A saga de quatro dos cinco passageiros que pretendiam passar o Natal em Belo Horizonte, Minas Gerais, saindo do aeroporto de Guarapari, nesta quinta-feira (24), finalmente chegou ao fim.
Stela Rodrigues e os filhos de 8 e 11 anos, bem como Rodrigo Giovanni de Almeida Domingos Jorge embarcaram na tarde desta sexta-feira (25), em voo de Vitória com destino à capital do Estado vizinho, após cancelamento do voo da companhia aérea Azul, no dia anterior.
Já o quinto passageiro, que preferiu não se identificar, contou que desistiu da viagem devido à frustração por não ter passado a importante data junto à família.
Os consumidores que embarcariam para o Natal em família, na capital mineira, ainda no dia 24 de dezembro, receberam a notícia do cancelamento do voo e precisaram esperar cerca de 5h no aeroporto de Guarapari para que alguma medida fosse tomada, o que só veio a se cumprir nesta sexta-feira (25), quase 24 horas depois.
A rota aérea especial de verão começou a ser operada pela empresa na semana passada em aeronaves modelo Cessna Grand Caravan, que têm capacidade para nove clientes. Mas uma semana após o início das operações já teve um dos voos cancelados, apesar dos bilhetes vendidos.
Segundo o empresário do ramo de tecnologia Rodrigo, de 30 anos, a situação enfrentada foi a tradução de uma prestação de serviço feita a números, em vez de pessoas. "Eu passei a ceia de Natal comendo batata de pacote, chocolate, bala e suco, pagos por mim. A companhia não nos deu posição nenhuma. Nos levaram para Vitória ontem (24), às 21h, disponibilizaram um hotel que não tinha mais jantar sendo servido. Não foi custeado transporte para a hospedagem nem de volta ao aeroporto para o embarque, nem sequer perguntaram se estávamos bem", disse.
Antes de ir para o hotel, na véspera do Natal, Rodrigo chegou a questionar se não havia algum embarque imediato por outra companhia. "Eu sabia que havia outros voos, mas falaram que não tinha jeito. Disseram que o voo seria hoje (25) às 15h, sem chances de eu almoçar com meu filho e esposa. Por enquanto não estou pensando em medida judicial porque pretendo curtir minha família. Para mim, a empresa não se preocupa com pessoas, é só transportar carga, pouco se importaram com o espírito de Natal. Posteriormente, penso em alguma conversa para saber como solucionar esse impasse", explicou.
A reportagem de A Gazeta também conversou com um dos consumidores, um morador de Belo Horizonte, idoso, que preferiu não se identificar. Segundo relato dele, concedido entre muitas lágrimas, o momento que viveu no aeroporto de Guarapari foi de um grande abuso.
"Eu não quero mais participar disso, só de pensar no tanto que eu sofri ontem. Foi um descaso muito grande, um desrespeito, estou muito abalado. Pela minha idade, nunca passei por situação parecida. Parecia que a gente não era ninguém. Fiquei no local de 15h até 20h e arquei com minhas despesas. A companhia prejudicou todo o meu plano do Natal, ia passar com minha família e acontece essa irresponsabilidade. Vou ficar em Guarapari e não tenho família aqui, minha família mora toda em Belo Horizonte. Mas agora vou dar um tempo, deixar passar essa crise, não quero programar a viagem agora, estou com medo de uma nova decepção", lamentou.
Demandada pela reportagem, a companhia aérea Azul informou, em nota, que, em função de problemas meteorológicos em Guarapari (ES), o voo AD5102 (Belo Horizonte-Guarapari) alternou para Vitória ontem.
"Em consequência disso, o voo AD5103 (Guarapari-Belo Horizonte) foi cancelado e os clientes impactados seguiram por via terrestre até o aeroporto da capital capixaba. No entanto, a aeronave que iria operar o voo da volta a partir de Vitória foi submetida à uma manutenção não-programada. A Azul ressalta que os clientes da Azul Conecta receberam toda a assistência necessária, conforme prevê a resolução 400 da Anac, e foram reacomodados em voos da própria companhia programados para hoje. A Azul lamenta eventuais aborrecimentos ocorridos e reforça que ações como essas são necessárias para garantir a segurança de suas operações".
O empresário Rodrigo Giovanni de Almeida Domingos Jorge conta que ficou muito preocupado com a infraestrutura do aeroporto de Guarapari. Para ele, que tem 30 anos , a questão era suportável, mas havia, segundo ele, gente idosa aguardando o voo.
"Lá não tinha água e alimentação, não vendia água e comida. O local mais próximo para isso exige deslocamento margeando a rodovia. Achei o cúmulo do absurdo, não tem cabimento aquela infraestrutura". Ele acrescentou ainda: "Sei que após 2h de atraso de voo é obrigatório o fornecimento de alimentação", afirmou.
Demandada para saber sobre a falta de estrutura do aeroporto, em nota, a Prefeitura de Guarapari respondeu que "considerando a recente retomada dos voos comerciais ao Terminal Aeroportuário Municipal de Guarapari, no último dia 17, a Secretaria de Obras do município já está realizando os procedimento para a concessão do uso e exploração do espaço comercial destinado a lanchonete".
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