAIXA DA COVID-19

Além da tendência de estabilização de casos das Síndromes Respiratórias Agudas Graves (SRAGS), o Espírito Santo atingiu uma importante marca em relação à transmissão da Covid-19: o Estado chegou a a quatro semanas seguidas com a taxa de transmissão da Covid-19 abaixo de 1, ou seja, completou um mês num patamar que demonstra que o ritmo da pandemia está desacelerando.

O dado, da semana epidemiológica de 25 de junho, mostra que o Estado estava com taxa de contágio de 0,79. Isso significa dizer que, a cada 10 pessoas infectadas pelo Sars-Cov-2 (coronavírus), outras oito poderiam ser contaminadas. Na Grande Vitória, o indicador era de 0, 73 - seis semanas abaixo de 1 - e no interior, 0,83.

Taxa do Ritmo de contágio do novo coronavírus
Taxa do Ritmo de contágio da Covid-19 no ES. (Reprodução/NIEE)

Pablo Lira, diretor de Integração do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN) e membro do Núcleo Interinstitucional de Estudos Epidemiológicos (NIEE), ressalta que, mesmo com a já esperada oscilação positiva na Região Metropolitana, o importante é manter o indicador abaixo de 1.

"É o tempo necessário para consolidar o cálculo do modelo da taxa, e quando o indicador está abaixo de 1, como o registro mais recente, demonstra que a transmissão está perdendo força. Estamos conseguindo manter uma redução sustentada", afirmou.

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