A versão anterior da reportagem utilizava o número totais de domicílios e o número total da população do Espírito Santo enviado pelo IBGE. Mas o órgão informou nesta quinta-feira (29) que a proporção de moradores por domicílio considera apenas imóveis ocupados e pessoas que moram em algum imóvel. Com isso, os dados ficam diferentes. Diante disso, fizemos a correção.
Com crescimento mais lento do que o esperado, a população do Espírito Santo lida ainda com outro fenômeno: o encolhimento das famílias. Hoje, segundo dados do Censo 2022 divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta quarta-feira (28), o número médio de habitantes por domicílio no Estado não chega a três.
Na média geral, são 2,67 habitantes por domicílio, considerando o número de domicílios permanentes ocupados (1.428.660) e de moradores, estimado em 3.807.835 em 2022. No censo anterior, de 2010, o número médio de moradores por domicílio chegava a 3,19.
Na definição do IBGE, domicílios são locais estruturalmente separados e independentes, destinados a, ou utilizados para habitação.
Em 35 municípios capixabas, a média de habitantes por domicílio chega a ficar abaixo da média estadual. Em Vitória, por exemplo, equivale a 2,51 – o patamar mais baixo entre as cidades do Espírito Santo. São 322.254 habitantes, para 128.617 lares.
Na outra ponta, Sooretama, com a população estimada em 26.464, tem 2,88 habitantes por domicílio, sendo a média mais elevada, segundo os dados preliminares do Censo 2022.
Além de a média estadual ter encolhido em relação ao último levantamento do IBGE, também é inferior à média nacional, de 2,79 moradores por residência, embora o país também enfrente redução no número de pessoas por moradia.
O professor Ednelson Dota, do Departamento de Geografia da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), afirma que há vários elementos que explicam esses dados. E acrescenta que, enquanto a dinâmica do setor imobiliário tem certo peso, também há outros componentes que devem ser considerados.
“Há mudanças na composição das famílias. Há pessoas morando sozinhas por mais tempo ou simplesmente morando sozinhas, tendo menos filhos", aponta Ednelson.
De fato, em 2022, o número de domicílios com somente um morador no Espírito Santo alcançou o maior patamar desde 2016, quando o IBGE passou a divulgar os dados, por meio da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua Anual. No ano passado, havia 219 mil pessoas morando sozinhas no Estado. Seis anos antes, eram 201 mil. O número domicílios com dois moradores também saltou no período, saindo de 343 mil para 421 mil – um avanço de 22,74%.
O especialista observa, entretanto, que, a depender do lugar e do contexto, pode ser uma realidade bem diferente. "Estávamos realizando uma pesquisa em bairros da Grande Vitória. Naqueles de periferia, há domicílios com muito mais pessoas, até pela própria condição econômica. Há pessoas que até gostariam de morar sozinhas, ou viver apenas como casal, mas a situação financeira não permite”, relata o professor.
Em alguns casos, Ednelson também lembra que, mesmo com o encolhimento, há domicílios estendidos, em que outras pessoas moram junto da família principal, para conseguir arcar com as despesas.
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