O litoral Norte do Espírito Santo foi uma das regiões de destaque devido ao crescimento populacional apontado no Censo 2022, divulgado nesta quarta-feira (28) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Cidades como Aracruz, Linhares, São Mateus e Jaguaré estão entre as que mais cresceram no Estado em números percentuais. Da lista, Linhares teve o maior aumento de moradores, com 18,2%, passando de 141.141 para 166.786 habitantes. Em seguida, aparece Jaguaré, com aumento de 17,2% da população (24.678 para 28.931).
Aracruz viu o número de habitantes na cidade aumentar 15,8%, saindo de 81.832 para 94.765 em 12 anos. E São Mateus apresentou ritmo um pouco menor, de 13,3% de aumento (109.193 para 123.750).
Mas o que explica o crescimento acentuado dessa faixa do litoral Norte do Espírito Santo? Especialistas falam que a forte industrialização na região e instalação de portos foi um dos principais fatores que atraíram novos moradores para a região.
Linhares, cidade líder em crescimento, foi uma das que mais receberam plantas industriais na última década, mesmo período avaliado pela pesquisa do IBGE.
O professor e demógrafo Ednelson Mariano Dota, do Departamento de Geografia da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), destaca que um dos fatores que ajudaram no crescimento da economia bem como da população nessa área do Norte capixaba foi o ingresso da região na área da Sudene (Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste).
“Quando a gente pensa num litoral como um todo, isso está relacionado à própria concentração de estrutura produtiva do Estado. Temos a BR 101 cortando todo o litoral e uma área plana e propícia para a instalação de empresas e para o escoamento de produtos. No caso do Norte, nós temos a Sudene, que que trouxe muitas empresas nessa década de 2010 e influenciou muito no crescimento econômico desses municípios”, lembra.
A economista Arilda Teixeira, que é professora da Fucape, reforça que o crescimento do Norte capixaba se dá pela região pertencer à área da Sudene — cujo foco é o desenvolvimento do Nordeste, que, por ser uma região menos favorável à agricultura, tem programa especial de sustentação com incentivos para diminuir a desigualdade.
"Vejo isso como um mérito, porque foi para isso que a Sudene foi constituída. A região (Norte capixaba) está cumprindo o papel dela e sabendo aproveitar os benefícios, formando um círculo virtuosos com essa ajuda. E parece também estar encontrando empresários e empreendedores dispostos", afirma.
Mas a professora ressalta que é importante aproveitar os incentivos e o desenvolvimento para continuar crescendo e ter mais fôlego de mercado para seguir sozinho, sem precisar depender da ajuda do Estado.
O diretor-presidente do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), Pablo Lira, destaca que a Região Norte do Espírito Santo é uma área que continua em crescimento, tendo em vista que está previsto, em investimentos para a região de Linhares, por exemplo, R$ 3,3 bilhões até 2026. Aracruz, no mesmo período, deve receber R$ 5,3 bilhões em investimento.
"Aconteceu muita coisa nessa última década nesses municípios, bem como em São Mateus. De 2010 para cá, teve a instalação da WEG, da Volare, de fabricação de motores elétricos de ônibus, da Itatiaia, fábrica de café solúvel, além do Estaleiro Jurong em Aracruz e o porto da Imetame", destaca.
Lira frisa ainda a importância da recente entrega do aeroporto de Linhares para o dinamismo econômico da região. Para ele, todos esses fatores tendem a atrair ainda mais fluxos populacionais para a porção norte do Estado.
O economista Orlando Caliman destaca que o crescimento populacional na região também acompanha os números apresentados pelo Produto Interno Bruto (PIB), com auxílio das indústrias instaladas em Linhares e a chamada de investimentos que também foi para São Mateus.
Segundo dados do IBGE, de fato, Linhares teve forte aumento no PIB per capita no período, passando de R$ 23.160 em 2010 para R$ 37.766 em 2020, o que representa ganho de 63%. E São Mateus passou, no mesmo período, de R$ 11.630 para R$ 19.404, aumento de 66%.
Caliman lembra ainda que a parte norte do Estado também recebeu migração forte de população do Sul da Bahia, principalmente da região do cacau, quando a produção teve queda.
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