Rastros de destruição se espalham por toda a rua Antônio Roberto Feitosa, no bairro Cristóvão Colombo, em Vila Velha, após o desabamento de um prédio de três andares na manhã de quinta-feira (21). Pedaços de parede, vidro e outros escombros se amontam nas calçadas e no asfalto.
Além do edifício que foi abaixo após uma explosão, cuja causa ainda é investigada, imóveis vizinhos também foram afetados. Embora calculem o prejuízo provocado pelo incidente, a preocupação principal de quem mora no entorno ainda é com a tragédia que se abateu sobre o bairro. A região abriga famílias que moram há gerações nos mesmos imóveis e todos se conhecem.
Uma das casas chegou a ser interditado pela Defesa Civil do município. Trata-se de um sobrado que estava sendo reformado por um casal que ainda não morava nele. A casa fica em frente ao imóvel que desabou e teve parte da estrutura do segundo andar comprometida.
"Não há risco de desabamento, mas o andar superior está com uma trinca muito grande. Como não tem laje, o deslocamento da massa de ar gerou uma movimentação e, na avaliação dos engenheiros, ele precisa ser reforçado”, explica Marcelo d'Issp Coordenador da Defesa Civil de Vila Velha.
Outros imóveis isolados temporariamente foram liberados ainda na tarde de quinta (21) após engenheiros fazerem uma vistoria. Não foram constatados problemas estruturais nos outros imóveis do entorno. "Tivemos só vidros, janelas, portas e portões quebrados. Por isso, a volta foi liberada e as pessoas já pernoitaram nas residências", detalhou Marcelo.
Passado o choque inicial, os moradores agora começam a avaliar os prejuízos. O aposentado Elson Ribeiro da Silva, de 72 anos, mora há dez anos em uma residência localizada bem ao lado do prédio que desabou. Ele varria o quintal no momento do desabamento e, por pouco, não foi atingido pelos destroços. O muro da casa dele foi destruído na tragédia.
“Tivemos a queda de muro e o meu carro ficou com a parte traseira soterrada, mas não foi nada mais grave. Também houve algum impacto por causa do deslocamento de ar, que trincou o gesso. Mas já fizeram a avaliação, a casa está liberada. Ontem mesmo voltamos.”
Ele reforça, porém, que os danos materiais são os menores problemas. “Eu não conhecia tanto, minha esposa tinha uma proximidade maior com a família que morava ali, eram muito reservados, mas é triste. Para mim, felizmente, foram só os danos materiais.”
Agora, a família do aposentado tenta descobrir como proceder para reformar o que foi danificado. “A gente vai correr atrás para resolver os prejuízos da melhor forma possível. Vamos tentar ver se a prefeitura dá algum apoio à gente, mas se não der, vamos resolver de algum jeito. Vamos fazendo mais devagarzinho, mas vamos resolver. Foi uma fatalidade, não tem como culpar ninguém.”
Do outro lado da rua, a dona de casa Osana Márcia Avancini Rios, 55, conta que o vidro das janelas do imóvel em que vive estourou com o deslocamento de ar que precedeu o desabamento.
“Mas ainda não é hora, não é momento para a gente procurar saber disso, de como vamos resolver. Estamos preocupados é com a menina [Larissa] que está no hospital. Eu a conheço desde que nasceu.”
Única vítima que sobreviveu ao desabamento em Vila Velha, a doceira Larissa Morassuti precisou ser transferida por precaução para a UTI do Hospital Estadual de Urgência e Emergência, em Vitória. De acordo com informações obtidas pela TV Gazeta nesta sexta-feira (22), ela apresentou complicações renais, mas que não teriam relação direta com o acidente.
Por volta das 10h, uma prima dela publicou um vídeo nas redes sociais no qual afirmou que Larissa está bem. "A gente entrou em contato com o hospital e uma plantonista conhecida nossa disse que ela está na UTI para monitoramento. Ela só tem uma luxação na coxa esquerda. Está lúcida", disse Patrícia Morassuti.
Patrícia criou uma "vaquinha" para ajudar a prima, e ressaltou que a familiar vai precisar deste apoio quando receber alta do hospital. Na descrição da página em que é possível fazer a doação, Patrícia ressalta que a prima perdeu tudo no desabamento e que tem um coração enorme. "Dentro da ambulância, ela perguntava pela família e estava preocupada com as encomendas de doces que precisava entregar", escreveu.
A doceira foi a primeira a ser resgatada, no início da tarde dessa quinta-feira (21), após quase cinco horas do imóvel desabar. Outros três moradores do prédio, parentes dela, foram retirados dos escombros várias horas mais tarde, mas morreram ainda no local: Eduardo Cardoso, de 68 anos (pai); Camila Morassuti Cardoso, de 33 anos (irmã); Sabrina Morassuti Lima, de 15 anos (sobrinha).
A vizinha, Osana, descreveu a família como tranquila: “O pai ficava mais na dele, as meninas também eram bastante caseiras. Praticamente só saia de casa para o serviço, a Camila. A adolescente era da escola para casa e da casa para a escola. Mas era uma menina meiga, muito boazinha.”
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta