Pessoas que estão com restrição de crédito, os chamados negativados, poderão pedir empréstimo de até R$ 1.000 a partir desta segunda-feira (28). O crédito, liberado pela Caixa Econômica Federal por meio do aplicativo Caixa Tem, é voltado para quem desempenha atividades ligadas à prestação de serviços.
Uma segunda linha de crédito, voltada para microempreendedores individuais (MEIs) que exerçam atividade produtiva com renda ou receita bruta anual de até R$ 360 mil, também foi liberada. Neste caso, o montante - que deve ser solicitado em agência -, pode chegar a R$ 3 mil.
O dinheiro deve ser usado no negócio, para aumento do capital de giro, compra de insumos ou investimentos em equipamentos e utensílios que favoreçam o aumento da produção, entre outras finalidades.
Para especialistas, as linhas de crédito, que integram o Programa de Simplificação do Microcrédito Digital, o SIM Digital, do governo federal, podem ser vantajosas por conta das taxas de juros, mas há ressalvas.
“Taxas em torno de 1,5%, até 1,9% são muito menores do que esses empreendedores devem estar pagando em outros ativos, empréstimos, cartão de crédito estourado, cheque especial, dívidas com fornecedores”, avalia o economista Marcelo Loyola Fraga.
Ele pondera que o microcrédito já deveria ter sido liberado há muito mais tempo, considerando o efeito devastador da pandemia sobre os pequenos negócios. E embora considere que os valores liberados estão bem abaixo do necessário por grande parte dos empreendedores, é vantajoso para suprir necessidades emergenciais.
“É vantajoso pegar para substituição de outro empréstimo, por exemplo, saindo de uma dívida com taxa de juros maior, ou para comprar algum equipamento que é fundamental para o negócio. Mas é um recurso que só deve ser solicitado se houver real necessidade.”
Para se ter ideia, em 2021, mais da metade da população (54%) precisou de dinheiro para alguma emergência, segundo a pesquisa Raio X do Investidor Brasileiro, realizada pela Associação Brasileira das Entidades do Mercado Financeiro e de Capitais (Anbima) em parceria com o Datafolha.
O ideal é que os empréstimos sejam limitados às emergências. Solicitar crédito somente porque é fácil solicitar, não é um negócio vantajoso. Uma taxa de 1,5% ao mês, por exemplo, em um ano, será equivalente a 18%, bem acima da inflação projetada para os próximos 12 meses.
“Precisamos avançar na educação financeira, tanto para ajudar as pessoas a se prepararem melhor para situações de emergência quanto para ensiná-las a identificar instrumentos de crédito que melhor se adequem a cada circunstância”, avalia Marcelo Billi, superintendente de Comunicação, Certificação e Educação de Investidores da Anbima.
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