A crise do coronavírus e as consequências para o emprego e a renda dos trabalhadores evidenciou a importância de se guardar dinheiro para uma emergência como uma demissão, por exemplo. Com isso, bancos digitais, aplicativos de finanças e plataformas de investimentos tem estado de olho nesse nicho.
Os serviços oferecem algumas alternativas para guardar esse dinheiro de forma mais rentável que a poupança e com liquidez, ou seja, permitindo que ele seja acessado em pouco tempo.
Não é novidade que as empresas buscam atrair clientes para seus produtos, no entanto, elas chamam a atenção do investidor ao convidá-lo a fazer a reserva de emergência, nome oficial do conhecido “pé de meia”.
Um exemplo é o C6 Bank, que oferece um CDB que rende 102% do CDI, sem taxas e com aplicação mínima de R$ 20. Já o PicPay, estendeu a oferta de rentabilidade de 210% do CDI até 17 de março de 2021. Basta deixar o dinheiro na conta.
O Nubank criou uma área específica na conta chamada de “Guardar Dinheiro” sem limite mínimo de aplicação, onde o recurso é automaticamente aplicado em RDB que rende 100% do CDI, mais que a poupança.
Outras instituições como a Easynvest e o BTG Pactual criaram também canais de educação financeira para ajudar os investidores nesse processo de poupar que, como sabemos, nem sempre é fácil. No caso da Easynvest, o poupador pode simular a criação dessa reserva e depois é direcionado para opção para guardar o dinheiro.
“A pandemia trouxe, entre as inúmeras consequências ruins, uma atenção para a necessidade de poupar. Muita gente perdeu renda, perdeu emprego e se deparou com a falta de uma reserva. O lado positivo é que a gente tá vendo que precisa se planejar para passar por esses choques financeiros”, afirma o head de educação financeira da XP Investimentos, Thiago Godoy.
Para quem não tem uma reserva, começar a poupar pode parecer muito difícil. Mas Godoy orienta que as pessoas façam primeiro um raio-X das contas, para identificar os gastos que podem ser cortados ou reduzidos e, em seguida, se comprometer com algum valor, por menor que seja.
“É começar com pouco, criar o hábito e entender que construir a reserva é bacana, é legal. E não cair no erro de esperar o mês acabar para poupar e investir. A maioria das pessoas acaba não conseguindo guardar e espera o fim do mês para ver o que sobra. O ideal é pegar esse dinheiro que você se comprometeu, nem que seja R$ 5, quando cair o salário na conta, já pega e guarda, como se fosse uma conta de luz ou de água”, explica.
Os poucos brasileiros que conseguem juntar dinheiro e geral colocam os recursos na poupança. Contudo, a redução da taxa básica de juros, a Selic, fez com que essa opção ficasse desvantajosa.
Isso porque a poupança rende 70% da taxa Selic, que está em 2% nesse momento, mantendo-se na mínima histórica. Ou seja, o dinheiro guardado nela tem rendido 1,40% e a inflação prevista para 2021 pode passar de 5%, segundo analistas. No fim das contas, o poupador perde poder de compra.
Segundo especialistas, para escapar dessa situação, o ideal é colocar o recurso em algum produto de renda fixa que seja seguro e que tenha liquidez, ou seja, permita o resgate rápido.
“Para compor a reserva de emergência, alguns dos produtos mais indicados são o Tesouro Selic e fundos de Renda Fixa Referenciados DI Simples com resgates em até dois dias. Por haver uma imprevisibilidade na utilização dos recursos, estes devem ser investidos em produtos financeiros de alta liquidez que possibilitam resgates imediatos e que não possuem qualquer tipo de oscilação de mercado, ou seja, não tenham risco”, afirma o especialista em renda variável da Easynvest, José Falcão.
Outra alternativa são os CDBs e RDBs, que são títulos emitidos por bancos ou instituições financeiras. Essas aplicações têm rentabilidade, em geral, atrelada ao CDI, que rende pouco mais que a Selic.
Segundo o especialista em educação financeira da XP, mesmo assim é preciso ficar atento porque, mesmo em investimentos de renda fixa, quanto maior a rentabilidade, maior o risco.
“É bom investir em CDBs com rentabilidade de pelo menos 100% do CDI. Mais que isso fica mais complicado porque tem risco. E a máxima da educação financeira é: se o rendimento é muito maior que taxa básica de juros, maior o risco. Há ainda os fundos DI. São fundos de renda fixa que têm rentabilidades parecidas e liquidez diária também“, cita.
Os especialistas divergem em relação à quantidade mínima que deve ser mantida nessa reserva. Contudo, considerando que ela precisa servir de socorro no caso de uma perda total de renda, ela deve ser suficiente para cobrir os custos básicos da pessoa ou da casa por alguns meses.
Segundo o BTG Pactual, de modo geral, indica-se que ela corresponda a, pelo menos, 6 meses do seu custo de vida. Ou seja, você calcula o que costuma gastar em média no mês e multiplica esse valor.
Essa também é a opinião de Godoy. Ele aponta, contudo, que, idealmente, é bom ter uma reserva até maior, chegando até a 12 meses. “Assim dá tempo de buscar alguma coisa, se reorganizar, sem precisar vender um bem, vender um carro, tirar o filho da escola, mudar para um local mais barato”, avalia.
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