Uma semana após a Petrobras adiar pela terceira vez a chegada de um novo navio-plataforma no campo de Jubarte, Litoral Sul do Espírito Santo, executivos da empresa reafirmaram que o projeto bilionário está mantido e anunciaram que foi reaberto o processo de licitação para afretar a plataforma por 22 anos anos. As declarações foram dadas em reunião com o governador Renato Casagrande, realizada nesta sexta-feira (23)
O edital para contratação do FPSO (unidade que produz, armazena e transfere óleo) foi publicado na segunda-feira (19) pela estatal. Além do afretamento, ele prevê ainda que a empresa contratada faça a operação da unidade durante a vigência do contrato e que o navio-plataforma tenha capacidade para produzir 100 mil barris/dia de óleo. As propostas deverão ser entregues no dia 17 de março de 2021.
No último dia 16, a Petrobras havia anunciado que o projeto Integrado Parque das Baleias (IBP), orçado em aproximadamente R$ 5 bilhões, terá o início das operações adiado de 2023 para 2024. Quando o projeto foi anunciado pela primeira vez, a previsão de retirada do primeiro óleo era para 2021. Dessa vez, a justificativa da empresa foi o contexto econômico causado pela pandemia da Covid-19.
Em vídeo publicado por Casagrande nas redes sociais, o diretor-executivo de Relacionamento Institucional da Petrobras, Roberto Furian Ardenghy, reforçou o compromisso do investimento e que garantiu que a empresa vai continuar operando no Estado, apesar dos diversos anúncios recentes de desinvestimento e da sua intenção de deixar os campos produtores da Bacia do Espírito Santo (porção que compreende o Norte capixaba, indo da Grande Vitória até a divisa com a Bahia).
Para o diretor de Comunicação do Sindicato dos Petroleiros do Espírito Santo (Sindipetro), Etory Sperandio, a manutenção do projeto Integrado Parque das Baleias na carteira da empresa e a sinalização do executivo de que a estatal continuará no Estado são sinais positivos. "São bons sinais, mas é preciso ficar atento aos movimentos da companhia para ver se isso vai se concretizar", comentou.
A reunião com os executivos da empresa foi solicitada pelo governador, justamente para esclarecer as intenções da Petrobras quanto a suas operações no Espírito Santo, sobretudo o megaprojeto do Parque das Baleias que, como definiu a colunista Beatriz Seixas, parecia estar em "coma induzido". Ardenghy, no vídeo, foi taxativo: "Queremos reafirmar nosso compromisso com o Estado do Espírito Santo de investimentos e da nossa presença".
Casagrande comemorou: "A Petrobras dizer que vai continuar aqui, que eles não vão abrir mão dos investimentos no Estado, é algo muito positivo. A carteira de investimentos da empresa para os próximos 5 anos será divulgada em novembro e o Parque das Baleias estará nela. E além do FPSO, eles têm outras áreas que estão prospectando no Estado e vão continuar fazendo investimentos aqui", disse para A Gazeta.
No encontro, também foi selada a extensão por mais seis meses do contrato da Petrobras com a Vale para as operações de abastecimento de navios feitas pela Transpetro, subsidiária da estatal, no píer de barcaças do Porto de Tubarão. O acordo entre as empresas foi mediado pelo governador, que explicou que, com esse prazo, a Petrobras poderá buscar uma nova alternativa, inclusive negociando com a Companhia Docas do Espírito Santo (Codesa).
Antes, estava previsto que, a partir da chegada do novo navio, ocorreria a desmobilização e descomissionamento da FPSO Capixaba, que atua em sete poços. Com o adiamento, ficou mantido o remanejamento desses poços dessa plataforma para outras da região em 2022.
Já a nova embarcação vai assumir os poços em 2024, além de outros quatro, totalizando 11, sendo sete produtores e quatro injetores. O navio será interligado ainda a outras plataformas em operação, como a P-58, a P-57 e a Cidade de Anchieta. Ao todo, o campo de Jubarte terá 25 poços em atividade simultânea.
O empreendimento, quando estiver em fase de instalação e de operação, terá papel fundamental para abrir oportunidades para a cadeia de fornecedores do Estado, principalmente para empresas como o Estaleiro Jurong Aracruz e a Imetame.
O projeto também prevê a revitalização do campo de Jubarte, visando aumentar a produtividade, sendo considerado o mais importante para os próximos anos no Estado na área de petróleo e gás, uma vez que a produção local está em declínio nos últimos anos.
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