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32 cidades do ES vão ter que criar taxa de lixo até julho de 2021

32 cidades do ES vão ter que criar taxa de lixo até julho de 2021

Atualmente, pelo menos 27 municípios capixabas cobram pelo serviço de coleta, transporte e destinação do resíduo sólido urbano. A contribuição foi estipulada no novo marco legal do saneamento, sancionado em julho

Publicado em 22 de dezembro de 2020 às 05:00

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Data: 27/11/2020 - ES -  Vitória - Lixo acumulado nas ruas da Praia do Canto - Editoria: Cidades - Foto: Fernando Madeira - GZ
Lei prevê que pelo menos parte dos gastos com coleta, transporte e destinação correta do lixo sejam bancados pela população. (Fernando Madeira)

Pelo menos 32 municípios do Espírito Santo precisarão criar, até julho do ano que vem, uma taxa ou tarifa de lixo. O novo marco legal do saneamento, sancionado em julho deste ano, estabeleceu o prazo de um ano para os municípios formularem e implementarem essa cobrança.

A lei busca dar sustentabilidade financeira a um setor que precisa de investimentos e que atualmente corrói o orçamento das prefeituras.

Os dados são do Sistema Nacional de Informação em Saneamento (SNIS) e são referentes a 2018. Dos 78 municípios do Estado, 59 forneceram informações ao sistema.

Desses, 27 afirmaram cobrar pelo serviço regular de coleta, transporte e destinação do resíduo sólido urbano. A lista inclui todas as cidades da Grande Vitória, com exceção de Viana.

Os demais 32 afirmaram que não o fazem, incluindo cidades como Cachoeiro de Itapemirim, que está formulando o projeto, e Aracruz.

Dos municípios que já têm a cobrança, a maioria (24 deles) a inclui no IPTU. Em Colatina, Linhares e São Mateus o valor vem na conta de água.

TAXA OU TARIFA

Para que a nova cobrança seja implementada, as prefeituras têm que enviar um projeto à Câmara de Vereadores da cidade, que precisa aprová-lo. Atualmente no país há duas modalidades: ou é cobrado sob a forma de taxa ou de tarifa.

No caso da taxa, o recurso é direcionado para a prefeitura, que escolhe como vai prestar o serviço. Pode contratar uma empresa de limpeza terceirizada ou fazer por conta própria, através de uma empresa pública ou autarquia municipal.

Já no caso da tarifa, o dinheiro vai para a concessionária contratada para atuar naquela atividade.

No Espírito Santo, atualmente, todas as cidades que possuem contribuição voltada para resíduos sólidos cobram através de taxas.

O valor da taxa varia conforme a legislação de cada cidade e costuma ser diferente para imóveis comerciais e residenciais. Em Vitória, por exemplo, ele é determinado de acordo com o bairro e a estimativa de geração de lixo de um determinado imóvel.

COBRANÇA AJUDA A BANCAR SERVIÇO E PODE AJUDAR NA ELIMINAÇÃO DOS LIXÕES

O coordenador-técnico do Laboratório de Gestão do Saneamento Ambiental (Lagesa) e professor da Ufes, Renato Siman, afirma que além de ser legalmente amparada, a taxa de manejo de resíduos sólidos é fundamental. Ela pode, inclusive, desafogar as finanças de alguns municípios que hoje chegam a gastar quase 10% da receita arrecadada nesses serviços.

Ele lembra que o manejo dos resíduos de uma cidade não significa somente a coleta e destinação adequada do lixo na porta dos comércios e residências, mas inclui a limpeza urbana, varrição, capina, roçada, limpeza de praças, parques e jardins, coleta de seletiva, papa-móvel, retirada de entulho, entre outras atividades.

“Esses gastos estão acabando com o orçamento dos municípios. Alguns município no Estado já têm licitados os serviços e estão deixando de executar porque não estão conseguindo fechar o ano fiscal. Aí ele deixa de oferecer o serviço. É quando você passa em uma rua e vê entulho espalhado pelos terrenos baldios. Quando ele não consegue mais executar uma contratação, ele fala para a empresa parar de coletar”, diz.

Siman ressalta ainda que a criação da taxa de lixo pode colaborar para a mitigação de outro problema sério, os lixões. Ele acredita que essa cobrança pode dar sustentabilidade financeira para os municípios se unirem em consórcio e fazer aterros sanitários para si, ou conceder o serviço em conjunto.

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Vamos pegar como exemplo São Domingos do Norte, que está a 200 quilômetros do aterro sanitário mais próximo, que fica em Cariacica. Ele paga quase R$ 200 mil por mês só de transporte do lixo. Como um município desse não vai ter lixão? O lixão não é uma opção, você não encontra um prefeito que quer lixão, ele não tem outra saída

Renato Siman
Coordenador-técnico do Laboratório de Gestão do Saneamento Ambiental (Lagesa) e professor da Ufes
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Todas as dez cidades mais bem pontuadas no Índice de Sustentabilidade de Limpeza Urbana de 2019, produzido pelo Sindicato das Empresas de Limpeza Urbana (Selurb) e PwC Brasil, cobrem pelo menos 53% das despesas com os serviços por meio da arrecadação específica. As quatro cidades com melhor pontuação – Santos, Niterói, Blumenau e Rio de Janeiro – cobrem quase 100%.

Segundo o sindicato, esse parâmetro é um indicativo de que, quanto maior a capacidade operacional financeira, maior é a obtenção de resultados na implementação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS).

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