A abertura alternada e com restrições do comércio na Grande Vitória a partir da última segunda-feira (11) deu esperança aos empresários do setor, que estavam com as portas fechadas há quase dois meses. As vendas, contudo, não foram tão animadoras. Fontes do setor apontam que as perdas chegaram a 70%: as lojas de calçados, vestuário e assessórios foram as mais atingidas, vendendo nesta semana só 30% do que vendiam antes da pandemia. Outros, como eletrodomésticos e móveis tiveram desempenho melhor, mesmo que ainda abaixo do esperando.
O levantamento foi feito pela Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Espírito Santo (FCDL-ES). "Essa abertura alternada não é o melhor para o empresario, mas é uma esperança de que o setor voltou a se movimentar. No entanto, como dependemos de fluxo de gente e muitas pessoas estão em fazendo o isolamento, sentimos isso no resultado do dia, nas vendas", esclarece o presidente da FCDL-ES, Geraldo Magela.
A percepção é compartilhada pela Federação do Comércio de Bens e Serviços do Espírito Santo (Fecomércio-ES). O presidente da entidade, José Lino Sepulcri, lembrou que o setor de vestuário, confecções e calçados funcionou apenas dois dias na semana por conta da abertura alternada, o que também pode ter contribuído para o desempenho ruim.
O setor de móveis e eletrodomésticos, que pôde abrir as portas três vezes durante a semana, teve uma queda menos acentuada e conseguiu vender 75% do esperado para o período. Magela acredita que isso se deve também ao fato de que as pessoas estão buscando mais conforto, pois têm passado muito mais tempo em casa.
"A pessoa passou a observar alguns itens que gostaria de usufruir melhor como uma televisão mais moderna, uma geladeira maior. Também houve muita procura por celulares, em geral, talvez porque as pessoas precisavam do aparelho para baixar o aplicativo da Caixa (do auxílio emergencial)", avalia.
Para José Lino, mesmo que as vendas tenham sido bem menores do que antes da crise da Covid-19, a abertura serviu como um "respiro" para o empresário. "Resultado não é só dinheiro. Também é satisfação. O lojista estava doido para abrir sua loja, fazer a limpeza. Ficar em casa, parado, é muito angustiante", disse.
Na contramão dessa tendência estão os supermercados e farmácias que, segundo a FCDL-ES, viram as vendas crescerem 25%. "Você pode perceber que quase não há mais promoções, os preços estão cheios. Isso porque quase todo dinheiro circulando hoje está indo para alimentação e remédios", diz.
Na semana do Dia das Mães, segunda mais importante do ano para o varejo, ainda não havia autorização para abertura do comércio, mas houve flexibilizações, como a possibilidade de vendas por drive-thru ou com hora marcada.
Ainda assim, durante esse período, as vendas no setor de calçados, vestuário e assessórios caíram pela metade, em comparação com o mesmo período do ano passado.
"De modo geral, tanto no interior quanto na Grande Vitória, o movimento para o Dia das Mães foi maior do que o dessa semana que passou", afirma Magela.
Para os próximos meses, o presidente da FCDL-ES não é otimista. Ele afirma que algumas ações do governo federal, como a medida provisória que autorizou a redução e suspensão dos contratos dos funcionários e o auxílio emergencial de R$ 600, deram um fôlego, mas enfatiza que essas são ações paliativas, que têm efeito temporário.
"Tanto o governo, quanto as pessoas e os empresários estão nesse momento usando suas reservas. Mas isso uma hora acaba e para alguns já acabou. Já é possível ver alguns pontos desocupados. Penso que, sem uma vacina ou remédio em breve, grande parte das lojas não deve reabrir. Quem ficar, vai usar o resto da reserva que tem e buscar financiamento", avalia.
Para o presidente da Fecomércio, é preciso manter o setor ativo e, gradualmente, ampliar o tempo e a frequência de abertura das lojas. "Fazemos apelo para o governo para que depois da próxima semana seja ampliado o horário e ocorra abertura dos dois grupos no mesmo dia, em horários escalonados, inclusive no fim de semana", afirma.
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