O Banestes fechou o primeiro semestre de 2020 com lucro de R$ 125 milhões, volume 14,4% maior que os primeiros seis meses do ano de 2019, quando o banco capixaba alcançou R$ 109 milhões em resultado. Os três primeiros meses deste ano, no entanto, período pré-pandemia, foram cruciais para garantir esses bons números.
De janeiro a março, o banco atingiu lucro recorde, de R$ 83 milhões. No entanto, o ritmo de crescimento da instituição financeira retroagiu. O resultado entre abril a junho foi de R$ 42 milhões, 7,5% menor que o do mesmo período do ano passado, de R$ 46 milhões.
A retração ocorreu ao mesmo tempo em que o coronavírus avançava no Estado, causando graves efeitos na economia. Mas o Banestes disse que outros motivos também influenciaram nos dados.
Em comunicado ao mercado, divulgado nesta terça-feira, o banco, que tem o governo do Estado com acionista controlador, explicou que um dos fatores foi a redução nas receitas com a prestação de serviço e tarifas (5,4%) por causa do impacto da Covid-19 nos segmentos do varejo e de serviços. O resultado foi de R$ 87 milhões.
A receita também caiu por causa da redução das rendas com administração e gestão de fundos (-10,2%), com cartões (-8,8%) e com conta-corrente e depósitos (-12,6%).
Segundo o diretor de Relações com Investidores e de Finanças do Banestes, Fernando Poncio, como muitas famílias tiveram perda de renda ou mesmo de emprego neste período de crise, a saída encontrada pelos consumidores para economizar foi também renegociar os gastos bancários. "As pessoas trocaram pacotes na tentativa de economizar. E isso foi um dos motivos para a receita com tarifas ter caído", destacou.
Ele ainda acrescentou que no caso dos cartões de crédito houve também contratação. "O menor uso impacta na receita. As pessoas reduziram os gastos porque não sabem o dia de amanhã. Temos muitos servidores públicos como clientes do crédito consignado. Essas pessoas não foram tão afetadas pela pandemia. Mas o mercado privado, que representa uma boa fatia da carteira, foi muito atingido. O que elevou a cautela com as despesas."
Outra explicação foi um custo adicional de R$ 6 milhões com a provisão de debêntures e do ajuste da destinação dos juros de capital próprio, determinado pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Esta última alteração impediu o uso de benefício fiscal no período.
Poncio esclareceu que a regra do Banco Central fez com que a instituição financeira deixasse de agregar R$ 7 milhões em créditos tributários. "A resolução limitou em até 25% do resultado o valor pago aos acionistas. Ao tirar das participações os recursos que não puderam ser repassados, o banco deixa de ter ganho fiscal. Mas isso deve ser revertido no segundo semestre", explicou.
Aos acionistas, o Banestes pagou R$ 27 milhões a título de juros de capital próprio. A maior fatia, de quase R$ 25 milhões, foi para o caixa do Tesouro Estadual.
No segundo trimestre, o faturamento do banco foi de R$ 511 milhões, um recuo de 24,1% em 12 meses por conta dos impactos diretos da redução história da taxa básica de juros (Selic) nas operações bancárias.
No semestre, as receitas com prestação de serviços e tarifas atingiram R$ 177 milhões, mantendo-se estável e positiva (0,1%), com destaque para as rendas de gestão e administração de fundos (2,1%), de tarifas em operações de crédito (+8,8%) e angariação de seguros (+47,7%). "Este comportamento dependerá do retorno à normalidade da atividade econômica nos próximos meses", explicou o fato relevante.
O relatório financeiro aponta que o Banestes realizou quase R$ 2 bilhões em operações de crédito, sendo R$ 1,43 bi em novos empréstimos: R$ 758 milhões para empresas, em especial as de pequeno e médio porte; R$ 672 milhões para pessoa física.
Mesmo sem ter um avanço da inadimplência no primeiro trimestre, a preocupação de como será o atraso no pagamento dos empréstimos pelos devedores no banco nos próximos meses levou o Banestes a tomar medidas mais conservadoras. Entre abril e junho, a instituição provisionou R$ 22 milhões para trazer segurança financeira caso muitos clientes não consigam honrar os compromissos.
Com a pandemia, o banco concedeu R$ 324 milhões em prorrogação de crédito para clientes pessoa física e jurídica. A carência de muitos começa a vencer em outubro e novembro. "A volta do pagamento das parcelas pode causar um aumento na inadimplência, por isso as medidas preventivas", destacou Poncio.
Segundo o comunicado ao mercado financeiro, o índice de inadimplência no primeiro semestre na carteira de crédito ampliada ficou em 2,2%. Enquanto a inadimplência na carteira de crédito comercial atingiu 3,5%.
As operações com atraso superior a 90 dias no segmento de pessoa física atingiram 2,6%, enquanto, no segmento corporativo fechou em 5,0%. "Em suma, a inadimplência das operações com pessoa física ficaram estáveis comparado ao primeiro semestre de 2019, enquanto, a inadimplência das operações corporativas apresentaram melhora 0,8 p.p. na mesma comparação, porém ainda não capturado na totalidade o impacto e efeito da crise sanitária instalada (Covid-19) na economia local e consequentemente em nossas operações."
O Banestes é um banco com capital aberto e tem suas ações negociadas na Bolsa de Valores de São Paulo, a B3. O lucro por ação ficou em R$ 133,58 por trimestre.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta