As doses remanescentes nos frascos de vacina contra a Covid-19 devem ser aproveitadas pelas equipes de imunização conforme o cronograma de vacinação do município, isto é, atendendo o grupo prioritário do momento ou o subsequente. Popularmente chamada de "xepa da vacina", a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) trata como otimização de uso para evitar o desperdício.
As orientações foram encaminhadas pela Sesa aos municípios através do ofício 005/2021, no qual está estabelecido que, "ao final do expediente de vacinação, e caso ainda haja doses disponíveis nos frascos, o imunizante deve ser direcionado para pessoas contempladas em alguns dos grupos priorizados no Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a Covid-19, preferencialmente aqueles que estão sendo contemplados no momento".
A Sesa ressaltou ainda, em nota, que o tempo de validade dos imunizantes após a abertura dos frascos varia, e a medida visa evitar perdas técnicas de doses. "O chamamento dessa população fica sob a responsabilidade das equipes, conforme cadastro da Unidade Básica de Saúde", acrescentou.
As vacinas da Coronavac e da Pfizer precisam ser usadas até seis horas após a abertura do frasco, segundo a bula dos imunizantes. Já a vacina da AstraZeneca pode ser utilizada até 48 horas após aberta, desde que mantida na temperatura de dois a oito graus.
Em coletiva de imprensa nesta terça-feira (22), o subsecretário estadual de Vigilância em Saúde, Luiz Carlos Reblin, criticou o termo "xepa", porque pode passar a impressão de que se trata de algo de segunda linha.
"Não concordamos com ele (o termo xepa) para um produto como uma vacina, comparada a uma modalidade em que se adquire algo de qualidade inferior ou que alguém não quis. Temos uma nota que trata do assunto, regulamentando quando é que aplicamos uma dose de vacina em alguém que não estava no grupo no momento. É raro acontecer entre nós porque o Espírito Santo trabalha com agendamento, e não com livre demanda. Diferentemente de outros Estados, que deixam livre o acesso das pessoas. Por isso, publicamos nota orientando como os municípios deveriam proceder no que é chamado de otimização da vacina", argumentou Reblin.
No caso de uma pessoa agendada deixar de comparecer à vacinação, a dose remanescente pode ser aplicada, conforme os critérios já repassados aos municípios. "A sala de vacina deve providenciar alguém do mesmo grupo ou de grupo que seria o próximo a ser vacinado", acrescentou.
O secretário Nésio Fernandes, também na coletiva, observou que o Espírito Santo adotou estratégia de vacinação que a chamada "xepa" não tem peso no incremento da imunização do Estado, já que são situações muito pontuais. Ele citou como exemplo o grupo dos idosos que, em outros locais, tem cobertura de 80 a 85%, enquanto em território capixaba já passa de 98%.
"As estratégias que adotamos até o momento foram adequadas para dar completude a cada faixa etária no esquema de vacinação, e entendemos que, para o volume residual dos frascos, devem ser adotados os critérios que o Estado já vem apresentando. Não consideramos esse volume de proporção tão grande para poder mobilizar tantas pessoas, e não representa capacidade de incremento da vacinação da população, mas sim uma gestão muito local, do município, para otimização do uso das doses", afirmou Nésio.
O Ministério da Saúde também recomenda que, ao final do expediente dos postos de vacinação, as doses sejam disponibilizadas às pessoas dos grupos prioritários. Em São Paulo, por exemplo, a prefeitura orienta as unidades de saúde a fazer lista de espera com o público acima de 18 anos, sem comorbidades. Se houver disponibilidade de doses, as pessoas vão sendo chamadas, seguindo prioridades definidas pelo município: lactantes, acadêmicos da área da Saúde em estágio, população em geral.
No interior paulista, na cidade de Campinas, também há cadastro para a "xepa". Mas, diferentemente da Capital, onde as pessoas devem se dirigir até uma unidade de saúde para se registrar na fila de espera, os campinenses podem se inscrever pela internet. Contudo, caso sejam acionados, devem comparecer para tomar a vacina em no máximo 20 minutos.
Várias cidades paulistas adotaram a "xepa", mas São Paulo não é o único Estado onde a prática se espalhou. Em Natal, a Câmara Municipal aprovou na tarde desta terça-feira (22) o projeto de lei que regulamenta as sobras das vacinas na capital do Rio Grande do Norte. O projeto aprovado por unanimidade estendeu a qualquer pessoa maior de 18 anos que esteja em torno do ponto de vacinação a possibilidade de ser imunizada com as outras doses do frasco aberto.
No Rio de Janeiro (capital) e em Belo Horizonte (MG), apenas pessoas acamadas ou dos grupos prioritários elegíveis podem receber doses excedentes, enquanto em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, toma a vacina quem estiver no posto no fim do expediente.
Com informações de Agência Brasil e Agência Folhapress
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