Uma fábrica de roupas em Colatina, no Noroeste do Espírito Santo, produz peças para um público diferente e que não são vistas nas vitrines das lojas. A confecção se dedica a produção de roupas litúrgicas usadas por padres, bispos do Estado e de todo o país. Até o Papa Francisco já usou peças feitas pela empresa capixaba, durante uma visita ao Brasil, em 2013.
A fábrica foi fundada há cerca de 30 anos, como uma necessidade da Diocese de Colatina, na sua instalação em 1990, além das paróquias e comunidades. São 25 funcionários que mantêm a produção funcionando, cuidando das peças com bordados especiais e aplicações trabalhadas.
Por exigir mais cuidado com as roupas, o tempo de produção também é maior, o que faz com que o volume de roupas costuradas seja menor. Enquanto uma fábrica de roupas convencionais produz cerca de 10 mil peças por mês, a produção de roupas litúrgicas gira em torno de 2 mil peças.
As vestimentas também exigem um trabalho atento na criação. Além da beleza, as peças precisam representar toda a simbologia da religião.
“É um cuidado com a liturgia. O cuidado com os fiéis, com a Igreja, com a celebração litúrgica, passa também pela sua aparência", afirma o gerente administrativo da fábrica, Marcos Antônio Casotti, para o repórter Alessandro Bacheti, da TV Gazeta Noroeste.
Em 2013, os funcionários da fábrica ganharam uma missão especial: vestir o Papa Francisco. O convite para produzir as roupas veio da diocese de Aparecida, em São Paulo. O pontífice utilizou as peças capixabas na primeira missa aberta ao público no Brasil, no dia 24 de junho do mesmo ano, na Basílica de Aparecida do Norte.
"De lá veio a grande proposta. Se a gente poderia fazer os paramentos para o Papa quando ele estiver celebrando em Aparecida. No meio dessa história tem também os 50 co-celebrantes, os cardeais, arcebispos, bispos, padres, ao todo dá umas 300, 350 vestes a serem produzidos", contou o diretor da fábrica em Colatina, padre Ernandes Fantin, na ocasião.
Para a celebração da missa, foram confeccionadas quatro peças, sendo elas a túnica, a estola, que caracteriza a função do sacerdote, a casula, utilizada somente nas ocasiões de celebração de missa, e a mitra. Feitas com tecidos brasileiros, as peças foram pensadas para transmitir a humildade passada pelo Papa.
“Foi tanta alegria, que deu até vontade de chorar naquele dia. Foi muito emocionante!”, relembra a costureira Fernanda Kefler, que trabalha na fábrica e participou da confecção das peças usadas pelo Papa.
A fábrica tem lojas em Aparecida do Norte, São Paulo, e faz vendas pela internet. No ano passado, a produção foi expandida para além do Brasil, e a confecção começou a exportar peças para padres de outros países. Já foram enviados paramentos para a países da América do Sul e também para os Estados Unidos.
Este ano, eles receberam outra grande encomenda. Foram feitas quase 600 peças para os religiosos que participaram da assembleia geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil.
“Foi uma correria. Foram cerca de 2 meses para produzir 600 peças. Uma produção que é muito artesanal e manual, apesar de ser um produto em linha. Mas foi um momento importante também para nós participar de uma festividade da maior entidade da Igreja no Brasil”, conta o gerente administrativo da fábrica.
Os valores variam de acordo com as peças, que podem ser de R$ 50 até R$ 3 mil. Mas o lucro não fica todo para a fábrica. Mensalmente, parte dos valores são direcionados para a Cáritas Diocesana e o Fundo Diocesano de Solidariedade, aplicados em obras sociais em 16 municípios do Estado.
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