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240 mil procuram trabalho no ES, mas não acham

240 mil procuram trabalho no ES, mas não acham

Com esse desempenho, a taxa de desocupação do Estado chegou a 12,4% em julho e 1,27 milhão de pessoas estão fora da força de trabalho, segundo o IBGE

Publicado em 21 de agosto de 2020 às 20:25

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Carteira de Trabalho e Previdência Social do Ministério do Trabalho
Carteira de Trabalho e Previdência Social do Ministério do Trabalho. (Carlos Alberto Silva)

Em meio à pandemia do novo coronavírus240 mil pessoas estavam desempregadas e buscando por um trabalho no Espírito Santo no mês de julho, mas não encontraram. Entre maio e julho deste ano, o número de pessoas sem emprego no Estado cresceu em 27% e a taxa de desocupação chegou a 12,4% em julho. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Covid (Pnad Covid),  do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Em maio, primeiro mês de divulgação da pesquisa, o Espírito Santo tinha 189 mil desempregados que buscavam por uma oportunidade. Em junho, passou para 214 mil e em julho o número subiu novamente, atingindo 240 mil. Os dados mais recentes foram divulgados nesta quinta-feira (20).

Para se ter uma dimensão do que o número atual de desempregados representa, ele equivale, aproximadamente, à soma de toda a população das cidades de Linhares (141 mil) e Guarapari (105 mil).

O total de pessoas fora da força de trabalho (pessoas com 14 anos ou mais que estão ocupadas ou desocupadas) também cresceu, passando de 1,27 milhão, em junho, para 1,31 milhão, em julho. Ou seja, cerca de 40 mil trabalhadores deixaram a força de trabalho do Estado. 

Ainda de acordo com o IBGE, no total, 714 mil pessoas estão pressionando o mercado de trabalho em busca de alguma ocupação. O número é composto pela soma dos profissionais fora da força de trabalho que gostariam de trabalhar (474 mil) com a população desocupada (240 mil).

"Quando o motivo de não ter procurado trabalho estava relacionado à pandemia ou à falta de emprego na localidade, o total de pessoas foi de 522 mil pessoas. Já quando somados esse número ao de desocupados, houve um crescimento de 50 mil pessoas em relação ao mês anterior", explica o IBGE, em nota técnica.

552 MIL
PESSOAS NÃO PROCURAM POR TRABALHO NO ES DEVIDO À COVID-19

Enquanto o desemprego vem aumentando, o total de profissionais trabalhando teve uma redução de 58 mil. Em junho, eram 1,762 milhão e, no mês seguinte, 1,704 milhão de pessoas. A população na força de trabalho (maiores de 14 anos ocupados e desocupados) teve uma redução de 31 mil pessoas no mesmo período entre os meses de junho e julho – 1,976 milhão e  1,945 milhão, respectivamente.

CAI O NÚMERO DE AFASTADOS DO TRABALHO POR CAUSA DA PANDEMIA

No Espírito Santo, o número de pessoas afastadas do trabalho por causa da pandemia do novo coronavírus teve redução de 37,4%. De acordo com a Pnad Covid, em junho, 206 mil trabalhadores estavam afastados do emprego. Já em julho, o quantitativo passou para 129 mil, sendo que, desse total, 59 mil estavam sem remuneração.

Em todo o Estado, em julho, 185 mil trabalhadores estavam afastados do trabalho por diversos motivos. Desse quantitativo, aproximadamente 59 mil pessoas não receberam remuneração (69 mil a menos que no mês anterior). Esse total representava 32% das pessoas afastadas do trabalho ou 3,5% do total de ocupados.

111 MIL PESSOAS NO ES CONTINUAM EM HOME OFFICE

Pouco mais de 7% dos trabalhadores do Espírito Santo, 111 mil pessoas estavam em home office ou trabalhando a distância durante o mês de julho. O número é 19,5% inferior ao registrado em junho (129 mil).

INFORMALIDADE NO ES CAI EM 7,5%

O número de trabalhadores informais caiu em 7,5% entre junho e julho deste ano. De acordo com a Pnad Covid mensal, em junho 603 mil pessoas estavam na informalidade. No mês seguinte, o quantitativo reduziu para 557,2 mil.

68 MIL FAMÍLIAS DO ES PEDIRAM EMPRÉSTIMO EM JULHO

Do total de 1,3 milhão de domicílios no Espírito Santo, em cerca de 68 mil (5%) algum morador solicitou empréstimo financeiro em julho. Em 54 mil dessas residências o pedido foi atendido, já em outras 14 mil foi negado. Ou seja, 79,4% dos domicílios onde houve solicitação o crédito foi concedido.

De acordo com os dados da Pnad Covid, a maior fonte de empréstimo foram os bancos e outras instituições financeiras ( 81,9%). Já em 17,9%, algum morador conseguiu empréstimo com amigos ou parentes.

45 MIL PESSOAS NO ES APRESENTARAM SINTOMAS DE COVID-19

Durante o mês de julho, 45 mil pessoas no Espírito Santo tiveram sintomas do novo coronavírus. O número foi 30,7% menor do que o registrado no mês de maio (62 mil). De acordo com a pesquisa Pnad Covid, esses indivíduos relataram ter sinais conjugados da doença, como perda de olfato, paladar ou tosse; febre e dificuldade para respirar; ou febre, tosse e dores no peito.

Ainda segundo os dados, 287 mil pessoas no Estado apresentaram pelo menos um dos sintomas gripais em julho. Ou seja, 7,1% do total da população do Espírito Santo. O número foi menor do que o de junho, quando 369 mil pessoas tiveram quadro suspeito.

De acordo com o levantamento, do total de pessoas que apresentaram sintomas conjugados no Estado, 26 mil foram a algum tipo de unidade de saúde e outras 20 mil não buscaram ajuda médica. O IBGE observa que os quadros foram informados pelo morador e não se pressupõe a existência de um diagnóstico médico.

ANÁLISE

"Recuperação do mercado de trabalho ainda será mais demorada"

"Embora seja possível observar alguns sinais de retorno da atividade econômica, a recuperação do mercado de trabalho ainda será mais demorada. Enquanto os dados do Caged mostraram uma redução no ritmo das demissões e uma aceleração das admissões no Espírito Santo, os dados da Pnad apontaram em outra direção, indicando que os efeitos negativos da pandemia ainda são significativos. 

Mas há que se considerar a diferença entre essas pesquisas. O Caged fornece informações das empresas formalmente registradas e, por isso, abrange apenas os empregos formais. A Pnad, por ser uma amostra domiciliar, abrange também os trabalhadores informais. Essa pesquisa mais ampla retrata melhor o comportamento do mercado de trabalho. Os 240 mil desocupados no Espírito Santo representam um aumento em relação aos meses anteriores, ou seja, há uma continuidade na deterioração do mercado de trabalho. 

Antes mesmo da pandemia, a taxa de desemprego já estava elevada. A crise só acelerou a migração de muitos trabalhadores para a informalidade. O contraste apresentado pela Pnad é que, apesar das expectativas de recuperação, ainda temos queda no número de ocupações, aumento do desalento e da subutilização do trabalho. 

A estrutura do mercado de trabalho é mais frágil do que se pensava. Além disso, caso o auxílio emergencial seja extinto ou reduzido, muitos voltarão a procurar emprego. Caso a aceleração da economia não seja suficiente para absorver esses trabalhadores, o que é o cenário mais provável, haverá aumento da taxa de desemprego. Mesmo com o relaxamento das restrições, a recuperação da atividade econômica tem sido bastante lenta, ainda com poucos reflexos sobre o mercado de trabalho, considerando, é claro, o retrato mais amplo mostrado pela Pnad."

Celso Bissoli

Economista e presidente do Corecon-ES

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