Criado para ajudar desempregados e trabalhadores informais que perderam renda durante a pandemia do novo coronavírus, o auxílio emergencial tem sido a única forma de muitas famílias colocarem comida na mesa.
No Estado, são aproximadamente 1 milhão de pessoas contando com os R$ 600, segundo o Portal da Transparência. O desafio dessas pessoas será conseguir uma atividade remunerada. Após o pagamento das cinco parcelas que termina agora em setembro, o governo dará mais quatro meses de assistência, no entanto, com um valor de R$ 300, metade do que tem chegado agora até os mais pobres.
Entre os beneficiados pelo auxílio emergencial no Estado está José Carlos da Silva, de 59 anos, trabalhador desempregado da construção civil.
Na casa dele, o dinheiro tem destino certo: comprar alimento e pagar as contas essenciais. Sem emprego há quatro anos, as chances de trabalho para esse morador de Ataíde, em Vila Velha, diminuíram ainda mais na crise do coronavírus.
Com medo de enfrentar filas, a cada saque em dinheiro do auxílio, de acordo com o cronograma de pagamento da Caixa, ele prefere madrugar na porta da agência. Tem chegado por volta das 5 da manhã. Consegue, em algumas situações, ser o primeiro a ser atendido.
A gente está na fila com a esperança de dar tudo certo, sai de casa com o plano de fazer compras e pagar contas. Mas o alívio só acontece quando a gente está na boca do caixa, disse o trabalhador que é casado e que pedala 6 quilômetros para chegar a uma agência para retirar o seu benefício.
Em agosto, ele recebeu a terceira e quarta parcela do benefício de uma vez. Gastou R$ 281 no supermercado, deu R$ 300 para esposa cobrir dívidas com o cartão de crédito, deixou R$ 45 na feira livre e com R$ 191 comprou material de construção. Mais R$ 20 foram direcionados ao conserto da bicicleta que estava com o pneu furado. Um total de R$837. Sobrou R$363 do auxílio. As compras do supermercado vão suprir a casa por um mês.
Na família do microempreendedor Rodrigo Siqueira Schultz, 35 anos, a ajuda do governo também tem contribuído para manter a alimentação. Casado e com um bebê em casa, ele viu o faturamento de sua empresa cair 50% durante a pandemia.
Além de gastar com comida, ele conta que é preciso organizar as finanças para usar da melhor forma o restante do dinheiro que não se foi nas compras de supermercado.
Mas na fila de saques do auxílio emergencial não há apenas alegria para a retirada do dinheiro. Existe ali também gente preocupada em conseguir novamente ter acesso aos recursos, bloqueados após problemas no aplicativo.
Terezinha de Souza Baeta, 57 anos, por exemplo, precisou ir diversas vezes a uma das agências para tentar, sem sucesso, revir os problemas no aplicativo. Até julho, ela havia recebido apenas a primeira parcela.
Após mais uma vez procurar o banco, a resposta para o problema não foi positiva. Não consegui. Está suspenso, diz que está em reavaliação. Não falam mais nada. Mas eu vou voltar de novo, conta. Não tem nada na conta. Ia fazer compra para dentro de casa, tem conta para pagar, lamenta. Mas vou voltar, persistir, ter fé e esperança, reclama com lágrimas nos olhos.
Moradora de Cariacica, a jovem de 20 anos Ester Oliveira dos Santos fez seu cadastro para conseguir o auxílio emergencial no início de abril. Mas até o início do mês de agosto não havia conseguido os recursos. Sem ter dinheiro nem para o aluguel, ela conta com a ajuda de amigos e alguns trabalhos esporádicos.
Fiz inscrição no dia sete de abril, mas até hoje não recebi nada, conta. Eu pago aluguel. Como não tenho condições de trabalhar por causa dessa pandemia, eu achei que o auxílio ia me ajudar, explica.
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