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Cesan quer sócio privado para disputar concessões até fora do ES

Cesan quer sócio privado para disputar concessões até fora do ES

Foram contratados estudos para definir modelo que permita empresa ampliar investimentos e área de atuação. Venda de parte das ações da companhia é uma das possibilidades analisadas

Publicado em 26 de outubro de 2020 às 11:47

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Estação de tratamento de água da Cesan em Venda Nova do Imigrante
Estação de tratamento de água da Cesan em Venda Nova do Imigrante. (Cesan/Divulgação)

governo do Estado quer buscar um sócio privado para a Companhia Espírito Santense de Saneamento (Cesan) conseguir ampliar investimentos e expandir sua atuação para mais municípios, inclusive para fora do Espírito Santo. O primeiro passo foi a contratação de uma empresa que fará estudos sobre possíveis modelos para a atração de investidores.

As alternativas ainda serão analisadas, mas uma das possibilidades é vender parte das ações da companhia, como afirma o governador Renato Casagrande, desde que seja mantido o controle do Estado sobre a empresa. Outra opção que deve ser estudada é a de buscar empresas para formar consórcios com a estatal capixaba para disputar leilões de concessão de serviços de saneamento em novas cidades. 

Segundo Casagrande, o estudo ainda está na fase inicial. "Estamos abertos a todas as alternativas. Pode ser venda de parte da empresa, ter um sócio privado, disputar novas concessões associada a outras empresas... são varias possibilidades. Mas ainda não sabemos o que será. O estudo que vai apontar o modelo ideal", explica.

O governo, no entanto, ainda não estipulou um prazo para tomar a decisão e iniciar essa estratégia. "O que a gente quer é atrair outras empresas para ampliar nossa capacidade de investimento em saneamento. A Cesan já tem uma carteira grande de investimentos, mas vamos precisar de mais recursos. Então a empresa precisa se colocar com eficiência no mercado, e com isso também poderá participar de licitações de outros municípios".

Hoje 25 cidades do Estado comandam o próprio saneamento. Pelas novas regras federais, os governos municipais que não privatizarem vão perder recursos. Essas normas abrem oportunidade para que a companhia estadual possa ocupar o lugar de concessionária nessas regiões.

As prefeituras poderão formar blocos e fazerem o leilão. Como, atualmente, no mercado os serviços de tratamento de água e esgoto têm sido vistos como investimentos interessantes para o capital privado, os editais devem atrair uma grande concorrência. Para não perder espaço em casa, a Cesan quer se tornar mais competitiva.

O diretor presidente da Cesan, Carlos Aurélio Linhalis (Cael), afirma que a companhia "está preparada para expandir sua atuação dentro e para fora do Espírito Santo". Cael lembra que o novo marco legal do saneamento básico, sancionado em julho, permite que empresas do setor atuem em outras regiões ainda que sejam estatais, o que fez a expansão para novos mercados se tornar "uma possibilidade real" para a companhia capixaba.

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Demos o primeiro passo que é a contratação de uma empresa para fazer um estudo da melhor modelagem para atrair capital privado, mantendo o controle estatal, trazendo um conceito que permita a expansão geográfica, a implementação de novas práticas de gestão, mais celeridade e maior efetividade na implementação do saneamento

Carlos Aurélio Linhalis (Cael)
Diretor presidente da Cesan
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Cael destaca que a companhia de saneamento hoje é rentável e que possui uma governança corporativa rigorosa, o que facilita na atração de investidores. Em pesquisa recente da revista Isto É Dinheiro, por exemplo, a Cesan foi apontada como a empresa pública de saneamento com melhor sustentabilidade financeira do país.

Com patrimônio líquido de R$ 2,7 bilhões e baixo endividamento, em 2019, a Cesan viu sua receita operacional crescer 7,2% em relação à registrada em 2018 e apresentou lucro líquido de R$ 192,7 milhões, um acréscimo de 0,5% em relação ao ano anterior. São números que, para a companhia, demonstram uma gestão voltada para geração de resultados positivos e foco em agregar valor ao seu patrimônio, de seus acionistas e da sociedade. O governo do Estado detém 99,77% das ações da empresa.

PPPs VÃO CONTINUAR

Renato Casagrande:
Renato Casagrande: "a regra é a não participação, mas toda regra tem exceção". (Hélio Filho/Secom)

Para além da possibilidade de ter um sócio privado junto a Cesan, o governo também vai seguir com Parcerias Público-Privadas (PPPs) para alcançar a universalização da coleta de esgoto no Estado, um desafio imposto pelo novo marco do saneamento, que determina que isso seja feito até 2033.. A companhia já divulgou que vai investir R$ 2,1 bilhões em obras para universalizar os serviços de água e esgoto.

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Em primeiro lugar na área de saneamento nós vamos avançar com as PPPs. Começamos a estudar uma que vai abranger cidades do Litoral Sul capixaba. Isso é um tipo de medida para aumentar a nossa capacidade de investimento em saneamento que nós já temos tomado e que queremos avançar

Renato Casagrande
Governador
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Cael, da Cesan, reforça: "As PPPs têm se mostrado eficazes". Segundo ele, o Estado já tem "dois bons exemplos nos municípios da Serra e de Vila Velha e agora, a recém-licitada de Cariacica, cujo contrato deve ser assinado ainda em 2020 e o início das obras já no próximo ano. Essas parcerias também podem ser estruturadas para atender outras regiões".

leilão do saneamento de Cariacica foi realizado na terça-feira (20) e foi vencido pela Aegea, empresa que já atua em Vila Velha e na Serra. Com a terceira PPP na Grande Vitória, o governo do Estado prometeu o fim do lançamento de esgoto na Baía de Vitória até 2030.

Após o leilão, o governador Renato Casagrande declarou para a colunista Beatriz Seixas que foram iniciados estudos para uma nova PPP de saneamento no Litoral Sul capixaba e que, se municípios da região que possuem serviço autônomo fizerem nova licitação, a Cesan vai entrar na disputa. Durante o evento, Casagrande afirmou ainda que a Cesan prepara a concessão da Estação de Tratamento de Esgoto de Camburi, que fica na área do Aeroporto de Vitória. 

Em 2019, a Cesan renovou 17 concessões dos 52 municípios atendidos pela companhia no Estado, totalizando 40 renovações contratuais, incluindo Vitória. Também foi firmado contrato com o município de Aracruz para atender à orla do município com serviços de abastecimento de água e coleta e tratamento do esgoto, expandindo a atuação da empresa para 53 cidades capixabas.

VENDA DE AÇÕES DA CESAN JÁ FOI ENSAIADA EM PASSADO RECENTE

Não é de hoje que o governo do Estado busca sócios para ampliar as operações da Cesan. Em dezembro de 2015, a Assembleia Legislativa aprovou um projeto enviado pelo então governador Paulo Hartung que permite a abertura de capital da companhia. Pela lei, a empresa poderia vender as ações para uma empresa que deveria ter obrigatoriamente o FGTS e uma empresa de saneamento como sócios. A operação autorizava vender até 49% das ações. Na época, a Cesan passava por sérias dificuldades como queda na receita e uma crise hídrica sem proporções no Estado.

Em 2016, o negócio quase foi fechado negócio. O governo iria vender parte da companhia para o FI-FGTS (um fundo de investimentos administrado pela Caixa que aplica recursos do FGTS em projetos de infraestrutura), que aportaria na Cesan cerca de R$ 400 milhões à época. Seria realizado um leilão na Bolsa de Valores de São Paulo para escolher a empresa privada, que deveria entrar com, pelo menos, mais R$ 100 milhões. 

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No entanto, o projeto de aumento de capital que ainda poderia culminar em um IPO (oferta pública de ações em bolsa) ou mesmo numa privatização não foi para frente. Após meses de negociação, a Caixa chegou a confirmar a entrada no negócio, mas desistiu. Primeiro a transação foi sendo adiada, depois o banco acabou anunciando que iria aplicar os recursos do FGTS no mercado de capitais e em empresas com mais regulação.

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