A ArcelorMittal Tubarão anunciou nesta quinta-feira (24) que vai realizar um Programa de Demissão Voluntária (PDV) para seus funcionários e que também fará um Programa de Demissão Involuntária (PDI), caso haja um número de solicitações abaixo do esperado. A siderúrgica, no entanto, não informou qual a expectativa de adesão, apenas disse que dispõe de um limite orçamentário para o isso e que vai aguardar o número final de solicitações para definir eventuais novas ações.
Com a medida, o objetivo da companhia é minimizar os efeitos de demissão que são necessárias devido à realidade da empresa, que enfrenta uma grave crise em decorrência da situação global do mercado de aço, agravada pela pandemia do novo coronavírus.
O anúncio da redução do quadro ocorre dois dias depois de a empresa ter informado que fará o religamento do terceiro alto-forno, à espera da melhora das condições para o mercado de aço. A companhia é uma das maiores do Espírito Santo e está localizada no Complexo de Tubarão, entre Serra e Vitória.
Os funcionários que quiserem aderir ao PDV poderão se candidatar no período de 26 de setembro a 20 de outubro de 2020. Além das verbas rescisórias previstas em lei, eles vão receber indenização atrelada ao tempo de casa podendo atingir até oito salários base para quem está perto de se aposentar e até sete remunerações para os demais empregados.
A empresa ainda garante o pagamento das mensalidades do Plano de Saúde e Odontológico para o empregado e um dependente, por 12 meses; manutenção do Seguro de Vida em grupo por um ano e pagamento das contribuições previdenciárias privadas por 12 meses.
Após o período de adesão, a empresa fará todos os desligamentos que se fizerem necessários até 31 de dezembro de 2020. As condições previstas no Plano de Demissão Involuntária (PDI) vai abranger indenização especial e benefícios temporários em patamares 50% inferiores ao PDV.
Para colocar a ação em prática, a organização firmou um acordo coletivo junto ao Sindicato dos Metalúrgicos do Espírito Santo no dia 21 de setembro. Em comunicado ao mercado, a empresa informou que as negociações foram conduzidas com muita responsabilidade, critério e respeito, com foco no seu maior valor: as pessoas.
O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do Espírito Santo (Sindimetal-ES), Max Célio de Carvalho, destaca que PDV foi uma maneira de amenizar os impactos das demissões, que já estavam ocorrendo, porém em menor escala. Segundo ele, alguns dos itens do acordo, como a manutenção do plano de saúde por um ano, foram sugeridos pelo sindicato e acatados pela siderúrgica.
Achamos importante a empresa apresentar um acordo mais atrativo para quem quiser fazer adesão ao programa. Dentre os argumentos da companhia conosco estava o de fazer ajustes na folha. É claro que a siderúrgica tem autonomia para fazer desligamentos esporádicos e também não precisaria conversar com o sindicato a respeito, o que ela não pode é fazer uma demissão em massa sem justificativa, ressalta.
O presidente informa que há um grande número de pessoas dentro da empresa que estão perto de se aposentar, abrindo a possibilidade de outros profissionais assumirem esses cargos.
O diretor da DVF consultoria, Durval Vieira de Freitas, destaca que a siderurgia está em processo de recuperação lenta e gradual e que a indústria detectou a falta de aço no mercado, principalmente no segmento de vergalhões. Isso se deve ao aquecimento da construção civil, impulsionada pelos investimentos de fundos imobiliários.
É normal um grupo grande como o da ArcelorMittal desenvolver programas como este para oxigenar as equipes e dar oportunidade a outras pessoas. A atitude da empresa tem sido transparente. Torço para que os colaboradores virem empreendedores, com a geração de emprego e renda a outros profissionais, e virem prestadores de serviço da siderúrgica, comenta.
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