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Com a garantia da desoneração, setores preveem novas contratações

Com a garantia da desoneração, setores preveem novas contratações

Ao todo, 17 segmentos da economia serão beneficiados com a medida; construção civil, indústria têxtil e tecnologia da informação devem impulsionar a abertura de vagas

Publicado em 6 de novembro de 2020 às 05:01

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pedreiro
Construção civil deve contratar cerca de 5 mil trabalhadores no ES. (Pixabay)

prorrogação da desoneração da folha de pagamento deve abrir milhares de novas oportunidades de emprego no Espírito Santo até o final de 2021. As chances devem ser criadas em cargos de vários níveis de escolaridade e em segmentos como  construção civil, indústria têxtil, call center e tecnologia da informação, que já começaram a se recuperar da crise provocada pelo novo coronavírus.

Somente na construção civil, a expectativa é que sejam criados entre 4 mil e 5 mil novos empregos direitos. De acordo com o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Espírito Santo (Sinduscon-ES), Paulo Baraona, o setor já estava em recuperação desde 2019, depois de amargar cinco anos de queda.

“Os imóveis voltaram a ficar atrativos para os investidores. Somado a isso, a desoneração da folha vai criar mais segurança para que as empresas mantenham os postos de trabalho, pensem em novos empreendimentos e abram novas oportunidades no próximo ano. Apesar da crise da Covid-19, não houve muitos desligamentos, pois o setor já vinha de um crescimento do ano anterior”, comenta. A  construção civil chegou a ter, em 2012, 75 mil trabalhadores diretos, mas esse número caiu para 35 mil há cinco anos, quando o segmento atravessou uma forte crise. Hoje, são cerca de 40 mil trabalhadores.

Na última quarta-feira (4), o Senado aprovou a manutenção do dispositivo até o final do ano que vem. Os parlamentares haviam aprovado a matéria em junho, mas ela foi vetada pelo presidente Jair Bolsonaro em julho. A pauta retornou ao Congresso Nacional e os parlamentares derrubaram o veto.

A desoneração da folha terminaria no final de 2020. O incentivo tem como objetivo ajudar na recuperação da economia e evitar o fechamento de postos de trabalho. Ao todo, são 17 setores beneficiados e, no Estado, cerca de 85 mil empregos serão preservados com a medida. 

Os segmentos de confecção, vestuário e a indústria têxtil foram bastante impactados pela pandemia no novo coronavírus e registraram muitas perdas de vagas, mas com a retomada da economia já demonstram sinais de melhora. Apesar das incertezas provocadas pela doença, a ampliação da isenção tributária foi comemorada por esses setores.

O presidente do Sindicato das Indústrias do Vestuário de Colatina (Sinvesco), Paulo Vieira, afirma que o setor registrou uma recuperação forte nos últimos meses, principalmente motivada pelas vendas de Natal e a alta do dólar.  Além disso, as indústrias já programam as vendas das coleções de outono-inverno, que vão começar a ser entregues para os lojistas em fevereiro.

“Com certeza, haverá novas contratações nos próximos meses, até para recuperar o postos de trabalho perdidos durante a pandemia. Há 10 anos, eram 20 mil trabalhadores e hoje são 13 mil. A expectativa é que seja recuperada parte dessa mão de obra, mas ainda é cedo para precisar quantos serão contratados. Estamos confiantes nessa recuperação”, destaca Vieira.

Ainda no ramo de confecções, as vendas de Natal devem impulsionar a retomada do comércio. E as contratações já começaram. A expectativa, segundo o presidente da Câmara de Vestuário, José Carlos Bergamin, é que sejam contratados 3 mil trabalhadores temporários para reforçar as equipes de vendas, o mesmo quantitativo de 2019.

“A previsão é que o faturamento seja igual ao do ano passado. A desoneração da folha deve impulsionar as novas contratações daqui para frente”, comenta.

Na opinião do diretor das associações de Avicultores e Suinocultores do Espírito Santo, Nélio Hand, se o dispositivo não tivesse sido prorrogado iria gerar ainda mais dificuldade para o setor, que passa por um momento delicado, principalmente pela alta dos insumos, como milho e farelo de soja, utilizados na alimentação dos animais. A alta desses itens foi de 70% e 100% em um ano, respectivamente.

“A desoneração vai assegurar as vagas existentes e permitir que a indústria se planeje para ampliar a produção. Hoje, temos uma capacidade de produção ociosa, justamente por conta do custo da matéria-prima. Com a situação regularizada, podemos ampliar o número de contratações”, afirma. A avicultura e a suinocultura no Estado respondem por 30 mil postos de trabalho diretos.

Um segmento que está em alta há vários anos e que se mantém aquecido é o da tecnologia da informação. A diretora administrativa e financeira da Arco Informática, Carla Cristine de Souza Borges, conta que a empresa precisou contratar profissionais durante a crise para atender clientes interessados em desenvolvimento de sites e páginas de e-commerce.

“Para 2021, se continuar no ritmo que está hoje, as contratações devem continuar. Não sofremos com a crise, pelo contrário. Contratamos quatro profissionais durante a pandemia e nos próximos meses deveremos abrir novas vagas.  No entanto, o nosso problema maior é a falta de mão de obra qualificada para atender o setor”, avalia.

Além dos setores já citados, a consultora de departamento pessoal da Rhopen, Alexandra da Silva Machado, aponta o segmento de transporte de cargas como um dos responsáveis pelo grande volume de novas contratações. Isso se deve, segundo ela, ao aumento no número de entregas.

“Oriento que o empresário faça as contas para saber as vantagens dessa desoneração. A tendência é que a economia dessa isenção seja estendida para a contratação de mão de obra”, destaca.

Para a especialista em carreira Gisélia Freitas, o mercado de trabalho voltou a ficar aquecido com a abertura de novas vagas de emprego. Dentro dessas oportunidades, ela avalia que estarão em alta as áreas de recursos humanos (gestão de pessoas e departamento pessoal) e financeiro (controladoria, auditoria e contabilidade).

SETORES BENEFICIADOS COM A DESONERAÇÃO DA FOLHA

O incentivo tributário, adotado no governo Dilma Rousseff (PT), permite que empresas possam contribuir com um percentual que varia de 1% a 4,5% sobre o faturamento bruto, em vez de 20% sobre a remuneração dos funcionários para a Previdência Social (contribuição patronal). A medida representa uma grande diminuição no custo de contratação de mão de obra.  Veja os segmentos da economia que contam com o incentivo e continuarão em 2021:

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