A atividade econômica do Espírito Santo encolheu 4,4% em 2020, segundo estudo do Instituto de Desenvolvimento Educacional e Industrial (Ideies), entidade do Sistema Findes. Todos os grandes setores da economia sofreram redução no desempenho, com destaque para a indústria, que teve redução de 12,8% no acumulado do ano.
O dado é considerado uma prévia do PIB estadual, que deve ser oficialmente apresentado ainda nesta semana pelo Instituto Jones do Santos Neves. O PIB do Brasil fechou o primeiro ano de pandemia com retração de 4,1%.
"Entre o terceiro e quarto trimestres, vimos um aumento de 4,4%. Claramente, isso se deve a uma melhora em relação àquela época do início da pandemia. A flexibilização das restrições repercutiu na economia capixaba proporcionando esse crescimento. Mas sabemos que ao longo de 2020 tivemos muita dificuldade e por conta disso o fechamento do ano foi negativo em 4,4%”, afirmou o economista-chefe da Findes e diretor executivo do Ideies, Marcelo Saintive.
Dentro do setor industrial, o maior recuo foi na indústria extrativa, que caiu 22,8%. Segundo a gerente do Observatório da Indústria do Ideies, Marília Silva, o motivo é a alta sensibilidade desse ramo às demandas externas. Ou seja, a demanda reduzida em outros países afeta a produção no Espírito Santo.
É o caso, por exemplo, do setor de petróleo e gás, que reduziu a produção em 2020 diante da queda na demanda global em função da pandemia.
Já a indústria da transformação foi a que teve o melhor desempenho, fechando o ano em estabilidade (-0,3%), graças, principalmente, ao crescimento do setor de alimentos, de papel e celulose e de minerais não-metálicos (mármore e granito).
Contudo, a queda de mais de 15% do setor de metalurgia - e o fato de ele representar mais de um terço do setor da indústria de transformação - puxou o indicador para baixo.
“O setor de papel e celulose teve crescimento expressivo com mais de 20%. Se esse setor não tivesse crescido tanto, a queda (referente à indústria da transformação) teria sido maior. Já a metalurgia é um setor fortemente impactado pelas demandas mundiais. Faz bastante sentido que, no ano em que a economia do mundo reduziu, ele sinta mais os desdobramentos que outros”, afirmou a gerente.
A construção civil, apesar de ter observado um crescimento de 40% no último trimestre do ano em relação ao período imediatamente anterior, ainda terminou o ano com recuo de 15,8%.
A queda do setor de serviços foi menor, de 2,8% no acumulado do ano, com resultado amenizado pelo comércio que, apesar das medidas restritivas sofridas no primeiro semestre do ano, conseguiu se recuperar e crescer 1,7%.
“Para o comércio, os benefícios do governo fazem bastante diferença porque criam uma demanda. O comércio conseguiu fechar ano com crescimento, mas o setor de transportes e demais serviços não conseguiram”, explicou Marília Silva.
A presidente da Findes, Cristhine Samorini, afirmou, ao comentar os dados, que passamos pela segunda década perdida para a economia, citando os anos de 1980 e o período entre 2010 e 2020.
Ela disse ainda que a Federação se mantém em diálogo com o governo federal para tentar fazer avançar as reformas (tributária e administrativa) e tem agido para ampliar a velocidade de vacinação da população.
“Isso reforça a nossa necessidade de atuar, de cobrar com mais intenção, que as reformas aconteçam, mas é uma pauta que temos que dividir com a pandemia. Estamos muito empenhados a ajudar nesse momento para a vacinação. Já começamos o diálogo com farmacêuticas. Não é fácil, mas sabe que quanto mais esforços, mais rápido vamos conseguir esse volume necessário de vacinação”, disse.
Na semana passada a entidade anunciou que se uniu às federações de outros Estados para tentar adquirir doses de imunizante contra o coronavírus.
O setor, que aderiu ao movimento Unidos pela Vacina, tem como foco a mobilização para imunizar todos os brasileiros até setembro deste ano.
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