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Câmara aprova seguro para União recompor perdas de Estados e municípios

Câmara aprova seguro para União recompor perdas de Estados e municípios

Texto, que segue para o Senado, prevê que o governo federal banque a diferença na arrecadação com ICMS e ISS diante da crise do coronavírus. Impacto nos cofres federais de R$ 89 bilhões é visto pelo governo como uma bomba fiscal

Publicado em 13 de abril de 2020 às 20:21

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Rodrigo Maia, presidente da Câmara
Rodrigo Maia, presidente da Câmara, articulou a aprovação do projeto. (Cleia Viana/Câmara dos Deputados)

Câmara dos Deputados aprovou na noite desta segunda-feira (13) o texto-base do projeto de socorro emergencial para Estados e municípios em meio à crise do coronavírus. O novo texto, apresentado na sessão virtual pelo relator Pedro Paulo (DEM-RJ), prevê a criação de um "seguro-receita" que garantirá que o governo federal reponha as perdas de arrecadação com impostos de Estados e municípios.

Sem a construção de um acordo com o governo e patrocinado pelo presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), o Projeto de Lei Complementar 149 foi aprovado por 431 votos favoráveis a 70 contrários (eram necessários 257 votos sim). Deputados ainda analisam destaques (alterações) antes de a proposta seguir para o Senado.

Trata-se de uma derrota para o governo. O texto prevê um impacto fiscal de R$ 89 bilhões, segundo o relator, valor menor que os R$ 222 bilhões da versão anterior do texto, mas mais que o dobro que o governo Jair Bolsonaro topava, que era de um socorro de até R$ 40 bilhões. 

A União pagará a diferença do que foi arrecadado pelos Estados e municípios, na comparação com 2019, arcando com as perdas arrecadatórias entre abril e setembro com o ICMS (imposto estadual sobre circulação de bens e serviços) e com o ISS (tributo municipal sobre serviços). Não será exigido o congelamento de salários como contrapartida, como queria a equipe econômica.

Maia afirmou que o seguro aos Estados vai garantir a recomposição nominal das perdas, e assim que a arrecadação voltar ao normal, essa recomposição será suspensa. Na avaliação do presidente da Câmara, só o governo federal pode fazer isso já que é o único ente que pode emitir dívidas. “Se a arrecadação era 100 e caiu para 70, o governo recompõe 30. Não vai dar mais, é uma recompensação nominal”, explicou.

Para facilitar a aprovação, foi retirada da proposta a permissão de abrir uma margem para que governadores se endividassem este ano e deixando uma brecha para que os recursos fossem usados em anos posteriores. 

Só esse trecho, que obrigava a União a garantir empréstimos mesmo de Estados com baixa capacidade fiscal, será retirado do projeto da Câmara, teria um impacto de aproximadamente R$ 55 bilhões.

O projeto também propõe a suspensão do pagamento de dívidas com o BNDES e bancos públicos até dezembro.

BOMBA FISCAL E AMEAÇA DE VETO

O governo federal deve atuar no Senado para alterar o projeto, segundo deputados da base aliada. Na avaliação da equipe econômica, a medida dará uma carta branca para Estados e municípios não controlarem seus gastos já que terão a arrecadação compensada. Para o ministro Paulo Guedes, trata-se de uma bomba fiscal.

Em confronto com deputados, o ministro afirmou a interlocutores que, caso o Senado aprove o mesmo pacote de socorro ampliado para Estados e municípios, vai pedir que Bolsonaro vete o projeto.

Segundo relatos, em reunião com sua equipe, o ministro disse que conversou com Bolsonaro e ele está disposto a usar seu poder de vetar dispositivos aprovados pelo Legislativo, caso seja necessário.

Ilustração: Paulo Guedes, que já tinha nas mãos o abacaxi da crise não superada, agora tem um pepino enorme pela frente:
Ilustração: Paulo Guedes, que já tinha nas mãos o abacaxi da crise não superada, agora tem um pepino enorme pela frente: "de onde tirar dinheiro para enfrentar o coronavírus?". (Amarildo)

Inicialmente, o governo apresentou um plano de ajuda aos governos regionais com impacto de R$ 88 bilhões, incluindo repasses diretos, liberação de crédito e suspensão de dívidas.

O pacote incluía o chamado Plano Mansueto, que permitiria ajuda aos Estados em troca de medidas de ajuste fiscal, como corte de despesas e privatizações. Agora, a ajuda econômica prevista no novo texto virá sem exigir medidas de controle de gastos, enterrando a proposta anterior.

* Com agências

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