Comer fora de casa já está doendo no bolso dos capixabas. Por conta da alta do preço da carne de boi, muitos bares e restaurantes do Espírito Santo têm repassado o aumento para os consumidores para não ficarem no prejuízo. Há ainda estabelecimentos que estão praticando preços diferentes para pratos com e sem o produto. Para tentar contornar o problema, empresários já se unem para fazer compras maiores e com preços mais baixos.
Segundo levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o preço da carne de boi de primeira teve aumento de 19,4% em novembro em comparação com outubro, em Vitória. Foi a maior variação entre as capitais brasileiras.
Foi um aumento muito acima do normal e que nos pegou de surpresa. Nenhum empresário gosta de aumentar o preço, mas, infelizmente, estamos tendo que repassar esse custo, afirmou o presidente do Sindicato dos Bares, Restaurantes e Similares do Espírito Santo (Sindibares), Rodrigo Vervloet.
Ele afirmou que não sabe precisar qual é a porcentagem de aumento, mas disse que os efeitos já são visíveis nas balanças e nos cardápios.
Para tentar manter a clientela, alguns proprietários de restaurantes self-service estão utilizando uma estratégia diferente: separar o preço cobrado pela carne, do resto do bufê. Nesses casos são cobrados preços diferentes do quilo. Dessa forma, acaba pagando mais caro quem come mais carne, sem impactar o valor cobrado pelos demais alimentos servidos.
Outra maneira de contornar a alta da carne de boi de primeira é fornecer outras alternativas de proteínas, que ainda estão com preços mais baixos, como frango e porco.
Estamos também tentando nos unir para fazer compras coletivas para tentarmos preços mais vantajosos comprando em quantidade maior, relata Vervloet.
A crise da carne afetou também que pede marmita, já que muitas subiram de preço. Em Jardim Camburi, Vitória, o aposentado Elisas Martins Colodetti, 63 anos, teve que aplicar 20% de aumento no preço das marmitas com carne de boi. A opção com frango permaneceu com valor igual.
"É muito complicado, a gente fica na expectativa, receoso de encarecer e o pessoal parar de comprar", afirma. Elias, que foi dono de restaurante por 30 anos no Rio de Janeiro, afirma que raramente viu o preço aumentar nessas proporções. "Me faz lembrar a época da inflação alta, que todo dia pagávamos mais que o anterior", se recorda.
O aposentado conta que, por causa do aumento na marmita com carne de boi, viu crescer a demanda pelas de frango. No entanto, ele acredita que a situação deve se normalizar em breve. "Quando acabar essa entressafra, volta a normalidade", diz.
De acordo com o Dieese, o preço da carne de boi tem subido em todo o país porque altos volumes do produto têm sido exportados para a China, devido ao ano novo chinês e a peste suína, que reduziu o estoque de porcos daquele país.
Além disso, o período é de entressafra bovina e o custo de reposição do bezerro está muito alto. Por fim, o dólar desvalorizado estimulou as exportações. Ao aumentar as exportações, o mercado interno acaba recebendo menos produtos, o que causa um desabastecimento nacional.
A alta no preço da carne na Capital capixaba puxou o aumento de 7% na cesta básica nos dois últimos meses, que passou a custar R$ 462,06, a terceira mais cara do país. Nos últimos 12 meses, esse preço aumentou 13,10% em Vitória, muito acima da inflação no período, que foi de 2,67%.
A carne também foi o item que mais influenciou a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), em novembro deste ano. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o IPCA ficou em 0,51% em novembro, maior taxa para o mês desde 2015 (1,01%).
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