O ano de 2025 será desafiador para a economia brasileira, em meio ao aumento da taxa de juros, que passou para 12,25% ao ano, e à necessidade de corte de gastos pelo governo federal. Mesmo com esse cenário nacional, a expectativa é que o Espírito Santo não sinta tanto os impactos, graças às contas em dia e aos fortes investimentos públicos e privados. Além disso, os produtos agrícolas cultivados em terras capixabas têm boas estimativas de safras.
O assunto foi abordado durante o lançamento do Anuário Espírito Santo 2024 da Rede Gazeta nesta quinta-feira (19), no Palácio Anchieta, em Vitória. A publicação traça um DNA dos municípios capixabas. O encontro contou com a participação do governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), e do diretor-geral da Rede Gazeta, Marcello Moraes, entre outras autoridades.
Com equilíbrio financeiro, o Espírito Santo foi citado como um exemplo para as demais unidades da federação e também para a União pelo economista e comentarista da rádio CBN Teco Medina, um dos convidados do painel de lançamento do Anuário.
Segundo levantamento do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), até 2028 estão previstos R$ 98 bilhões de investimentos públicos e privados no território capixaba em diferentes áreas, sobretudo na no agronegócio.
O diretor-presidente do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), Pablo Lira, ressaltou que das 10 principais culturas do Espírito Santo, sete estão com previsão de safra positiva, entre elas café, pimenta do reino, mamão, cacau, cana-de-açúcar e gengibre.
“Esse resultado é muito importante para a atração de investimentos no agronegócio dentro dessa carteira prevista para os próximos anos. Temos dois empreendimentos para produção de café solúvel e instantâneo, em Linhares, que superam R$ 2 bilhões. Da mesma forma vai ocorrer nos setores de serviço, comércio e indústria”, comentou Lira.
E por falar em interior, os 78 municípios capixabas têm um papel fundamental para o avanço econômico. Um bom instrumento para ajudar no planejamento das cidades é o Anuário 2024, de acordo com o governador Renato Casagrande.
“Há uma frase que tenho ouvido nos últimos dias e que reflete bem o tema: quem planeja tem futuro e quem não planeja tem destino. Temos a necessidade de planejamento. Nesse momento, a gente precisa ter esse nível de organização e de compromisso com a sociedade capixaba. O Espírito Santo é um estado que tem cumprido suas tarefas e seus deveres e o momento é de muita expectativa”, ressaltou.
Este ano, o governo do Estado realizou investimentos na ordem de R$ 4 bilhões em infraestrutura. Só a título de comparação, Casagrande lembrou que, em 2019, esse recurso foi de R$ 1 bilhão. “Vamos apertar ainda mais o acelerador em 2025, para ganhar um pouco mais de velocidade”, complementou.
Ele também comentou sobre a nota A+ em capacidade de pagamento e na qualidade da informação contábil, atribuída pela Secretaria do Tesouro Nacional (STN) ao Espírito Santo, além do primeiro lugar obtido na área da educação como o melhor ensino médio do Brasil.
Até o final do terceiro trimestre, o Produto Interno Produto (PIB) capixaba cresceu 4,1%, acima da média nacional, que registrou 3,1%. Lira lembrou que uma recente estimativa do Banco do Brasil apontou que o Estado deve fechar 2025 com um crescimento de 5%, contra 3% do Brasil.
“O próprio mercado sinaliza o bom desempenho do Estado. Isso é um conjunto de fatores que possibilita entender onde o Espírito Santo vem alcançando resultados acima da média nacional”, disse.
Segundo Lira, investimentos privados fortalecem e permitem que o Estado continue performando bem, gerando emprego e renda entre os capixabas, possibilitando o crescimento econômico e prosperidade social.
Na avaliação do presidente da Assembleia Legislativa, Marcelo Santos (União Brasil), apesar de ser um Estado pequeno, o Espírito Santo se destaca pelo potencial logístico e por produtos reconhecidos internacionalmente, como o minério de ferro, mármore e granito e ovos.
“Produzimos produtos de qualidade que mostram a força dos capixabas. Os olhares para nós são diferenciados”, disse Marcelo.
O economista Teco Medina disse que o Brasil está em um momento muito bom economicamente, bem acima das expectativas. A previsão é de que o índice de crescimento do país feche o ano em 3,5%.
“De certo modo, a inflação está acima da meta, mas deve fechar em 4,7%. O desemprego também está baixo e este é o quarto ano de crescimento forte. Isso se espalhou para todo o Brasil e não apenas em uma região apenas”, avaliou Medina.
Ele explicou que, desde o último ano do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o crescimento foi um pouco maior por conta da injeção de R$ 200 bilhões por parte do governo federal na economia. Segundo ele, esse dinheiro tem um custo porque pressiona a inflação, mas principalmente porque o país luta, há 12 anos, para conseguir gastar apenas o que arrecada, o que não está conseguindo fazer.
“Mesmo com a economia e a arrecadação explodindo, tirando um monte de coisa, essa conta não fecha. Ninguém tem a menor ideia do que pode acontecer com o juro, a dívida, a inflação e o dólar. Não aparece o ministro nem presidente e nenhuma outra instituição para tentar colocar alguma ordem”, comentou.
Medina acredita que a melhor política econômica para qualquer governo é juro baixo. “O brasileiro precisa de juro baixo para seguir a vida e a gente está indo um pouco na direção contrária.”
Segundo ele, o Espírito Santo fez o assunto de contas públicas uma política de estado, que vai além do que o governante acha que pode ser feito.
“É mais fácil conquistar qualquer coisa quando a casa está em ordem. As contas públicas em ordem permitem, não só previsibilidade como também estabilidade e juro baixo. É isso que gera crescimento, investimento, expansão das empresas, entre outros pontos”, destacou o economista.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta