A atividade econômica do Espírito Santo deve encolher 6,9% em 2020, segundo levantamento feito com exclusividade pelo economista Eduardo Araújo, com base em informações do Índice de Atividade Econômica do Banco Central do Brasil (IBCR-ES).
O estudo aponta para uma retração econômica de cerca de 6,8% já no primeiro semestre deste ano, na comparação com o mesmo período de 2019. O resultado foi puxado pelo setor de serviços, que responde por cerca de 60% da economia capixaba e registrou queda de 8,1% no acumulado do ano, segundo dados do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN). Na comparação com maio, o desempenho do setor encolheu 2,9% em junho.
Os números refletem os impactos das medidas de distanciamento social adotadas desde a última quinzena de março. As ações para minimizar o avanço do novo coronavírus incluíram a suspensão de atividades educacionais, cinemas, teatros e afins, academias, shopping centers e comércios não essenciais durante a pandemia, por apresentarem intenso contato social.
Apesar de o funcionamento de diversas categorias de estabelecimentos ter sido flexibilizado após a adoção do Mapa de Risco que classifica os municípios conforme a chance de contágio pelo novo coronavírus , o mau desempenho de bares proibido em cidades com risco moderado ou alto , restaurantes, hospedagem e transporte, por exemplo, deve contribuir, por mais algum tempo, para o encolhimento da atividade econômica do Estado.
Os dados também apontam crescimento de 0,1% na atividade econômica do Estado no último mês de junho em relação a maio, em decorrência da retomada do comércio. Na comparação com o mesmo período do ano passado, porém, foi registrada queda de 9,18%.
A situação econômica no Estado melhora um pouco a cada dia. Porém, com o ritmo de recuperação atual é de se esperar que o volume de geração de riquezas encolha um pouco mais que a média nacional, observa Araújo.
A produção industrial de abril a junho no Estado recuou 29,8% na comparação com o mesmo período do ano anterior, segundo a última Pesquisa Industrial Mensal - Produção Física (PIM-PF Regional) do Instituto Brasileiro de Estatística e Geografia (IBGE).
A primeira mudança na tendência de queda observada desde o início deste ano foi no mês final do levantamento. Em junho, a produção industrial capixaba cresceu 0,4% em relação a maio.
Embora ainda considere o cenário precário, o economista Marcelo Loyola Fraga destacou que projeções realizadas no início da pandemia da Covid-19 indicavam encolhimento ainda maior no desempenho das atividades econômicas do Estado de forma geral.
Para uma retomada mais acelerada, dependemos muito do setor de serviços, que não deve se recuperar completamente este ano. Mas a indústria, por exemplo, deve apresentar melhoras conforme o mercado internacional vai retomando.
Quanto ao mercado de trabalho, os economistas consideram que a tendência, por ora, é de que as taxas de desemprego permaneçam altas.
A série histórica do levantamento apontou que o processo de retração da atividade econômica do Espírito Santo antecede a pandemia do novo coronavírus. Os dados do Banco Central indicam que, em março, quando as ações de enfrentamento à doença tiveram início no Estado, a economia capixaba já acumulava queda de 2,4% em relação aos 12 meses anteriores.
Já vínhamos de uma situação ruim. A crise do novo coronavírus só fez ampliar perdas que já existiam, destacou o economista Eduardo Araújo.
Conforme observou o economista Marcelo Loyola Fraga, as oscilações das commodities no mercado internacional são parte da razão. "O Espírito Santo é muito voltado para o mercado internacional, então sofre muito com essas variações. O preço do barril de petróleo, por exemplo, nos penalizou muito. E aí veio a pandemia e a situação desandou ainda mais."
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