A ArcelorMittal Tubarão inaugurou, nesta segunda-feira (13), uma estrutura para retirar o sal da água do mar, em um processo chamado de dessalinização. O sistema permitirá que a companhia reduza em até 30% o consumo de água doce que, atualmente, é captada no Rio Santa Maria da Vitória, por meio da Companhia Espírito Santense de Saneamento (Cesan).
A planta, pioneira no Espírito Santo e nas unidades do grupo pelo mundo, terá capacidade inicial para dessalinizar 500 m³/hora de água. Hoje, o consumo total do complexo industrial em território capixaba é de cerca de 1800 m³/hora.
A água dessalinizada não será utilizada para consumo humano, mas em processos de resfriamento necessários para a produção da siderúrgica. Conforme destacou o presidente da ArcelorMittal Brasil e CEO ArcelorMittal Aços Planos América do Sul, Benjamin Baptista Filho, a nova planta está alinhada à estratégia da empresa frente a cenários de crise hídrica, como o que vive atualmente o país.
Ele explica que diante de eventual escassez hídrica, como já aconteceu em outros momentos, é priorizado o uso da água para consumo humano e animal e, somente depois, o uso industrial. Segundo o CEO, anteriormente, a necessidade de racionamento já prejudicou a empresa.
O executivo observa ainda que, em 2016, diversos estudos previram mudanças na disponibilidade média de água e eventos hidrológicos críticos, que poderiam ocorrer na região Sudeste do Brasil nos 20 anos seguintes.
"Para enfrentarmos esse período, nós fizemos inúmeras alterações e melhorias nos nossos processos de consumo de água doce e conseguimos, nesse período, reduzir o nosso consumo de água doce em cerca de 40% do que tomávamos no princípio desses eventos hídricos, em 2015. Ficamos estudando o que fazer, já que as previsões que tínhamos na época eram de que eventos dessa natureza seriam cada vez mais frequentes."
A planta de dessalinização, construída em área de cerca de 6 mil m², é uma solução mais definitiva para eventuais momentos de racionamento. Embora ainda não supra toda a demanda de água da companhia, a estrutura é configurada por módulos, e poderá ser ampliada futuramente, de modo a aumentar sua capacidade, se necessário.
O vice-presidente de Operações de Aços Planos da ArcelorMittal, Erick Torres, explica que o sistema utiliza uma tecnologia de osmose reversa, bastante comum em países como Israel, Espanha e Estados Unidos.
"O processo de dessalinização fica baseado em duas filtrações prévias, com discos. Depois a gente faz uma ultrafiltração, onde pega mais detalhes da água do mar, para que, então, no processo de bombeamento sob pressão, a gente leve essa água para os squids de osmose reversa, que é a utilização de uma membrana muito fina para fazer a captura do sal."
São captados 1.300 m³/hora de água do mar, sendo que, do total, 500 m³/hora são dessalinizados. O restante resulta em uma água com maior concentração de sal, a salmoura, que será devolvida ao mar por um canal de retorno já existente na usina. Torres reforça que não há impactos ambientais significativos, pois resulta em uma concentração de sal apenas 1% superior ao habitual, em um raio de 500 metros. A partir dessa distância, a salmoura é completamente diluída.
O processo de dessalinização da água do mar é dividido em algumas etapas principais.
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