Mais de uma semana após a enxurrada que atingiu Alegre, no Sul do Espírito Santo, a cidade ainda sente os efeitos dos alagamentos e desmoronamentos. Segundo o município, 600 pessoas continuam desalojadas e 120 casas estão interditadas. Mas esse número pode ficar maior depois do mapeamento das áreas de risco feito pelos engenheiros do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado (Crea).
A aposentada Delícia Alves de Oliveira se emociona ao lembrar o que aconteceu no dia 16, próximo da casa dela, no bairro Vila Viana. Um barranco cedeu e a residência ainda está em uma área de risco.
“Saber que eu tô sendo engolida por uma enchente e por uma barreira, para mim, não tem aniversário, não tem mais nada. A gente não tem condição, o morro está abrindo tudo para jogar aqui. Meu irmão gastou R$ 350 mil na casa dele e mandaram ele sair, minha irmã também está construindo ali e está perdendo tudo”, disse a aposentada em entrevista ao repórter Thales Rodrigues, da TV Gazeta Sul.
O medo é vizinho de outros moradores de Alegre. Nesta semana, mais de 20 profissionais do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado do Espírito Santo (Crea-ES) mapearam as áreas de risco da cidade. O conselheiro do órgão, Éder Moreira, contou que eles usam mapas com tecnologia em 3D para auxiliar no relatório.
“Ele nos ajuda a enxergar o terreno sem precisar estar lá em cima, numa área de risco. Visualizamos um rastejo, que é um princípio de um deslizamento, e avisamos à comunidade que estão num risco moderado”, afirmou Moreira, que também é professor da Universidade Federal do Espírito Santo.
A residência da dona de casa Vera Lúcia Dos Reis fica em uma dessas áreas de risco. O barranco ao lado do imóvel cedeu e a enxurrada de lama tomou conta da rua", disse a dona de casa.
O Crea alerta para indícios de riscos que os moradores precisam observar. “A principal orientação é observar se há trincas acontecendo no piso ou nas paredes. Se isso acontecer, ligue para a Defesa Civil (193) imediatamente. Saia de casa, vai para um local seguro”, disse Eder Moreira.
O Conselho vai entregar um documento nos próximos dias sobre as áreas de risco para a Prefeitura de Alegre. Os dados devem ajudar o município a conseguir recursos do governo estadual e do federal para fazer obras na cidade.
A prefeitura informou que ainda está realizando o estudo das famílias para ver quais podem receber aluguel social. No momento, 15 famílias estão contempladas.
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