Apesar de serem maioria na população, nas indústrias as mulheres ainda são minoria, ocupando cerca de 25% no quadro de empregados no país. Para mudar esse cenário, muitas empresas e entidades já estão desenvolvendo ações para garantir maior presença delas nos locais de trabalho antes considerados mais masculinos, principalmente em áreas como petróleo e gás.
Na Petrobras, por exemplo, as mulheres são 16% dos empregados no Espírito Santo. No país, esse número fica em 17%. Ao considerar as que trabalham só no Edifício Vitória, sede da Petrobras na Capital, na Reta da Penha, esse número sobe para 21%.
Para incentivar a diversidade, equidade e inclusão, a Petrobras está lançando um programa com ações afirmativas em seus processos internos para ter mais mulheres em cargos de liderança e especialistas. A meta é ter 25% de mulheres e 25% de pessoas negras em cargos de liderança até 2030, conforme estabelecido no Plano Estratégico 2024-2028 da empresa.
Atualmente, as mulheres ocupam 21% dos cargos de liderança na estatal, segundo Eduarda Lacerda, gerente-geral da Unidade de Negócio de Exploração e Produção do Espírito Santo da Petrobras
O assunto esteve em debate no evento Mulheres que Inspiram, realizado na tarde desta sexta-feira (8) no auditório da Petrobras, em Vitória, reunindo mulheres que têm papel de liderança na indústria. Participaram do bate-papo Cris Samorini, presidente da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes); Eduarda Lacerda, gerente-geral da Unidade de Negócio de Exploração e Produção do Espírito Santo da Petrobras; Denise Santos, líder de excelência da cadeia de suprimentos da Shell; e Fabíola Forza, gerente de transformação digital da Seacrest Petróleo.
Ação semelhante à da Petrobras tem a Shell. Segundo Denise, a meta da empresa é ter 50% de mulheres no quadro de funcionários até 2030 – atualmente esse número está em 43%. Outra meta é ter 33% de mulheres em cargos de liderança sênior até 2025 e 20% de mulheres pretas em cargos sênior.
"Atingimos os 33% de mulheres em liderança em 2022, mas, em contrapartida, o nosso indicador de mulheres pretas em liderança sênior está caindo. A indústria precisa de vocês", alertou Denise ao público presente no evento.
A Petrobras também tem feito outras ações para que mais mulheres se vejam trabalhando na empresa. Eduarda cita, por exemplo, o programa Marca Empregadora, que leva profissionais a universidades, centros técnicos, escolas e feiras para apresentar a estatal, sempre com representatividade feminina.
Apesar de no último concurso ter aumentado o percentual de mulheres ingressantes, tem sido feitas alguns sugestões de possíveis alterações em concursos futuros para ter mais mulheres. Eduarda Lacerda ponderou que uma medida sugerida por grupos de empregados é fazer concursos mais locais, que podem atrair mais o interesse feminino.
Na indústria em geral no Espírito Santo, Cris Samorini apontou que 23% dos postos são ocupados por mulheres. Em cargos de liderança, a presença delas é um pouco maior, com 31,8%. Para mudar esse cenário e ter mais mulheres atuando em geral na indústria, a Findes está lançando um programa com 1.500 vagas gratuitas de cursos de qualificação profissional para mulheres ao longo de 2024.
"Na indústria, as mulheres geram resultado muito importante de crescimento e produtividade. Dos 25 mil alunos que formamos em 2023, cerca de 40% eram mulheres. Vamos trabalhar para chegar a 50% nos próximos anos”, diz Cris Samorini.
Ao analisar os cargos gerenciais, a ausência de mulheres não é característica apenas na indústria, mas em grande parte dos postos. Segundo estudo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 68% dos cargos gerenciais eram ocupados por homens e 32% pelas mulheres no Espírito Santo, em 2022.
A pesquisa apontou ainda que o rendimento médio do trabalho principal das pessoas ocupadas em cargos gerenciais, no Espírito Santo, em 2022, foi de R$ 11.082 para os homens e R$ 4.944 para as mulheres, o que representa 44,6% do valor para os homens.
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