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Aplicativos travam 'guerra do cashback', mas é preciso ter cuidado

Aplicativos travam "guerra do cashback", mas é preciso ter cuidado

Na ânsia de conseguir mais e mais descontos e vantagens, consumidores estão ficando endividados ao usar estes aplicativos

Publicado em 26 de fevereiro de 2020 às 05:01

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Consumidores precisam conhecer suas dívidas e despesas. (Shutterstock)

Já faz tempo que é possível fazer compras sem ter dinheiro. Cheques já permitem isso há várias décadas. Mas o ato de “comprar sem dinheiro” tem ganhado novos contornos com a concorrência acirrada no mercado de aplicativos. Nessa guerra, as ofertas são tentadoras, mas é preciso ter cuidado.

Pic Pay, Mercado Pago, Ame, Iti, Rappi, Uber Eats e iFood são só alguns dos que permitem que os clientes utilizem outras formas de pagamento e ainda oferecem algum tipo de vantagem na transação comercial. As vantagens são variadas, como descontos ao utilizar os aplicativos, entrega grátis em compras acima de determinados valores ou o famoso "cashback" (dinheiro de volta), quando há o retorno de uma parte do valor para a conta do consumidor.

Porém, na ânsia de conseguir mais e mais descontos e vantagens, consumidores estão ficando endividados ao usar estes aplicativos. Isso por uma questão óbvia, mas por vezes esquecida: para ganhar o desconto, ou mesmo ter um dinheiro de volta, é preciso gastar.

“Brinco com meus alunos de que melhor que ter desconto é não precisar gastar”, lembra o professor da Fucape e especialista em Controladoria e Finanças Evandro Scardine.

O aplicativo Ame, por exemplo, apresenta em seu site uma promoção em que os clientes podem conseguir até 15% do valor gasto em forma de “cashback”. O Pic Pay, vez ou outra, oferece a mesma condição para algumas transações.

O iFood, por sua vez, anuncia R$ 10 ou R$ 15 de desconto para os usuários que fizerem duas compras de, no mínimo, R$ 35 utilizando o aplicativo. A compra também deve ser feita utilizando determinado cartão de crédito para o pagamento.

“É claro que se a pessoa tiver controle, consciência, ela acaba se beneficiando com esses descontos. O grande ponto é saber se o gasto é, ou não, necessário”, adverte Scardine.

“Todas as pessoas precisam almoçar, então se você consegue um desconto de R$ 10 no almoço é um bom desconto, porque você reduziu um gasto que é necessário. Porém, se a pessoa já almoçou e resolve pedir uma sobremesa - que não é necessária - não tem desconto que faça valer à pena”, exemplifica o professor.

Outro ponto a ser observado, destaca Scardine, é que o preço desses produtos podem estar inflados. “É o famoso metade do dobro”, lembra.

CARTÃO DE CRÉDITO É O MAIOR MOTIVO DE ENDIVIDAMENTO DAS FAMÍLIAS

De acordo com a Confederação Nacional do Comércio (CNC), o cartão de crédito é o principal responsável pelo endividamento das famílias. Dados de janeiro deste ano apontam que, na média, 79,8% das dívidas vinham do “dinheiro de plástico”.

Cartão de crédito é responsável por endividamento das famílias. (Reprodução CNC)

“Os maiores gastos no cartão são com despesas corriqueiras - Uber, almoço, barzinho no fim do dia… O maior endividamento não é com grandes gastos, mas com o consumo diário. E o fato de não conseguir pagar a fatura completa gera uma bola de neve para o mês seguinte”, acrescenta o professor.

O economista e professor da UVV Wallace Millis destaca que é importante o consumidor exercitar o auto conhecimento. “É importante saber quanto dinheiro se tem na conta, quanto vai se ganhar e quanto irá ser gasto. Até existem aplicativos que ajudam nessa organização”, ressalta.

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Pessoas endividadas que não fazem esse balanço perdem sua capacidade de decisão. Ficam apenas ‘enxugando gelo’, sendo guiadas pelas dívidas que acumulam

Wallace Millis
Economista e professor da UV
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“O importante mesmo é ter consciência dos gastos”, conclui Millis.

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