As atividades presenciais na rede estadual de ensino vão ser retomadas com escalonamento e rodízio de alunos. Essas são algumas das estratégias no planejamento da Secretaria de Estado da Educação (Sedu), porém ainda não há definição sobre data de retorno. A decisão sobre o dia em que as escolas vão estar liberadas para receber estudantes, professores e servidores depende da avaliação da área da Saúde, a partir do comportamento da Covid-19 em território capixaba.
As medidas foram anunciadas pelo secretário Vitor de Angelo, ao participar de uma live do Laboratório de Gestão da Educação Básica do Espírito Santo (Lagebes), da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), na noite desta quarta-feira (24).
Vitor disse que, quando houver autorização para o retorno, não dá para voltar todos os estudantes de uma só vez, porque evitar a aglomeração e a interação continuará sendo necessário. Diante disso, no plano da Sedu, a perspectiva é de que a retomada das atividades presenciais comece pelos alunos mais velhos, ou seja, com as turmas do ensino médio. Contudo, ainda não há consenso.
A ideia, afirmou o secretário, é que com os alunos do ensino médio seria mais factível colocá-los com parceiros na socialização dos protocolos de saúde que serão necessários no ambiente escolar. "Há redes propondo voltar primeiro com os mais novos, mas devemos pensar que há poucos adultos para fazer o monitoramento dessas crianças para o uso de máscaras, por exemplo. Com os mais velhos, temos a dimensão do protagonismo juvenil, e podemos estabelecer alguns compromissos atitudinais."
Seguindo por essa lógica da Sedu, o retorno começaria com ensino médio, depois as turmas dos anos finais do fundamental, na sequência os alunos dos anos iniciais e, por fim, a educação infantil.
Com a conclusão do escalonamento, chega a hora de adotar o revezamento. "Depois de um mês, todo mundo já colocou o pé na escola. Então, começamos a revezar: metade da turma em uma semana, metade na outra. Há modelos que também sugerem alternância a cada 15 dias, para seguir o ciclo do vírus; outros indicam dia sim, dia não. Há prós e contras em todos, mas a ideia básica é o revezamento", ressaltou Vitor de Angelo.
O secretário afirmou que o Programa Escolar - implementado a partir da suspensão das aulas presenciais - será mantido para que, nos dias em que o aluno não estiver na escola, continue com atividades. "Vai ser um modelo híbrido: remoto e presencial", reforçou.
Apesar do escalonamento e revezamento para alunos, a mesma estratégia não será adotada para profissionais que atuam nas escolas. Atenção diferenciada apenas para os casos em que os servidores apresentarem alguma comorbidade que possa aumentar o risco à saúde em caso de contágio pelo coronavírus. Nesta condição, alunos e trabalhadores vão desenvolver suas atividades exclusivamente de casa.
É também de olho na situação dos servidores que, segundo Vitor de Angelo, há uma preocupação de que o planejamento seja conjunto com as representações de outros sistemas, uma vez que há muitos profissionais que atuam em escolas de outras redes. "Não podem ter férias em um lugar e não em outro. Há ainda a questão do transporte que, em muitos municípios, é compartilhado."
Questionado sobre prazo para o retorno, Vitor de Angelo frisou que a Sedu não tem compromisso em estabelecer datas porque essa decisão não passa pela Educação, mas sim pela Saúde. Respondeu também que projeções feitas anteriormente, sobre retorno em julho ou agosto, eram apenas referência para que a secretaria pudesse fazer o planejamento.
"Não será julho, e isso está muito claro. Agora estamos pensando em agosto, mas não há compromisso. Não é também para gerar uma falsa expectativa. É uma data de referência para planejar e, havendo condições, voltaremos. Se não, poderá ser em setembro e, assim, sucessivamente", pontuou.
Vitor de Angelo foi informado, durante a live, que há escolas particulares já comunicando às famílias o retorno para o próximo mês. O secretário disse que não poderia falar pela rede privada, mas lembrou que, para retomada das atividades presenciais, é preciso que o governo do Estado autorize por decreto, o que apenas será feito quando houver condições sanitárias para tal.
"Como podem anunciar volta em julho se o governador não suspendeu o decreto que proíbe as aulas presenciais?", questiona o secretário.
O Sindicato das Empresas Particulares de Ensino do Espírito Santo (Sinepe-ES) elaborou uma cartilha com protocolos de saúde para as instituições se adaptarem com a expectativa de poder voltar no mês que vem. Entre as medidas, uso obrigatório de máscaras, distanciamento mínimo entre alunos nas salas de aula e instalação de dispositivos com álcool em gel na escola.
Para a rede estadual, Vitor de Angelo falou que a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) está finalizando o protocolo nesta semana, e que depois será discutido na Sala de Situação do governo, que inclui ainda outros representantes do Executivo e assessoramento técnico da Ufes.
O secretário acrescentou que a Sedu trabalha com quatro diretrizes para a retomada - saúde, pedagógica, administrativa e psicossocial - e todo o plano será colocado em consulta pública antes da volta às atividades presenciais.
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