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Cidades querem indenização de ferrovia abandonada no ES para investir em turismo

Cidades querem indenização de ferrovia abandonada no ES para investir em turismo

Grupo formado por 11 municípios por onde passa o trecho Vitória-Itaboraí, conhecido como ferrovia Leopoldina, pede parte do valor pago à União da devolução do trecho

Publicado em 15 de outubro de 2024 às 21:04

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Matéria especial sobre ferrovias
Estação de Vargem Alta da Ferrovia Leopoldina. (Fernando Madeira)

No processo de renovação da concessão da Ferrovia Centro-Atlântica (FCA), controlada pela VLI, que está em fase de audiências públicas, há a previsão da devolução do trecho abandonado entre Itaboraí (RJ) e Vitória (ES). A linha férrea passa pelo Sul do Espírito Santo até chegar à Capital, totalizando 565,35 km.

Na audiência pública realizada em Vitória, nesta terça-feira (15), pela Agência Nacional dos Transportes Terrestres (ANTT), o deputado federal Gilson Daniel destacou que tem discutido com a União a devolução imediata do trecho da ferrovia no Espírito Santo, que passa por 11 municípios, para viabilizar projetos de turismo previstos para a região.

O contrato está previsto para terminar em 2026, e a proposta prevê a extensão da vigência por mais 30 anos, com investimentos de quase R$ 24 bilhões. Na devolução dos trechos, inclusive o que passa pelo Estado, também está previsto o pagamento de indenização pela VLI de R$ 3,6 bilhões. Entre os pedidos feitos na audiência pública está a destinação de recursos da indenização para viabilizar os projetos à beira da ferrovia Leopoldina.

Também há a expectativa de utilização do trecho que será devolvido para ser parcialmente aproveitado no projeto da EF-118, que vai ligar Vitória ao Rio de Janeiro e já tem planejamento de parte da extensão apresentado.

Cidades querem indenização de ferrovia abandonada no ES para investir em turismo

“Queremos incluir na ata da audiência a possibilidade dos recursos da indenização ficarem parte no nosso Estado para que possam ser destinados para Leopoldina para infraestrutura do turismo nos 11 municípios impactados diretamente com essa ferrovia. O pedido da devolução imediata é para os municípios já possam atuar no cuidado dos trilhos. Também vamos trabalhar para que o investimento chegue até a EF 118”, destacou Gilson Daniel na audiência pública.

O prefeito de Vargem Alta, Elieser Rabello, responsável pelo projeto na Associação dos Municípios do Espírito Santo (Amunes), destacou na audiência que o objetivo de assumir os trechos é recuperar o desenvolvimento dos municípios. Entre os projetos pensados para o turismo, ele destacou que está sendo avaliada, futuramente, a recuperação do transporte de passageiros com veículos sobre os trilhos para o turismo e a economia das cidades.

"Como houve dilapidação do patrimônio, é muito importante que essas indenizações possam estar voltadas para a recuperação desta malha e também a devolução possa estar sendo feita sem as invasões que houveram. Que essas obrigações possam estar colocadas para que nós possamos não pegar esse ônus de desapropriação. Precisamos da devolução com o patrimônio desimpedido", disse.

A audiência pública realizada em Vitória contou com a participação do diretor da ANTT, Guilherme Theo Sampaio, do superintendente de Concessão da Infraestrutura, Marcelo Fonseca, do ouvidor Robson Crepaldi e do representante do Ministério dos Transportes Leandro Vargas.

O vice-governador e secretário de Desenvolvimento, Ricardo Ferraço (MDB), apresentou os projetos e investimentos do Espírito Santo para fortalecer o setor portuário, principalmente na região de Aracruz, podendo ser conectados com a ferrovia.

E defendeu, durante a reunião, que, embora a renovação da concessão não esteja em território capixaba, acaba impactando fortemente a realidade no Espírito Santo. Isso porque o Corredor Leste é a única conectividade que o Estado tem da Estrada de Ferro Vitória a Minas com o Triângulo Mineiro e as regiões de Goiás, áreas que podem atrair cargas para o Estado. 

Na discussão dos investimentos previstos para a companhia para ter o seu contrato renovado, Ferraço destacou que 93% dos investimentos sinalizados para renovação estão em material rodante, que são locomotivas e vagões, e frisou que não há destinação de recursos previstos em infraestrutura para que se possa melhorar a eficiência da ferrovia. 

Na sessão pública, que contou com a manifestação de mais de 60 inscritos, integrantes do setor produtivo e entidades apresentaram propostas para o tema, como o já conhecido projeto de contorno da Serra do Tigre, para ligar a região central do Brasil e Triângulo Mineiro ao Espírito Santo, garantindo mais velocidade na entrega de cargas. Em muitas das propostas, foi cobrada a construção de terminais de captação de carga de forma pulverizada e ainda o investimento do valor da indenização da devolução de trechos na própria malha. 

Ferrovia em Argolas, Vila Velha(Fernando Madeira)

O que está previsto no projeto nas cidades

O plano é transformar a ferrovia em um grande atrativo turístico, contribuindo para o desenvolvimento econômico e cultural da região. O trecho de 257 quilômetros da Ferrovia Leopoldina no Espírito Santo conecta 11 municípios: Vila Velha, Cariacica, Viana, Domingos Martins, Marechal Floriano, Alfredo Chaves, Vargem Alta, Cachoeiro de Itapemirim, Atílio Vivácqua, Muqui e Mimoso do Sul.

Na segunda-feira (14), a Secretaria de Estado do Turismo (Setur) formalizou o pedido de devolução antecipada da concessão da ferrovia, para revitalizar a estrutura. A devolução dessa concessão é vista como um passo essencial para a revitalização da ferrovia, com grande potencial para impulsionar o turismo e o desenvolvimento local.

A Setur prevê a reutilização de trechos desativados para criar espaços multifuncionais. Entre as propostas em estudo estão a construção de ciclovias e trilhas para caminhadas, a conversão de vagões em bistrôs temáticos para promover a culinária local, a transformação de estações em museus e centros culturais, além da instalação de mirantes e parques lineares. 

O secretário de Turismo, Philipe Lemos, destacou a importância da assinatura do documento: "A formalização desse pedido é decisiva para o futuro da Ferrovia Leopoldina. A assinatura do documento demonstra o comprometimento do governo do Estado e dos municípios em garantir que essa infraestrutura histórica seja devolvida ao nosso controle. Agora, estamos mais próximos de transformar a ferrovia em um polo de turismo e lazer, que vai beneficiar a comunidade e a economia local", afirmou Lemos.

O encontro contou com a presença do secretário de Estado do Turismo, Philipe Lemos; do deputado federal Gilson Daniel; do prefeito de Vargem Alta, Elieser Rabello, responsável pelo projeto na Associação dos Municípios do Espírito Santo (Amunes); além de representantes das prefeituras envolvidas e dos executivos da VLI, Anderson Abreu e Fernando Kunsch, empresa que atualmente administra a ferrovia.

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