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Avanço do coronavírus faz bolsas despencarem: entenda a reação do mercado

Avanço do coronavírus faz bolsas despencarem: entenda a reação do mercado

Ações da Vale e da Petrobras sofreram forte desvalorização. O preço do petróleo também foi impactado. Saiba como o vírus  influencia o mercado internacional

Publicado em 27 de janeiro de 2020 às 22:19

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Passageiros com máscaras protetoras em estação de trem de alta velocidade em Hong Kong. (Kin Cheung/AP)

Após o anúncio de um aumento de 40% no número de mortos e infectados pelo coronavírus chinês de domingo (26) para esta segunda-feira (27), o mercado financeiro operou em aversão a risco. Para investidores, o caso fugiu do controle da China e pode ter grandes impactos na economia mundial. Até o momento, 81 pessoas morreram e 2.744 foram infectadas.

Em momentos de aversão a risco, os investidores tendem a vender ações e comprar ativos mais seguros, como ouro e dólar. Com isso, o preço da moeda americana subiu 0,6% e chegou a R$ 4,21, maior valor desde 2 de dezembro. O grama do ouro subiu 1,8%, a R$ 215,80.

Por conta da incerteza, nesta segunda, Bolsas de Valores de todo o mundo operaram em forte queda. Europa e Estados Unidos tiveram os maiores recuos percentuais em mais de três meses: Londres, Paris e Frankfurt recuaram 2,5% e Dow Jones e S&P 500 caem 1,5%. A Nasdaq cai 1,89% e a Bolsa de Tóquio teve queda de 2%. Também houve redução na cotação das commodities agrícolas, como soja, milho e trigo, na bolsa de Chicago.

No Brasil, o Ibovespa recuou 3,29%, a 114.481 pontos, menor patamar em dez meses. Com a queda de 2% do barril de petróleo, as ações da Petrobras recuaram 4,33% (preferenciais) e 4,21% (ordinários). Já os papeis da Vale caíram 6,12%. Nesse caso, também influenciou a decisão da mineradora de elevar o nível de alerta da barragem Sul Inferior, em Minas Gerais, por conta das chuvas.

QUAL A RAZÂO DESSE TEMOR DO MERCADO?

Para o especialista em renda variável da Valor Investimentos, Pedro Lang, o mercado ainda deve permanecer apreensivo pelas próximas semanas. "O nosso mercado esteve muito forte nos últimos meses e, pela primeira vez no período, teve uma queda importante. Podemos ter pela frente meses mais cautelosos, com maior aversão a risco, e isso se reflete no preço dos ativos", diz. 

O temor é que o vírus trave a retomada da economia chinesa e acabe estimulando uma desaceleração da economia global. Neste cenário de preocupação com as consequências econômicas do surto da doença, sofrem sobretudo empresas aéreas e de petróleo. As moedas de países emergentes também sofrem pressão, já que os investidores preferem optar pelo dólar ou euro.

Pedro Lang avalia, porém, que os efeitos não devem alterar a tendência estrutural de crescimento econômico mundial.

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Vimos em outras situações, como no caso da gripe suína (2009), do Ebola (2018) e do Sars (sigla para Síndrome Respiratória Aguda Grave em inglês, em 2003) que o mercado como um todo caiu em um curto prazo. As pessoas literalmente consomem menos e a economia fica um pouco mais travada. Em alguns casos mais graves, as consequências duraram até três trimestres. Mas, olhando em um recorte temporal maior, mal é possível perceber o que provocou essas quedas

Pedro Lang
Especialista em renda variável da Valor Investimentos
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Já para o presidente do Sindicato do Comércio de Exportação e Importação do Espírito Santo (Sindiex), Marcílio Machado,  a reação do mercado é momentânea e emocional.

"Infelizmente estamos sujeitos a esse tipo de evento que pode abalar o mercado internacional. Mas já houve outros momentos, como o surto de Ebola, na África, que ao final tudo foi controlado. Por enquanto, o que temos sobre o coronavírus ainda é muito pouco porque é muito recente", diz.

Ele admite, no entanto, que se a situação se agravar, o comércio exterior poderá ser afetado. "Vamos acompanhar de perto. Se isso continuar afetando o mercado global, com queda nas bolsas de valores e grande volatilidade cambial, pode afetar. Mas é difícil antecipar, por enquanto", avalia.

EFEITO PODE SUPERAR EPIDEMIA DE SARS EM 2013

Analistas ouvidos pelo jornal "Folha de S. Paulo" avaliam que o dano econômico pode ser maior do que a epidemia do Sars, que deixou centenas de mortos em 2003.

"Naquela época, as economias estavam iniciando um movimento de expansão após uma grave crise; hoje, o mundo está exatamente na direção oposta, com as grandes economias lutando para impedir que uma desaceleração mais forte na atividade possa se tornar uma recessão. Caso o coronavírus estenda seus efeitos, os indicadores econômicos do 1º trimestre podem ser duramente impactados. E com os juros tão baixos mundo afora, os Bancos Centrais podem ter menos ferramentas para estimular as economias", diz relatório da Rico Investimentos.

O mercado acionário chinês permanece fechado pelas comemorações do Ano Novo Lunar até 3 de fevereiro. À princípio, as atividades retornariam nesta quinta (30), mas o governo estendeu o feriado de modo a conter o vírus.

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Com informações de agências Folha e Estadão

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