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Bloqueios nas estradas no ES barram 90% dos alimentos que chegariam à Ceasa

Bloqueios nas estradas no ES barram 90% dos alimentos que chegariam à Ceasa

Manifestações em diversos pontos das rodovias do Espírito Santo também já resultaram no cancelamento de mais de 200 viagens de ônibus nos últimos dois dias

Publicado em 1 de novembro de 2022 às 21:37

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Manifestação de caminhoneiros no km 414 da BR 101, em Itapemirim
Manifestação de caminhoneiros no km 414 da BR 101, em Itapemirim. (Twitter PRF-ES | @PRF191ES)
Ednalva Andrade
Repórter / [email protected]

bloqueio de rodovias no Espírito Santo e em diversos outros estados brasileiros por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL), derrotado na eleição, já trouxe impactos para alguns setores econômicos capixabas, começando pelos alimentos que deixaram de chegar à Central de Abastecimento do Espírito Santo (Ceasa) nesta terça-feira (1º) e pelas viagens de ônibus canceladas nos últimos dois dias.

Nesta terça-feira (1º), cerca de 90% dos produtos que vêm de fora do Estado não chegaram à Ceasa, entre os quais laranja, batata e melancia, segundo informou a assessoria da Central de Abastecimento. Os prejuízos ainda serão calculados, já que os protestos continuam com caminhões ficando retidos em diversos pontos das rodovias no Estado e também fora do Espírito Santo.

A Ceasa não funciona nesta quarta-feira (2), em virtude do Dia de Finados, e somente na quinta-feira será possível avaliar o comprometimento do abastecimento de outros produtos.

Bloqueios nas estradas no ES barram 90% dos alimentos que chegariam à Ceasa

O setor de transporte de cargas e de passageiros também foi afetado pelos bloqueios das rodovias, sendo que desde a manhã de segunda-feira (31) somente a Viação Águia Branca cancelou 221 viagens das 550 previstas para sair do Estado, o que corresponde a 40% do total.

A empresa informou, em nota, que tomou essa decisão seguindo orientação da Agência Nacional de Transporte Terrestre (ANTT) para assegurar o conforto e segurança dos passageiros. Além de prestar o atendimento necessário aos passageiros, a Viação Águia Branca também flexibilizou as regras de cancelamento e remarcação de passagens para garantir que os passageiros possam reorganizar suas viagens sem cobrança de taxa. As alterações poderão ser feitas até o dia 11 de novembro.

A empresa informou também que arcou com alimentação e hospedagem dos passageiros afetados, de acordo com a norma regulatória, e segue com equipes de atendimento ao cliente e canais de comunicação atualizados constantemente com novas informações.

Em nota, o presidente da Federação das Empresas de Transportes do Estado do Espírito Santo (Fetransportes), Renan Chieppe, afirmou que “a Federação respeita a liberdade de manifestação, entretanto quer ver respeitado o direito constitucional de ir e vir”.

Chieppe acrescentou que as paralisações dificultam a locomoção de pessoas, o acesso do transporte de produtos de primeira necessidade da população, como alimentos, medicamentos e combustíveis, e espera que “prevaleça o bom senso e o interesse maior de toda a sociedade brasileira, com a imediata normalização da livre circulação de pessoas e mercadorias, direito de todos e fundamental ao desenvolvimento do país”.

Outros setores negam impacto no ES

Entidades como a Federação do Comércio (Fecomércio-ES), o Sindicato do Comércio Atacadista e Distribuidor do Espírito Santo (Sincades), a Federação das Indústrias (Findes), a Associação Capixaba de Supermercados (Acaps) e o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo (Sindipostos-ES) afirmam que estão monitorando as manifestações, mas garantem que ainda não há ameaça ao abastecimento dos produtos e serviços dos setores que representam no Estado.

Enquanto informações da Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e de Lubrificantes (Fecombustíveis) dão conta de que há postos sem combustíveis em alguns estados, como Minas Gerais, Pará, Distrito Federal, Goiás e Rio Grande do Sul, o Sindipostos assegurou que a situação no Espírito Santo ainda é de normalidade, principalmente na Grande Vitória, sem nenhum registro de desabastecimento.

Impactos dos bloqueios das rodovias foram apurados pela Findes para setores que possuem grande movimentação rodoviária, como o de rochas ornamentais e o de alimentos, mas a entidade alegou que isso “não gerou problemas de abastecimento em cadeias produtivas”.

A Findes acompanha a evolução dos bloqueios nas rodovias junto à Confederação Nacional da Indústria (CNI), a qual emitiu comunicado alertando “para o iminente risco de desabastecimento e falta de combustíveis, caso as rodovias não sejam rapidamente desbloqueadas” e confirmando impacto para as indústrias no escoamento da produção, além de impossibilidade do deslocamento de trabalhadores.

“As paralisações também já atingem o transporte de cargas essenciais, como equipamentos e insumos para hospitais, bem como matérias-primas básicas para as atividades industriais”, salientou a CNI em comunicado à imprensa. Conforme a entidade, 99% das empresas brasileiras usam as rodovias para transporte de sua produção.

Por enquanto, o estoque de contingência das redes de supermercados é suficiente para garantir que haja produtos nas prateleiras das lojas, segundo o presidente da Acaps, Fabio Dalvi. Ele afirmou que há registro apenas de algum atraso pontual na entrega de determinadas mercadorias, mas preferiu não mencionar quais. Ele não soube precisar até quando vai a garantia de abastecimento das lojas.

Posição similar foi manifestada pelo presidente da Fecomércio-ES e do Sincades, Idalberto Moro. “Acredito que como é uma pauta política e não um movimento da categoria, vá se dispersar em poucas horas. Pelo cenário atual, não há a mínima possibilidade de afetar o abastecimento”, especulou.

A Codesa (Companhia Docas do Espírito Santo), o TVV (Terminal de Vila Velha) e o Sindiex (Sindicato do Comércio de Exportação e Importação do Espírito Santo) também foram procurados pela reportagem, mas não se manifestaram.

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