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As iniciativas de empresas do ES para apoiar mães trabalhadoras

As iniciativas de empresas do ES para apoiar mães trabalhadoras

Entre os benefícios estão home office durante o primeiro ano de vida do bebê, carga horária flexível e concessão de auxílio-alimentação durante a licença-maternidade

Publicado em 11 de maio de 2024 às 18:02

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Gisele Almeida vai aderir ao home office após a licença-maternidade
Gisele Almeida vai aderir ao home office após a licença-maternidade. (Acervo pessoal)

Conciliar a carreira com a maternidade nem sempre é uma tarefa fácil, mas quando a rede de apoio é forte, dar conta do trabalho e dos cuidados com as crianças passa a ser bem menos desafiador. E como a força feminina está presente no mundo corporativo, muitas empresas se tornaram parceiras de suas colaboradoras e passaram a oferecer benefícios que vão além da licença-maternidade, prevista em lei.

A ajuda pode vir com a extensão do home office durante o primeiro ano de vida do filho, carga horária de seis horas por 30 dias, concessão de auxílio-alimentação para mulheres durante o período de licença-maternidade, sala exclusiva de amamentação, entre outros amparos.

Na EDP, empresa que atua no segmento de energia, as colaboradoras que têm filhos com até 1 ano de idade podem optar por atuar 100% do tempo em home office. Hoje, a companhia adota o regime híbrido. Segundo a concessionária, a medida tem como objetivo proporcionar um maior equilíbrio entre carreira e vida pessoal, permitindo que essas profissionais continuem a crescer e se desenvolver na carreira, sem precisar abrir mão do tempo com os filhos.

A técnica em eletrotécnica da EDP Gisele Almeida, de 38 anos, é mãe do Bernardo, de 4 anos, e está grávida de 5 meses da filha Alice. Ela vai aderir ao programa após terminar a licença. A empresa permite a saída das funcionárias 15 dias antes da data prevista para o parto.

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A maternidade é o maior projeto da minha vida, mas não é fácil! Para conciliá-la com o trabalho, meu marido e eu estabelecemos uma rotina bem estruturada com nosso primeiro filho e pretendemos manter isso com a chegada da Alice. A empresa será nossa rede de apoio nesse momento especial

Gisele Almeida
Técnica em eletrotécnica
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Mulheres que foram vítimas de violência doméstica também têm direito a trabalho remoto temporário na concessionária, por opção da colaboradora, e de forma que não a exponha a nenhum risco. Para esses e outros casos sensíveis, a EDP disponibiliza canais de acolhimento por diversos meios.

As colaboradoras da Viação Águia Branca recebem auxílio-alimentação durante todo o período de licença–maternidade e, após o retorno dos quatro meses de afastamento, a carga horária diária é de seis horas durante 30 dias.

“Hoje trabalhamos com jornada híbrida e isso permite conciliar essa rotina dos filhos com o trabalho laboral. Também é permitido alterar as jornadas dessas colaboradoras, permitindo a participação na etapa familiar. Eu tenho três filhas e sei que não adianta a mãe estar no trabalho preocupada com a criança doente em casa,  porque ela simplesmente não produz. Para quem tem filho pequeno, nada melhor do que o home office quando há necessidade”, destaca Fernanda Peroba, gestora de pessoas da Divisão de Passageiros.

Suzano desenvolve, ao menos, três programas de assistência e amparo à maternidade. Um deles é o Programa de Suporte às Mães, que inclui curso de pais, orientações sobre amamentação, sala de maternidade para colher leite e armazenar de forma adequada após o retorno ao trabalho.

Outra iniciativa é o Programa de Parentalidade, para acolhimento na descoberta da gravidez, além do Programa Mãe Amiga, que acolhe a mãe no retorno ao trabalho após a licença–maternidade, recebendo suporte de outras mulheres que já vivenciaram na prática a experiência de conciliar vida pessoal, filhos e carreira. A colaboradora das áreas administrativas pode ficar em home office com a autorização da liderança.

Contratada aos seis meses de gravidez

A consultora de relações do trabalho da ArcelorMittal Tubarão, Stella Pereira, de 41 anos, descobriu a gravidez da filha caçula, Alice, de um ano, quando estava no início da terceira gestação. Quando o processo seletivo terminou e foi contratada, ela já estava no sexto mês. A profissional também é mãe de Arthur, de 8 anos, e de Samuel, de 4. Neste ano, Stella completa dois anos de empresa.

Stella Pereira, consultora de relações do trabalho. (Acervo pessoal)

“Eu estava em um período de transição de carreira quando soube da vaga. A pessoa que me indicou até disse que eu tinha o perfil para ocupar essa chance. Percebi que a empresa estava disposta a investir em mim e que a gravidez não seria empecilho para minha contratação”, lembra.

Stella pôde trabalhar de casa nos últimos 15 dias da gravidez; inclusive, trabalhou até o dia do nascimento da Alice e participou até de reunião. Aliás, a consultora fica em home office sempre que precisa.

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É muito importante ter uma rede de apoio ajustada e apoio da empresa e da equipe. Aos 8 meses, minha filha teve problemas de saúde e precisou ficar internada na Utin. Meu chefe imediato disse que a família está em primeiro lugar e, com isso, fiquei tranquila em cuidar dela

Stella Pereira
Consultora de relações do trabalho da ArcelorMittal Tubarão
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O home office é permitido uma vez por semana, mas, se houver necessidade, as mães podem fazer uso do modelo para cuidar dos filhos. A empresa também tem auxílio-creche para crianças até 6 anos, licença maternidade estendida (6 meses) e duas salas de amamentação (uma na área administrativa e outra na industrial) para funcionárias próprias e terceirizadas.

O diretor de Pessoas, Bem-Estar, Saúde e Segurança da ArcelorMittal, Rodrigo Gama, explica que o objetivo da empresa é prezar pelo cuidado e pelo respeito às pessoas. Dentro da companhia, há ainda um trabalho de fisioterapia específica para gestante, para que ela possa ter um melhor bem-estar.

“Precisamos das pessoas plenas aqui dentro e, por isso, damos tanta importância em conceder esses cuidados. Não é só atrair esses talentos, é também oferecer benefícios que façam com que essas colaboradoras permaneçam conosco”, comenta Gama.

Valorização gera bom desempenho

Para a psicóloga e diretora da Psico Store, Martha Zouain, investir em benefícios que apoiam profissionais que acabaram de ter um filho não apenas demonstra cuidado e empatia, mas, também, visão do que pode impulsionar a produtividade e o comprometimento delas com a organização.

“Valorizar e apoiar mães recém-chegadas de licença–maternidade minimiza medos, que esta pode ter alimentado por estar afastada, de sua real importância. Valorizar e cuidar desse momento único na vida delas vai incentivar essas profissionais a se dedicarem ainda mais ao seu trabalho”, salienta.

Ela argumenta ainda que o investimento no bem–estar resulta em colaboradoras mais dedicadas, engajadas e motivadas, prontas para superar desafios e contribuir para o sucesso da empresa. “O cuidado com quem cuida é o segredo para construir equipes de alta performance e alcançar resultados extraordinários.”

Quais são os direitos das mulheres no mercado de trabalho?

Há leis que asseguram os direitos das mães brasileiras, conforme explica a advogada Fernanda Meôky, do escritório Brum Kuster, Marques e Fragosos Advogados. Segundo ela, a proteção à maternidade é um direito assegurado constitucionalmente às trabalhadoras brasileiras, regulamentado pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e pela Constituição Federal.

As duas legislações garantem a proteção à maternidade, que tem como propósito apoiar as mulheres que, durante a gestação e após se tornarem mães, necessitam conciliar os cuidados com o filho com suas obrigações profissionais.

Entre esses direitos estão:

  • Licença-maternidade de 120 dias, com remuneração garantida pelo salário–maternidade da Previdência, seja por parto, seja adoção;

  • A mulher tem direito à contagem do tempo de serviço para final de aposentadoria e benefícios previdenciários;

  • Auxílio-creche e pré-escola, destinados aos dependentes dos servidores públicos da administração pública federal direta, autárquica e fundacional, com base no Decreto Nº 977, de 10 de novembro de 1993;

  • Apoio à amamentação, que estabelece que as empresas com mais de 30 funcionárias devem disponibilizar salas de apoio, direito a dois descansos especiais de meia hora cada, durante a jornada de trabalho, e a possibilidade de ampliação com atestado médico.

  • É garantida a estabilidade no emprego durante a gravidez e até cinco meses após o parto, protegendo a mãe contra demissões arbitrárias;

  • Dispensa do horário de trabalho para consultas médicas, transferência de função e retomada na mesma função após o retorno ao trabalho.

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