A venda dos bitcoins apreendidos de uma empresa da Serra, que, em 2019, foi alvo da Operação Madoff, deflagrada pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal, foi concluída na quarta-feira (4). Foram arrecadados mais de R$ 5,7 milhões, que serão utilizados para ressarcir investidores lesados pelo esquema financeiro.
Os empresários são suspeitos de vender ativos financeiros, semelhantes aos ofertados por fundos de investimentos, com promessas de lucros mensais de até 20%. Os valores aplicados pelos poupadores, porém, não eram realmente destinados à compra de bitcoins, segundo apontam as investigações.
Os indícios são de que a empresa, que teve o site desativado há dois anos, atuava por meio de um esquema Ponzi, um tipo de pirâmide financeira, em que os montantes aplicados pelos novos investidores eram utilizados para ressarcir os “clientes” mais antigos.
Os 28,22 bitcoins que efetivamente apreendidos foram vendidos nesta semana, entre segunda (2) e quarta-feira (4), por R$ 5.767.449,44. O valor arrecadado já foi repassado à Justiça para ser utilizado no âmbito do processo para ressarcir investidores lesados pelo esquema, conforme explicou Marcelo De Callis, coordenador jurídico do Mercado Bitcoin, que realizou a negociação.
“Fizemos o procedimento a preço de mercado validado em juízo, seguindo algumas diretrizes para não perder o valor. Foram nove vendas de três bitcoins e uma venda residual. Foram arrecadados mais de R$ 5,7 milhões, que foram depositados em juízo e estão no processo à disposição do Judiciário. E foi totalmente pró-bono, até porque a intenção é ajudar o Judiciário com essa questão da cripto e evitar que os valores fiquem travados.”
Na terça-feira (3), o delegado da Polícia Federal, Guilherme Helmer, responsável pelo caso, já havia esclarecido que as criptomoedas seriam vendidas a custo de mercado. Hoje, a cotação de um único bitcoin chega a ultrapassar R$ 203,5 mil.
A alienação dos ativos vinha sendo discutida desde o início da operação, mas somente nas últimas semanas chegou-se à conclusão sobre o modelo de venda.
“A venda está sendo realizada no Mercado Bitcoin, e não em um site de leilão, por exemplo, então não existe perda do valor, taxa a pagar por leiloeiro, de modo a garantir a maior quantidade de recursos para pagar as pessoas prejudicadas pelo esquema”, explicou o delegado na ocasião.
Segundo as investigações divulgadas ainda em 2019, a gestora de recursos agia de forma clandestina, pois não tinha autorização nem da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) nem do Banco Central para operar com a venda de títulos. O nome do negócio suspeito, mantido em sigilo pelas autoridades, chegou a vir à tona após a remoção da página na web.
Após a exposição, um cliente da companhia relatou que temia perder cerca de R$ 100 mil aplicados em operações da companhia.
As investigações começaram em 2018. A companhia, contudo, agia desde 2017 como uma corretora de valores, vendendo investimentos vinculados a bitcoins semelhantes aos famosos fundos de ações. Entre os clientes da companhia, estavam pessoas do Espírito Santo e de outros Estados.
Ao todo, são investigados cinco pessoas, uma no Acre, uma no Mato Grosso do Sul e três no Espírito Santo. O dono da empresa, que vive no Estado, era também conhecido por ser líder de uma igreja evangélica. Até o momento, ninguém foi preso.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta