O final da década de 2020 ficará marcado por um fenômeno de transição entre os ciclos tecnológicos, fazendo com que as perspectivas para a economia e o desenvolvimento do Brasil e do mundo para os próximos anos estejam ligadas a 12 tecnologias nas quais os Estados Unidos concentram seus investimentos hoje. O diagnóstico é do professor da Fundação Dom Cabral e PHD em Administração de Negócios, Paulo Vicente dos Santos Alves, durante o 14º Encontro de Lideranças , realizado em Pedra Azul, neste sábado (26).
Inteligência artificial, novas fontes de energia e tecnologias ligadas ao ser humano estão recebendo investimentos em uma tendência crescente a cada ano, fazendo com que, neste futuro próximo, os países estejam sendo forçados com a criação de novos modelos de indústrias.
Traçando um histórico dos ciclos tecnológicos nos últimos 250 anos, o professor aponta que entre as possibilidades e tendências, o século XXI pode ser dividido em quatro atos, sendo que o primeiro ato, é onde nos localizamos hoje, na crise final do 5º ciclo tecnológico, que está forçando a reinvenção do capitalismo, entre 2018 e 2030.
Nessa lógica, a sociedade começará a recuperação em 2030, e o auge de desenvolvimento pode ser atingido em 2040, calcada nessas tecnologias. Depois na década de 2060, há uma nova crise, conforme Alves, já que o capitalismo é intrinsecamente instável.
"Tempo desesperado requer medidas desesperadas. As pessoas pensam fora da caixa, porque a caixa evaporou. Resultado: centenas de bilhões de dólares investidos em pesquisa e desenvolvimento, criando uma nova onda tecnológica, que vai resultar em um 6º ciclo, ainda hipotético, de tecnologia. E quando olhamos para os dados, aparecem três grandes eixos de investimento tecnológico: robótica e inteligência artificial levados ao extremo, novas fontes de energia e de materiais, o que inclui tecnologia espacial, e o terceiro, a tecnologia de melhoria humana. Esse três eixos vão criar novas indústrias, gerar milhões de empregos. Como? Destruindo velhas indústrias e velhos empregos, em um processo de destruição criativa. É a 5ª vez que isso vai ocorrer", afirmou.
"Agora, vários sinais de alerta de recessão começaram a piscar no mundo inteiro: Turquia, Itália e Rússia já estão em recessão; o Brexit deve levar o Reino Unido à recessão; os Estados Unidos devem entrar em recessão no começo do ano que vem. E esses tempos desesperados requerem medidas desesperadas. Estamos nesse tempo duplo: por um lado, o capitalismo em crise, por outro lado, esta crise força o investimento em tecnologia e isso gera um nova onda de prosperidade", analisa.
Alves também compara as décadas de 2010 a 2020 com o período de 1960 a 1970. Assim como naquela época, para ele, agora há uma espécie de Guerra Fria, agora com Estados Unidos e Rússia; uma nova política espacial; guerras no Oriente Médio, que geram volatilidade no preço do petróleo. A distinção é que não há uma guerra no sudeste da Ásia.
Esse tensionamento deve ser começar a ser aliviado em 2024, segundo ele.
De acordo com o que está sendo destinado pelo orçamento do Departamento de Defesa dos Estados Unidos, as 12 tecnologias que vão mudar o mundo são as tecnologias para melhoria do próprio ser humano, como nanotecnologia, biotecnologia, medicina avançada, neuroergonomia; novas fontes de energia, pensando em tecnologias para geração de energia, materiais e manufatura, energia dirigida e tecnologia espacial; e ainda a robótica e Inteligência Artificial, com guerra de informação, sensores.
Em 2019, o investimento dos americanos nessas áreas é de R$ 96 bilhões e, em 2020, deve ser de 10% maior, com R$ 105 bilhões.
Alves frisa que nesse contexto, o Brasil pode ter dois resultados. "Com o mundo entrando em crise, mas o Brasil fazendo suas reformas, o Brasil consegue compensar isso e crescer 1 a 2% ao ano, em um mundo que está encolhendo. Por diferencial, o Brasil passa a ser a galinha dos ovos dourados. E aí tem um dinheiro líquido vindo para o Brasil. E no cenário antagônico a esse, o Brasil é engolido por essa crise. E aí, o Brasil vai parando de crescer, encolhendo. Por isso, os próximos anos são decisivos", afirma.
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