A recuperação econômica pós-pandemia tem dados sinais claros. Há três meses consecutivos o Espírito Santo registra saldo positivo no emprego, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), que contabiliza trabalhadores com carteira assinada. Isso significa que, desde julho, houve mais contratações do que demissões no Estado.
Contudo, a retomada do emprego formal não tem acontecido de forma homogênea entre os municípios. Enquanto alguns gozam de um saldo positivo no acumulado do ano, de janeiro até setembro, outros ainda amargam perdas pesadas.
Na Serra, por exemplo, houve a criação de 1,2 mil, vagas de emprego. Esse é o número de contratações feitas a mais do que as demissões no ano de 2020 até setembro. Isso significa que, em cerca de três meses, a cidade não só conseguiu recuperar todos os postos de trabalho perdidos durante o auge da crise econômica do coronavírus - entre março de junho - como ampliou as vagas disponíveis.
O mesmo aconteceu com Aracruz, que tem saldo positivo neste ano de 1,6 mil vagas.
Na outra ponta da tabela (veja abaixo), alguns municípios ainda sofrem para se recuperar dos estragos da pandemia.
Vitória, por exemplo, amarga um saldo negativo de 4,3 mil vagas. Ainda que nos últimos três meses a cidade tenha registrado avanços positivos - como a criação de quase mil postos em setembro - ainda não foi suficiente para compensar as baixas dos meses anteriores.
O mesmo ocorreu com Vila Velha e Cariacica, que, no acumulado do ano, fecharam 3 mil e 2,3 mil vagas respectivamente.
O economista-chefe da Findes e Diretor Executivo do Ideies Marcelo Saintive, lembra que o setor industrial não sofreu com restrições de atividades como ocorreu com o comércio e o serviço. Por isso, ele avalia que cidades onde a indústria é mais presente, como Serra e Aracruz, tenham segurado mais empregos e voltado a contratar mais rápido uma vez que a economia global começou a aquecer.
Vitória e Vila Velha tem uma concentração maior de comércio e serviço e só agora eles estão contratando com mais força. Isso é natural porque o distanciamento social fez com que o comércio voltasse mais tarde. Por isso elas estão demorando mais a se recuperar, avalia.
Em abril, mês com pior saldo de emprego no país, o comércio do Espírito Santo chegou a fechar mais de 5 mil postos de trabalho com carteira assinada só no setor do comércio.
Sobre Aracruz, Saintive aponta que a indústria de transformação foi a que mais empregou no pós-pandemia, o que beneficiou o município.
Em março deste ano, por exemplo, o casco de um novo navio-plataforma da Petrobras chegou ao Espírito Santo para ter a construção finalizada no Estaleiro Jurong Aracruz (EJA).
A Suzano também tem um parque industrial na cidade e, segundo o IBGE, produção do setor de celulose cresceu 50% em julho de 2020 em comparação com o mesmo mês de 2019.
A secretária municipal de Trabalho, Emprego e Renda da Serra, Aline de Oliveira, cita que na cidade foi notado um crescimento do setor de logística e de limpeza e manutenção.
Além disso nós fomos atrás dessas vagas. Montamos um call center que entrava em contato com as empresas e depois repassava por email ou whatsapp para quem estava procurando trabalho, conta.
O economista Eduardo Araújo lembra ainda que a construção civil tem peso importante na retomada do emprego pois demanda muita mão-de-obra.
O segmento de construção civil emprega muito e acaba favorecendo as cidades nesse sentido. Nesse conjunto, entra tanto as edificações residenciais como obras de engenharia da chamada construção pesada, aponta.
Ainda mais em cidades menores, obras públicas de infraestrutura, por exemplo, podem provocar um boom de empregos, já que a base de trabalhadores não é tão grande.
Para o secretário de Estado de Desenvolvimento, Marcos Kneip, os números do emprego no Estado mostram dinamismo econômico.
A sinalização é de retomada. Em setembro tivemos a informação importante que o comércio contratou mais. Para nós é importante porque ele tem base muito grande de micro e pequenas empresas e foi um dos setores que mais sentiu na pandemia. Não está no desejado ainda, mas já é uma informação importante de que a economia está girando, avalia.
Essa também é a avaliação do economista-chefe da Findes. Ele aponta que o Espírito Santo tem condições de sair da crise econômica mais depressa que outros entes federativos, e os municípios podem vir a reboque.
Aqueles mais preparados, com planejamento fiscal mais organizados, melhores ambientes de negócios, certamente vão sair na frente. É muito importante que os novos gestores (novos prefeitos) se organizem para fazer um bom desenho de política pública de imediato, pensando em como podem alavancar rapidamente economia do seu município, aponta.
Para Eduardo Araújo, com o fim dos auxílios federais no ano que vem, o papel dos prefeitos na implementação de políticas de geração de emprego e renda será ainda mais central.
Os prefeitos terão que começar mandatos tendo a questão de ambiente de negócios como sendo carro-chefe das gestões municipais. Precisarão estender o tapete vermelho pra quem está pensando em empreender na sua cidade, diz.
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