Classificadas como novas fronteiras em potencial agrícola no país, as regiões do Noroeste de Minas Gerais e Leste de Goiás, localizadas no cerrado brasileiro, estão recebendo grandes investimentos e projetos para ter sua produção de grãos ampliada nos próximos anos. Esse movimento já vem sendo acompanhado de perto pelo Espírito Santo, que tem capacidade logística para absorver o escoamento dessa produção pelos seus portos.
Isso será possível através do Corredor Centro-Leste, que conecta Goiás, Minas e Espírito Santo pela Ferrovia Centro Atlântica (FCA), operada pela VLI, e que chega aos portos capixabas através da Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM), da Vale. Com investimentos de ampliação já no horizonte para as duas ferrovias e também no sistema portuário, o Estado já começa a se preparar para escoar carga futura.
"O Espírito Santo é o melhor destino para escoamento das regiões no Noroeste de Minas Gerais", afirmou Diego Zanella, diretor de Operações Corredor Centro-Leste da VLI, no evento "Espírito Santo e Minas Gerais: conexão para o agronegócio", realizado nesta quarta-feira (22), em Vitória, pela VLI, em parceria com A Gazeta e ES em Ação.
Ele explicou que todo esse potencial do agronegócio no cerrado se transforma em potencial logístico para a empresa e para o Espírito Santo, uma vez que a produção poderá usar a FCA e vir para o Estado, onde a VLI já conta hoje com uma operação robusta, trazendo 5 milhões de toneladas de grãos para os portos capixabas e levando daqui para Minas 1 milhão de toneladas de fertilizantes por ano.
A própria VLI tem investido em um projeto para alavancar produtores em Minas Gerais. Em parceria com a Embrapa Cerrados, a empresa lançou o LabCerrado, projeto que prevê ampliar e fortalecer essas regiões como polos agrícolas e adicionar mais 7 milhões de hectares cultiváveis voltados para a produção de grãos como soja e milho.
O projeto já teve R$ 11 milhões investidos em 2022 e deve crescer mais neste ano, visando estimular e orientar a adoção de tecnologias inovadoras para a produção no cerrado brasileiro. A premissa é que essa expansão da produção seja feita aliada com a preservação do meio ambiente, sem desmatamento, e com técnicas sustentáveis de produção.
O LabCerrado terá até o final do ano 18 unidades produtivas em Minas Gerais e Goiás, além de unidades de experimentos de agroinovação. Já estão nos planos mais R$ 9 milhões em investimentos no projeto neste ano, além de captar mais R$ 20 milhões com novas parcerias.
Com essa demanda extra no horizonte, a empresa já projeta investimentos na linha férrea, que está em processo de renovação antecipada da concessão junto ao governo federal. Uma das obras previstas é fazer uma extensão do ramal Centro-Leste de Unaí até Pirapora, ambas localidades em Minas.
Com a renovação, a VLI também vai iniciar os estudos para construção de um ramal que contorne a Serra do Tigre, desejo antigo dos governos e setores produtivos capixaba e mineiro. São estimados 500 quilômetros de trilhos para contornar o trecho, que é íngreme e, por isso, afasta o interesse de escoar cargas.
O investimento, porém, seria elevado, na casa dos R$ 10 bilhões e por isso não deve estar previsto na renovação da concessão, e sim apenas o estudo para a obra. No evento, o governador do Estado, Renato Casagrande, falou dessas perspectivas de atração de mais cargas da região para o Estado.
"Nossa preocupação é que o Espírito Santo não fique desconectado da malha ferroviária nacional. A Serra do Tigre, que a gente vem falando há anos e que seria uma solução, custaria R$ 10 bilhões. Mas temos que ter uma alternativa. E a alternativa pode ser esse ramal de Unaí até Pirapora, que é uma região que começa a se desenvolver com ajuda da VLI, Embrapa e governo de Minas", disse.
Outra frente de investimentos da empresa é na oportunidade de chegada de cargas de trem até o Porto de Vitória, operado pela Vports (antiga Codesa). As duas empresas assinaram acordo para investir até R$ 200 milhões para melhorar os acessos ferroviários externos e internos do complexo portuário, onde até chegam os trilhos, mas estão inutilizáveis atualmente.
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