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Adolescentes da Bahia trabalhavam em situação análoga à de escravo no ES

Adolescentes da Bahia trabalhavam em situação análoga à de escravo no ES

Os dois menores e outros 11 trabalhadores foram aliciados em Itabuna (BA) para trabalhar na colheita de café em fazenda com promessa de bom salário e condições dignas de trabalho

Publicado em 27 de abril de 2023 às 09:06

Operação aconteceu na terça-feira, em Sooretama
Operação aconteceu na terça-feira, em Sooretama Crédito: Divulgação/Ministério do Trabalho

O Ministério do Trabalho e a Polícia Federal flagraram, durante uma operação na última terça-feira (25), 13 trabalhadores que vieram da Bahia para trabalhar na colheita de café em uma propriedade rural em Sooretama, no Norte do Espírito Santo, e que estavam  em situação análoga à de escravos. Entre eles estavam uma adolescente de 15 anos e o companheiro dela, de 17.

A fiscalização determinou que os empregados ficassem hospedados em um hotel de Linhares, e que devem receber o pagamento das verbas rescisórias e retornar para casa nesta quinta-feira (27). Os valores devidos pelo empregador aos trabalhadores somam R$ 49.450, considerando os dias trabalhados e os direitos de rescisão, segundo o Ministério do Trabalho.

Auditores fiscais do Ministério do Trabalho afirmaram que os trabalhadores haviam sido aliciados no início de abril na cidade de Itabuna, na Bahia, para trabalhar na fazenda, com a promessa de bom salário e condições dignas de trabalho. Ao chegar na propriedade, o grupo percebeu que foi enganado, já que o alojamento onde ficaram estava em situação precária, bastante sujo e com goteiras. A água para consumirem era de torneira e havia apenas um banheiro, com condições ruins.

Durante a operação também foi verificado que os trabalhadores não tinham acesso a equipamentos de proteção, como botas e luvas, e também não tinham locais disponíveis para refeições, tendo que se alimentar no meio da plantação. Os auditores também encontraram um trabalhador com ferimentos, que não recebeu assistência médica.

Trabalhador ficou ferido Crédito: Divulgação/Ministério do Trabalho

Quanto ao pagamento, conforme o Ministério do Trabalho, o empregador começou a pagar R$ 12 a saca, mas devido à condição ruim do cafezal, os trabalhadores colhiam pouco mais de duas sacas por dia, configurando um valor muito inferior ao mínimo estabelecido por lei. E o valor recebido era suficiente apenas para o sustento, porque eles eram responsáveis por adquirir os alimentos.

"É um trabalho um pouco pesado. Eles têm que pagar a comida que pegamos e também tem que pagar as passagens. Nesse momento, nós não conseguimos voltar para casa, porque a saca do café está muito barata. Dizem que em outras fazendas estão pagando R$ 25 por saca"

Adolescente de 15 anos

Menor que trabalhava na fazenda

Segundo os auditores, os trabalhadores tinham desejo de retornar para a Bahia, mas com a renda obtida não conseguiam e o empregador não havia se disponibilizado a pagar as passagens. O ministério informou que os empregados devem voltar Itabuna nesta quinta. O pagamento das verbas dos resgatados deve ser realizado na manhã desta quinta-feira.

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