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Cafezinho sobe 50% no ES em 2024; saiba por que alta deve continuar

Cafezinho sobe 50% no ES em 2024; saiba por que alta deve continuar

Grão moído teve alta de 50,84% ao longo de todo o ano passado, segundo dados do IPCA; previsão do mercado é de alta continuar até 2026 devido a variações no clima e conflitos internacionais

Publicado em 24 de janeiro de 2025 às 17:50

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Café especial
Café especial. (Sebrae/ES - Divulgação)

Quem gosta de café e tem o grão como rotina na lista de compras já deve ter percebido: o preço do cafezinho amargou ao longo de 2024. Só na Grande Vitória, o grão moído subiu 50,84% de janeiro e dezembro, segundo dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Mas não para por aí, pois a elevação do preço da bebida nas gôndolas deve continuar subindo até 2026. 

Os motivos que impactam no preço passam pelos eventos climáticos extremos, como as ondas de calor, que interferem nas propriedades da planta e na produção, falta de mão de obra, os conflitos geopolíticos que elevam os custos de logística e ainda restrições a respeito da lei antidesmatamento para exportar o produto para a Europa. 

Cafezinho sobe 50 por cento no ES em 2024 - saiba por que alta deve continuar
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Nos supermercados, o pacote com 1 quilo fechou o ano sendo comercializado, em média a R$ 42,65 no Brasil, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic). Em janeiro, o valor era R$ 29,62 (confira mais dados em tabela abaixo).

O café é a segunda bebida mais consumida no mundo e, mesmo com os preços elevados, a demanda vai continuar a aumentar. O presidente do Sindicato Patronal da Indústria do Café do Espírito Santo (Sincafé), Aildo Mendes Fonseca, destaca que o consumo interno segue em alta no Brasil, subindo 1% em 2024. E em outras regiões, como na Ásia, é ainda mais elevado, principalmente na Índia e na China, onde o aumento de consumo anual tem média de 17%.

O que contribuiu para o aumento do preço do café

"O café é uma cultura perene e não suporta muito essas elevação de temperatura, que provocam problemas de doenças e pragas, reduzindo a produção. A previsão de aumento de temperatura de até 1,5 grau nos próximos 10 a 15 anos acabam interferindo na propriedade da planta", explica Fonseca.

Para 2025, ele afirma que a expectativa é da produção ainda ser impactada que no ano passado, devido ao fato de haver mais probabilidade de ondas de calor. As mudanças climáticas acabam tendo mais efeitos no café arábica, visto que o conilon – maior produção no Espírito Santo – suportar mais o calor. Isso tudo vai continuar pressionado os preços pelo menos até 2026.

Para o engenheiro agrônomo Cesar Khroling, que é agente de desenvolvimento rural do Incaper em Marechal Floriano, o fator mais importante para a elevação dos preços não foi o clima e, sim, o gargalo de mão de obra. Ele frisou que, nos últimos 15 anos, o Brasil perdeu muitos hectares de plantação de café, devido à falta de trabalhadores.

A produção de café arábica no Brasil foi especialmente afetada pela seca de 2024, o que deve resultar em uma safra menor em 2025. O café conilon, por outro lado, foi menos afetado devido à irrigação e à sua maior resistência a altas temperaturas.

"Um dos fatores do aumento de preço de agosto de 2024 em diante foi a safra negativa do Brasil para arábica em 2025, porque os seis meses de seca que o Brasil teve foi avassalador para diminuir a safra deste ano, que era para ser alta. A produção foi afetada pelo déficit hídrico do solo acentuado", explica.

No Espírito Santo, as espécies de conilon tiveram melhor resultado na produção e até ganharam mais área. O engenheiro explicou que isso ocorreu devido ao fato de 90% desse tipo de café ser irrigado no Estado, além de suportar melhor altas temperaturas.

"E ainda os produtores do conilon têm conseguido uma produtividade maior por hectare, pois mecanizaram a mão de obra. Nas plantações do arábica, áreas de montanha, não é possível mecanizar por causa do relevo acidentado", detalha.

Recorde de produção

Em 2024, o Brasil bateu o recorde anual de exportação, com o embarque de 50,443 milhões de sacas a 116 países, aferindo incrementos de 28,5% na comparação com o ano anterior e de 12,8% frente ao maior montante antecedente, registrado em 2020, segundo dados do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé).

"Esse resultado foi puxado pelos embarques recordes das variedades arábica, que cresceram 20% ante 2023, e, principalmente, canéfora, que avançaram 98% no comparativo anual", destaca o presidente do Cecafé, Márcio Ferreira.

Ferreira explica que a performance histórica em volume e receita das exportações brasileiras reflete o cenário do mercado global, que vive momento de oferta restrita e a consequente elevação dos preços da commodity.

"Grandes produtores como Vietnã e Indonésia tiveram safras menores devido a adversidades climáticas. O Brasil, mesmo com uma colheita aquém do seu potencial, produziu o suficiente para honrar seus compromissos e, ainda, preencher a lacuna deixada pela falta de robusta dos concorrentes asiáticos. Com o consumo mundial se mantendo aquecido, foi natural o aumento dos preços e o crescimento dos ingressos com nossos embarques", analisa.

Consumo

Com a previsão dos preços se manterem elevados nas gôndolas ao longo do ano e também em 2026, o presidente do Sincafé orienta que os consumidores promovam algumas mudanças no consumo para minimizar o efeito dos preços mais elevados no dia a dia, ajustando seus hábitos para reduzir o desperdício.  

Ele lembra que muitas famílias acabam fazendo uma garrafa de café e acaba não tomando completamente, chegando a jogar até metade fora.

Aspas de citação

O consumidor precisa tentar fazer a dose certa que vai tomar porque é um produto que hoje realmente está mais caro, então dosar melhor pode ser uma alternativa. Tanto é que tem crescido muito a indústria de cápsulas

Aildo Mendes Fonseca
Presidente do Sincafé
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