> >
7 imagens de satélite misteriosas em aeroportos, portos e ferrovia no ES

7 imagens de satélite misteriosas em aeroportos, portos e ferrovia no ES

Viaduto que liga o nada ao lugar nenhum, barreira no mar de Vitória, campo de futebol no meio do mato são algumas das curiosidades que as fotos do espaço mostram do Espírito Santo

Publicado em 3 de janeiro de 2021 às 13:12- Atualizado há 4 anos

Ícone - Tempo de Leitura 8min de leitura
Campo de futebol na área do Aeroporto de Vitória, próximo a rodovia Norte Sul
Campo de futebol na área do Aeroporto de Vitória. (Satélite/Google Earth/2020)

Um campo de futebol em meio à área do aeroporto. Um viaduto que liga nada a lugar nenhum. Uma barreira curiosa no mar de Vitória. Esses são alguns exemplos de curiosidades e mistérios que as imagens de satélite revelam sobre portos, aeroportos e ferrovias no Espírito Santo.

Algumas são descobertas impressionantes, como o avião abandonado na mata do aeroporto da Capital e o cemitério de vagões na zona rural da Serra, já mostrados por A Gazeta. Mas a reportagem vasculhou as imagens do Google Earth e foi atrás de mais enigmas. Reunimos os sete principais abaixo. Confira:

1. Barreira no mar
PORTO DE TUBARÃO, EM VITÓRIA
Barreira no mar em frente o porto de Tubarão
Barreira no mar em frente o porto de Tubarão. (Satélite/Google Earth/2020)

Próximo ao Porto de Tubarão, em Vitória, o satélite flagrou um objeto misterioso no mar que aparenta ser uma boia ou uma rede de cor vermelha. Trata-se, na verdade, de uma das barreiras de contenção que ficam perto dos terminais portuários para casos de vazamentos de óleo.

Segundo a Transpetro, que opera no local o píer de abastecimento de navios com óleo bunker, essa estrutura fica próxima dos navios. Quando uma embarcação vai atracar, a barreira é deslocada para acomodar o navio que entra. Já na saída, ela é afastada para dar espaço para a movimentação. 

Essas itens de contenção, semelhantes a boias, são comuns em portos e plataformas. Trata-se de uma medida preventiva para permitir que, caso algum acidente ambiental aconteça, o controle seja rápido, evitando a contaminação de outras áreas.

Barreiras de contenção instaladas no mar de Regência, em Linhares, em 2015
Barreiras de contenção instaladas no mar de Regência, em Linhares, em 2015. (Vitor Jubini/Arquivo)

É uma estrutura semelhante a que foi usada pela Samarco em 2015 em Regência, Linhares, na tentativa de conter a lama da barragem de Fundão, em Mariana, que chegou ao mar capixaba através do Rio Doce.

2. Campo de futebol no aeroporto
AEROPORTO DE VITÓRIA
Campo de futebol na área do Aeroporto de Vitória, próximo a rodovia Norte Sul
Campo de futebol na área do Aeroporto de Vitória. (Satélite/Google Earth/2020)

Em plena área do Aeroporto de Vitória, entre as duas pistas de pousos, terminal de passageiros e a mata que "protege" seu entorno, chama a atenção uma estrutura diferente para esse tipo de local: um campo de futebol society que fica próximo da rodovia Norte Sul.

Trata-se de um campo que era da Associação dos Servidores da Infraero em Vitória (Assinfra), que tinha sede no local. Segundo a Zurich Airport, que assumiu a gestão do terminal em janeiro de 2019, a área pertence ao sitio aeroportuário e faz parte do contrato de concessão.

Campo de futebol da antiga Assinfra, na área do Aeroporto de Vitória
Campo de futebol da antiga Assinfra na área do Aeroporto de Vitória. (Reprodução/YouTube Assinfra Vitória)

A Zurich esclareceu ainda que já recebeu a área sem utilização e desmobilizada pelo clube e que o local "faz parte dos planos de desenvolvimento de real estate para o Aeroporto de Vitória", ou seja, é um espaço que pode receber novos empreendimentos em breve.

3. O viaduto que não liga nada
ESTRADA DE FERRO VITÓRIA A MINAS, EM JOÃO NEIVA
Viaduto em Monte Seco, João Neiva, sobre a EFVM
Viaduto de Monte Seco sobre a EFVM. (Satélite/Google Earth/2020)

Mesmo demolido há poucos meses, a imagem de um viaduto continua chamando atenção nas imagens de satélite. A estrutura podia ser vista também pela rodovia e de trem na Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM). Ficava na região de Monte Seco, em João Neiva, na divisa com Ibiraçu. E chamava atenção por ligar o nada ao lugar nenhum e porque passava por cima dos trilhos.

No traçado original da BR 101, a rodovia passava por este viaduto. Só que esse trecho foi desativado há quase duas décadas após um desvio na estrada.

Viaduto de Monte Seco, por onde a BR 101 passava, está desativado. Sob ele passa a Estrada de Ferro Vitória a Minas
Viaduto de Monte Seco, por onde a BR 101 passava, está desativado. Sob ele passa a Estrada de Ferro Vitória a Minas. (Google Street View/2016)

Como já mostrou A Gazeta, a demolição do viaduto estava prevista como uma das obras que a Vale terá que fazer ao longo do traçado da EFVM no Espírito Santo. Segundo os documentos da renovação da concessão da linha férrea, a obra deve demandar R$ 3 milhões.

O contrato previa que a retirada fosse feita em até um ano após a assinatura da renovação. A obra foi finalizada em agosto de 2021, conforme revelou A Gazeta.

4. Avião grande em aeroporto privado
AERÓDROMO PRIMO BITTI, EM ARACRUZ
Avião da Imetame no aeródromo Primo Bitti, da Suzano, em Aracruz
Avião da Imetame no aeródromo Primo Bitti, em Aracruz. (Satélite/Google Earth/2020)

A Gazeta já mostrou que o Espírito Santo tem 11 aeroportos, sendo quatro privados. Um deles é o aeródromo Primo Bitti, em Aracruz, construído pela antiga Aracruz Celulose no início dos anos 2000. Hoje a estrutura é de propriedade da Suzano.

Apesar de ter uma das maiores pistas de pousos do Estado, por ser um aeroporto privado, o local não recebe operações comerciais ou regulares. Diante disso, chama a atenção que o satélite flagrou duas aeronaves no pátio do aeródromo, sendo que uma delas inclusive aparenta ser de grande porte.

A reportagem apurou que o aeródromo recebe operações da própria Suzano e de companhias parceiras, como a Imetame, que também tem como sede a cidade de Aracruz e que é uma das que mais utiliza o espaço. Esse avião maior que é visto pelo satélite, inclusive, seria da Imetame.

Avião ATR-72-600 da Imetame, que faz o transporte de funcionários da empresa para outros Estados
Avião ATR-72-600 da Imetame, que faz o transporte de funcionários da empresa para outros Estados. (Imetame/Divulgação)

A empresa confirmou que usa o aeródromo para o transporte corporativo aéreo de seus colaboradores numa aeronave ATR-72-600, que tem capacidade para 72 passageiros. O modelo é usado por companhias aéreas como a Azul para fazer voos regionais, como o voo Vitória - Governador Valadares, por exemplo. É também neste tipo de avião que a mesma aérea quer voar para Linhares.

Segundo a Imetame, o avião é utilizado para o transporte de todos os colaboradores da empresa para prestar serviços fora do Estado, proporcionando mais conforto, segurança e bem-estar. A empresa fazer esse transporte aéreo desde 2012, sendo que o ART-72-600 é usado desde 2019.

5. A ponte nunca terminada
ESTRADA DE FERRO VITÓRIA A MINAS E RIO DOCE, EM COLATINA
Ponte inacabada de Itapina sobre o Rio Doce e EFVM
Ponte inacabada em Itapina, Colatina. (Satélite/Google Earth/2020)

Uma obra faraônica, que prometia ser um dos maiores investimentos federais no Estado, mas que acabou virando um verdadeiro monumento ao desperdício do dinheiro público. Trata-se da icônica ponte que ligaria o distrito de Itapina, em Colatina, à BR 259, passando por cima da Estrada de Ferro Vitória a Minas e do Rio Doce.

A obra começou a ser construída nos anos 50, no governo de Juscelino Kubitschek. Era a época do boom  do café, que fazia o distrito prosperar e ganhar protagonismo no Estado. Mas, com o declínio dos cafezais e a falta de interesse político em Brasília, Itapina e a ponte caíram no esquecimento. 

A Gazeta chegou a mostrar, em 2007, que a estrutura teve 60% dos serviços executados e que o canteiro de obras foi abandonado cerca de dois anos após o início e, depois, nada mais foi feito. A reportagem também mostrava que a edificação estava condenada.

Esqueleto da ponte de Itapina, em Colatina, iniciada há mais de meio século e nunca concluída
Ponte inacabada sobre o Rio Doce e EFVM na localidade de Itapina, em Colatina. (Gildo Loyola/31/05/2007)

O gigantesco esqueleto sobre o Rio Doce, segundo a Prefeitura de Colatina, foi convertido em patrimônio histórico e é preservado por lei. A administração do município afirmou que tentou realizar um projeto para revitalização do local, mas que ele não foi aprovado em função do tombamento.

A Vale, responsável pela ferrovia, não comentou sobre possíveis riscos que a ponte apresenta. A Secretaria de Estado de Cultura (Secult) também não respondeu sobre o tombamento da estrutura.

6. Avião abandonado na mata
AEROPORTO DE VITÓRIA
Imagem de satélite mostra avião na mata do Aeroporto de Vitória próximo a Jardim Camburi
Imagem de satélite mostra avião na mata do Aeroporto de Vitória próximo a Jardim Camburi. (Satélite/Google Earth/2020)

Além do campo de futebol, a área do Aeroporto de Vitória esconde outros segredos. Um deles é um avião abandonado em meio à mata, já mostrado por A Gazeta. Trata-se de uma aeronave de modelo Aero Commander, que foi trazida em 2006 para ficar no sítio aeroportuário da Capital e hoje está numa área próxima à Rodovia Norte Sul.

O avião foi apreendido pela Receita Federal no interior de São Paulo e acabou vindo para o Estado para ser "guardado". Apesar de estar abandonada atualmente, a aeronave já teve utilidade prática em seus primeiros anos no aeroporto, segundo informações da Superintendência Regional da Receita Federal. Em seus dois anos iniciais em Vitória, porém, ele ficou desmontado.

A aeronave foi destinada pela Receita para a Alfândega de Vitória em 2006, após a apreensão em São Paulo, para que fosse utilizada no treinamento de cães de faro e buscas em geral. Sem ter autorização para voar, a logística para trazer o equipamento para o Espírito Santo foi complicada, tendo sido necessário desmontá-lo na época.

Foto tirada na época da construção do novo aeroporto já mostra danos ao veículo(Foto do internauta/Yanez Luis Cibien)

Além de ter utilidade nos primeiros anos, a aeronave também era bem cuidada. Em 2010, ela passou por uma leve reforma na pintura, de acordo com a Receita. Mas, com os anos, foi deixando de ser usada nos treinamentos. Ela ficava nas imediações do antigo terminal do Aeroporto de Vitória. Isso até 2014, quando o avião foi removido para a mata próxima à pista de pousos e decolagens por solicitação da Infraero, que pretendia utilizá-la em "demonstrações de segurança aeroportuária".

Porém, com as obras do novo aeroporto, que foram reiniciadas em 2015 e concluídas em 2018, o Aero Commander foi cada vez mais sendo deixado de lado e sua remoção para as proximidades da pista, de forma a ficar acessível para a realização dos treinamentos, foi prejudicada, permanecendo parado na mata do aeroporto até hoje.

A Zurich Airport informou que o veículo não tem nenhuma serventia atualmente ao terminal e foi recebido pela empresa ao assumir a gestão da área em janeiro, sendo sua responsabilidade apenas guardá-lo em ambiente restrito de acesso.

7. Cemitério de vagões
ESTRADA DE FERRO VITÓRIA A MINAS, SERRA
Cemitério de vagões na zona rural da Serra
Cemitério de vagões na Serra. (Satélite/Google Earth/2020)

Uma mata em área privada na zona rural da Serra esconde um cemitério de vagões que pode ser visto pelas imagens de satélite. A reportagem de A Gazeta também já contou essa história e mostrou imagens impressionantes do que lembra um cenário pós-guerra, com dezenas de vagões e restos de maquinário de trens espalhados, sendo destruídos pela ação do tempo.

Alguns vagões permanecem engatados, ainda em uma linha férrea, como se estivessem prontos para iniciar uma viagem, cujo destino se perde em meio à vegetação, rumo ao descarte e ao abandono. Outros estão descarrilados e tombados, envoltos pelo mato.

Há ainda composições, que eram destinadas ao transporte de cargas, e que ainda estão carregadas com restos de ferro e de material que um dia foi utilizado na ferrovia. Peças pequenas e maiores também estão espalhadas por todo o canto.

A Gazeta apurou que o descarte de vagões na região ocorre há mais de 20 anos, e que eles ficam no local até serem vendidos como sucata. Esse não é o único cemitério de trens e vagões do país. Há espaços semelhantes em várias cidades com operação de linha férrea. Locais onde a maioria das locomotivas definha com o passar do tempo.

Cemitério de vagões da Vale(Ricardo Medeiros)

O cemitério de vagões está em área privada. A maior parte da terra pertence à Vale e é onde está sendo feito o descarte de um volume maior de composições. O restante é uma propriedade de um terceiro onde também está depositada parte do material. Próximo ao local, há um pátio de armazenamento de ferro-gusa.

Por nota, a Vale informou que a área pertence à faixa de domínio ferroviária e que o local é utilizado para estocagem provisória de vagões em fase final de vida útil. Informou ainda que os “equipamentos nessa condição passam por um processo de inspeção e higienização, não oferecendo, portanto, risco ao meio ambiente”, diz o texto da nota.

Já a VLI, empresa que opera a Ferrovia Centro-Atlântica (FCA) informou que mantém, em caráter temporário, nove vagões não-operacionais na faixa de domínio da ferrovia, na Região Metropolitana de Vitória, e que esses ativos serão destinados para reciclagem em breve.

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais