Das 624 mil pessoas com 60 anos ou mais vivendo no Espírito Santo, 230,2 mil estão endividados, segundo dados do Serasa. Isto é, 36,89% dos idosos do Estado estão inadimplentes.
Eles representam 18% do número total de devedores (1.279.037), e os motivos para a inadimplência são variados. Mesmo aqueles que não estão com nome sujo, vivem muitas vezes no limite, com a renda estrangulada.
O diretor-executivo do Sindicato dos Aposentados no Espírito Santo, Jânio Araújo, diz que a situação preocupa porque a própria condição dos idosos, que têm mais gastos com saúde, por exemplo, causa despesas constantes, que, muitas vezes, superam a renda.
“É uma série de fatores. Primeiro, os valores da aposentadoria. A maioria dos nossos aposentados ganha um salário mínimo. E quem ganha acima disso, não tem aumento real, apenas recomposição da inflação. Então, o poder de compra já diminui com essa situação. Agora, imagine ainda que a pessoa idosa precisa comprar remédios, tem alimentação diferenciada, às vezes tem que ajudar a família.”
Ele explica que, sobretudo durante a pandemia, muitos filhos, sem emprego, acabaram retornando à casa dos pais, que ficaram com a renda ainda mais comprometida.
“Isso tudo tem levado ao endividamento. E, se não bastasse o consignado, tem o crédito pessoal. Tem aposentado recorrendo até a agiota para custear alimentação, remédios. Com esse quadro, é muito difícil o aposentado não estar no quadro de devedores.”
O aposentado Geraldo Pinto da Vitória, 76 anos, é um dos que se encontram em problemas. Ele acumula 11 empréstimos consignados, descontados diretamente do benefício, e conta que nove deles foram resultados de fraudes, sendo feitos por outras pessoas, sem que ele soubesse, conforme reportagem de A Gazeta.
Endividado e com dificuldades para pagar as contas, ele procurou o Sindicato dos Aposentados para descobrir como solucionar a situação.
“Claro que tem muita gente boa no mundo, mas fico decepcionado com o tanto de gente que faz falcatrua em nome da gente. Graças a Deus meus filhos trabalham, mas imagine se eu tivesse mesmo que pegar empréstimo para suprir meus filhos, ou para alguma emergência?”
Entre os segurados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), mais de 283,3 mil têm empréstimos ativos, descontados diretamente do benefício. O órgão não especificou quantos desses são aposentados, mas esclarece que um único beneficiário pode ter mais de um empréstimo.
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