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Calor deixa alimentos mais caros e afeta produção de ovos no ES

Calor deixa alimentos mais caros e afeta produção de ovos no ES

Altas temperaturas no Estado deixam preços de frutas, legumes e hortaliças mais altos que o normal; entenda

Publicado em 7 de março de 2025 às 17:55

Ícone - Tempo de Leitura 4min de leitura

O calor intenso registrado no Espírito Santo nas últimas semanas tem impactado diretamente os valores de alimentos sensíveis ao clima, como frutas, hortaliças e ovos. Índice de preços da Central de Abastecimento do Espírito Santo (Ceasa-ES) aponta que alguns produtos registraram aumento significativo, como o tomate e o mamão, principalmente. 

Além de mais caros, alguns itens também estão com oferta reduzida, como informa a Ceasa. A central destaca, ainda, que o mercado de produtos hortifrutigranjeiros é volátil e, por isso, não há previsão de estabilização dos preços.

Frutas e verduras
Preços de alguns alimentos estão mais altos por conta do calor. (Arquivo/Agência Brasil)

Em janeiro, o quilo do tomate longa vida custava R$ 2,25 na Ceasa. Já em fevereiro, o preço atingiu R$ 5,67, ou seja, mais do que dobrou de valor. O abacaxi e o mamão também registraram aumento. Já o quilo do alho-poró passou de R$ 8,70 para R$ 13,04 — uma alta de, aproximadamente, 49%.

Comparando os preços de janeiro e fevereiro, disponíveis no Boletim Diário de Preços da Ceasa-ES, é possível analisar uma variação no valor de oferta de outros alimentos do grupo de hortaliças e de frutas. Veja a seguir na tabela:

Calor deixa alimentos mais caros e afeta produção de ovos no ES

Outros itens muito procurados pelos consumidores, como cebola, cenoura, salsa, alface e beterraba, mantiveram-se estáveis em termos de preços, de acordo com os boletins de preços disponibilizados pelo Ceasa-ES.

Os alimentos que apresentaram uma redução significativa foram a laranja pera tipo 150, que teve uma queda de 54% em seu valor, passando de R$ 5,50 o quilo, há um mês, para R$ 2,50; e a goiaba, que chegou a custar R$ 4,99 o quilo em janeiro e agora pode ser encontrada por R$ 2,83 — redução de 43%.

Marlon Dutra, coordenador de Produção Vegetal do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), explica que a combinação de altas temperaturas e falta de chuvas prejudica a maioria das espécies vegetais, especialmente aquelas adaptadas a regiões de clima temperado. Essas espécies se desenvolvem em temperaturas mais amenas e baixas.

Ainda segundo Dutra, os produtores têm poucas opções para proteger suas lavouras das altas temperaturas. "É muito complicado, principalmente para as hortaliças, que são cultivadas em áreas extensas, com um grande número de plantas por hectare. O que se pode fazer é manter a irrigação, principalmente durante as horas mais frescas do dia, para minimizar o impacto das temperaturas mais altas nas plantas", explica. 

O pesquisador acrescenta que o setor de hortaliças, especialmente as folhosas, é o mais afetado pela elevação da temperatura. Segundo ele, esse grupo tem uma vida pós-colheita curta, o que significa que a continuidade do calor provocará uma quebra na produção.

Outro setor afetado

O setor de aves também vem sendo afetado pelas altas temperaturas. Tanto que o preço dos ovos quase dobrou no período de um mês. Em janeiro, o preço médio de uma caixa de ovos com 30 dúzias custava R$ 136 na Ceasa Grande Vitória. Em fevereiro, o valor médio da mesma quantia de ovos chegou a custar R$ 249.

Segundo Nélio Hand, diretor executivo da Associação dos Avicultores do Estado do Espírito Santo (Aves), o calor tem um impacto direto nas aves, causando estresse calórico nos animais. Esse problema afeta não apenas a produção de ovos, mas também resulta na perda da carne dos frangos.

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Isso acontece, principalmente, pela redução do consumo de ração e o aumento no gasto calórico, o que afeta a conversão alimentar do animal e o ganho de peso. Tudo isso, claro, depende da idade da ave e do tempo de exposição a essas altas temperaturas. Mesmo que existam equipamentos que amenizem o calor dentro dos galpões, no caso dos ovos, todo esse estresse acaba provocando a redução na produção pelas galinhas

Nélio Hand
Diretor executivo da Aves
Aspas de citação

Nélio acredita que a alta no preço dos ovos continuará nas próximas semanas. “Acabamos de entrar no período de Quaresma,  quando há maior consumo dessa proteína e há uma tendência de os preços se manterem aquecidos”, disse.

Prejuízos e cuidados

O engenheiro agrônomo Elídio Torezani explica como o calor excessivo afeta frutas, verduras e legumes. “As plantas enfrentam dificuldades para equilibrar a reposição de água, levando à desidratação e ao bloqueio do crescimento. Esse estresse térmico compromete a produção e reduz a qualidade dos alimentos, causando perdas financeiras significativas.”

O engenheiro destaca que, durante a irrigação, é essencial realizar um manejo eficiente para evitar desperdício de água e garantir a sustentabilidade. “É fundamental que os agricultores adotem tecnologias e práticas adequadas para lidar com as condições climáticas extremas e otimizar os recursos disponíveis”, aponta.

Em relação às aves, Nélio Hand explica que os galpões já contam com mecanismos para amenizar o calor, como sistemas de ventilação e climatização, proporcionando um ambiente mais confortável. No entanto, de acordo com o diretor, até mesmo esses sistemas podem ser insuficientes para lidar com as altas temperaturas atuais.

Impacto no bolso

O aumento nos alimentos tem impacto, principalmente, nas famílias de baixa renda, que recebem de um a três salários mínimos (de R$ 1.518 a R$ 4.554). De acordo com o economista Ricardo Paixão, cerca de 70% a 75% do orçamento familiar é destinado à alimentação. Com a alta dos preços, essa despesa é ainda mais comprometida.

Para minimizar os efeitos da alta dos alimentos, Paixão recomenda que as famílias priorizem a compra de produtos em feiras livres. "Os preços médios nas feiras livres são geralmente mais baixos do que nos supermercados", salienta.

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